O comércio puxou o maior número de fechamentos de postos de trabalho no Estado no 1° semestre. (Foto: Natinho Rodrigues) |
Com
influência do encolhimento no número de empregos em setores historicamente
estratégicos para o Ceará como a indústria de transformação e o comércio, o
Estado encerra o primeiro semestre de 2019 amargando a perda de 6.994 postos de
trabalho no mercado formal. Somente em Fortaleza são 4.883 postos a menos no
período, de acordo com dados divulgados ontem (25) pela Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho do Ministério da Economia por meio do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged).
No
comércio, de janeiro a junho, foram perdidas 4.704 vagas de trabalho, número
que decorre de 43.228 admissões e 47.932 desligamentos. Também foram
penalizados pela recessão econômica os empregos na construção civil, com 4.278
vagas formais a menos. A indústria de transformação aparece logo em seguida na
lista com 1.985 postos. Juntos, os três segmentos acumulam perdas de 10.967
empregos formais no período.
Para
o analista de Mercado de Trabalho do Sistema Nacional de Emprego do Instituto
de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Mardônio Costa, os resultados
observados especialmente no comércio e na indústria de transformação no Estado
refletem a forte retração no consumo. “Com isso, a capacidade de produção das
indústrias fica ociosa. O nível de investimento é baixo”, explica o analista.
Costa
reforça que a estimativa inicial de crescimento da soma de riquezas produzidas
pelo País, o Produto Interno Bruto (PIB), era de 2,5% no início do ano e,
conforme o último relatório divulgado pelo Banco Central, na segunda-feira
(22), despencou para 0,82% – que representou uma alta de 0,01% ante a semana
anterior, a primeira após vinte reduções consecutivas na projeção do mercado.
“Nós
temos, no Ceará, 467 mil desempregados. Isso afeta a disposição ao consumo. A
indústria têxtil e a indústria de calçados estão sofrendo justamente porque
esses itens estão ficando em segundo plano”, explica o analista. Conforme os
números do Caged, os dois segmentos foram responsáveis por perdas de 765 postos
e 1.962 postos de trabalho formal no primeiro semestre, respectivamente.
Serviços
Na
outra ponta, os serviços evitaram uma deterioração ainda maior do estoque de
empregos no Estado. De janeiro a junho, foram 4.575 postos de trabalho com
carteira assinada criados, segundo o Caged.
O
analista de Mercado de Trabalho do Sine/IDT lembrou ainda que, ao passo que os
números do mercado de trabalho formal retraem, o crescimento da informalidade e
da subutilização (quando o empregado trabalha menos em relação ao que tem
disponibilidade para exercer) aponta para uma recuperação da economia ainda
distante. “O nível de informalidade no Ceará chega a 55% da população ocupada
no Estado, enquanto, no Brasil, esse número chega a 45%”, lamenta Costa.
Recessão
Uma
economia anêmica há pelo menos sete anos é a correnteza contra a qual o poder
público segue lutando contra, amparado na atração de investimentos, na
avaliação do titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho
(Sedet), Maia Júnior.
Ele
também lamenta que a indústria têxtil e de calçados esteja entre as mais
apenadas com a redução nos postos de trabalho formais, conforme apontam os
dados do Caged, mas destaca a geração de empregos em outros segmentos, entre os
quais o de energias renováveis.
“Nós
captamos algumas empresas do início do ano para cá e trabalhamos o crescimento
das energias alternativas, com empresas como a Aeris e a Vestas (ambas de área
de energia eólica), que iam ofertar 1.200 vagas e agora já falam em ofertar
1.600 vagas de trabalho”, ressalta Maia Júnior. De acordo com ele, uma das
estratégias é continuar buscando recuperar esses segmentos da indústria diante
da crise. “Nossa produtividade é muito baixa”, lamenta.
Perspectiva
Com
um olhar para o futuro, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho
destaca os resultados positivos do setor de serviços, com destaque para o
turismo, além do ramo agropecuário, responsável por 348 novos postos em junho,
apesar de acumular perdas de 966 vagas de trabalho nos últimos seis meses. Diário do Nordeste
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