Os artesãos ligados ao Centro Mestre Noza negociam as peças diretamente com os consumidores. (FOTO: ANTÔNIO RODRIGUES) |
Mais
espaço para circulação, acessibilidade, galerias organizadas. O Centro de
Cultura Popular Mestre Noza, em Juazeiro do Norte, está de cara (e casa) nova,
após um ano de reforma. Além das melhorias estéticas e funcionais, as
estruturas hidráulica e elétrica também foram refeitas. O espaço, que, há quase
quatro décadas, abriga e forma escultores em madeira, barro, metal e outras
tipologias de artesanato, foi reinaugurado na última quinta-feira (25).
Os principais ganhos para os artesãos,
com a volta do equipamento, são o retorno econômico e a visibilidade. No total
foram investidos R$ 241 mil na obra.
No período em que o Centro Cultural
esteve fechado, os artesãos ficaram provisoriamente no Centro Multiuso, mas o
local não dava a mesma visibilidade que o prédio de origem, o antigo quartel,
em pleno Centro de Juazeiro do Norte. Beto Soares, que esculpe em madeira há 32
anos, acredita que as vendas diminuíram 40% com a mudança. "Era difícil.
Espaço a gente tinha e estacionamento também. Ruim era o acesso. O turista
chegava aqui, via as portas fechadas e ficava perdido porque não tinha nenhuma
identificação", lembra.
Por causa disso, a Associação dos
Artesãos do Padre Cícero, que administra o Centro Mestre Noza, teve acesso a um
novo espaço, em junho do ano passado, dentro do Cariri Garden Shopping. O
espaço, cedido pelo Governo do Estado do Ceará, minimizou o problema da falta
de visibilidade. "Era uma fonte de renda para nós. Ela estava cobrindo
essa necessidade", afirma Beto. A parceria será renovada por mais dois
anos, com isso, as peças continuarão no centro comercial na futura loja
"Artesanato Cariri".
Com aproximadamente 80 associados,
apenas 12 trabalham diariamente no Centro. O restante elabora as criações em
casa e apenas expõe a produção no equipamento cultural. Os que utilizam o
espaço reformado, além de fabricar as peças, interagem com os clientes e
visitantes, por isso, as readequações também tiveram o objetivo de dar maior
conforto e melhores condições para os escultores.
As matérias-primas utilizadas pelos
artistas, assim como o estoque, agora estão em locais adequados, abrigados do
sol, da chuva e do sereno, o que permitirá maior conservação e qualidade.
Outro fator relevante é a ampliação do
espaço para os visitantes e potenciais consumidores, o que garante um passeio
confortável pelas galerias que abrigam inúmeras peças. Destaque também para o
palco que foi requalificado, ganhou cobertura e está apto a receber
apresentações culturais, como aconteceu na solenidade de reinauguração.
"Foi de acordo com nossas
necessidades. Foi tudo conversado, discutido e fizeram de acordo com o que a
gente queria", explica Cícero Rodrigues, o Zumbin, presidente da
Associação. A última reforma tinha acontecido há 21 anos.
Nos primeiros dias após a reabertura, o
Centro de Cultura Popular Mestre Noza já foi bastante visitado por turistas, e
isso animou os artesãos.
"Senti uma energia positiva. Você
vê no rosto das pessoas. Estamos muito satisfeitos. O pessoal chega e fica
encantado", descreve Beto. "Nos sentimos mais vivos. Já tem pessoas
visitando, outras já compraram. Está sempre entrando gente. Lá (no Centro
Multiuso), tinha dia que não entrava ninguém, parecia cemitério. O espaço era
bom, mas não era adequado", completa Zumbin.
A reforma agradou ao advogado Júnior
Coutinho, que saiu de Jardim, junto com a família, para visitar o novo Centro.
"Eu já conheço aqui há vários anos. Já comprei peça. Estou achando
belíssimo. De todo esse turismo que Juazeiro tem, vim conhecer essa magnitude do
artesanato", afirma.
Apesar de notar que a quantidade de
peças ainda é a mesma, "o espaço está melhorado, renovado. Dá mais
condições de trabalho, aconchego. Uma receptividade melhor. Não é um espaço só
de Juazeiro, pertence a todos do Cariri", acrescenta.
Não foram só os visitantes e os artesãos
que ficaram felizes com a reativação do equipamento, o comércio no entorno
amargou um duro golpe do fechamento do Centro Mestre Noza.
"Tive muito prejuízo no tempo da
construção. Perdemos a Expocrato, quando vêm muitos turistas. A gente vende
mais ao turista. Diminuiu muito. Tinha dia que nem apurava", admite a
empresária Antônia Tenório, que tem uma loja de calçados e bolsas de couro, na
vizinhança do espaço. Com 28 anos no ramo, a mulher comemora o retorno. "Crescemos
praticamente junto com eles", diz.
Comercialização
Os artesãos ligados ao Centro Mestre
Noza vendem suas peças de forma independente, ou seja, negociam diretamente com
os compradores, daí a dificuldade de quantificar a movimentação financeira do
Centro. Já as vendas para outros países são articuladas pela Associação dos
Artesãos do Padre Cícero, que manda fotos e negocia quantidades e valores, além
do envio das peças. Os principais compradores estrangeiros são oriundos da
França, Itália, Bélgica e Estados Unidos. Diário do Nordeste
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