O descarte está sendo feito de forma irregular no lixão
de Barbalha
(FOTO: ANTONIO RODRIGUES)
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Seringas,
agulhas, luvas, bolsas de sangue e frascos de soro. Estes foram só alguns dos
resíduos hospitalares encontrados no lixão de Barbalha pela equipe do Sistema
Verdes Mares. Todos estes objetos estavam no chão, trazendo risco para a
segurança de cerca de 80 catadores que trabalham no local. A prática tem sido
comum há, pelo menos, dois anos, conforme denunciam os catadores. Um deles, que
não quis se identificar, conta que são facilmente encontrados os objetos e que,
durante a separação do material reciclado, muitos acidentes acontecem,
principalmente com seringas. "Aqui não há fiscalização. Qualquer um entra
e deposita", observa.
Em
Quixeramobim, a situação é semelhante. O lixo produzido no Hospital Regional
Dr. Pontes Neto, administrado pelo Município, é despejado de forma irregular no
lixão da cidade, podendo ocasionar a contaminação do solo. A reportagem tentou
manter contato com o secretário municipal de Saúde, Eugênio Gomes, mas as
ligações telefônicas não foram atendidas.
Em
Barbalha, o secretário municipal do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Bosco
Vidal, admitiu que acontece o descarte irregular do lixo hospitalar pelos
"consultórios particulares, às escondidas", disse. Porém, o titular
não respondeu se a Pasta está fiscalizando ou se existe alguma ação para evitar
a irregularidade. Já o Ministério Público do Estado do Ceará disse que não
recebeu nenhuma denúncia sobre o depósito irregular destes resíduos, "mas
se chegar alguma coisa, vamos investigar", garantiu o promotor Nivaldo Magalhães.
Normatização
A
legislação brasileira prevê uma série de critérios que têm que ser observados
no descarte dos resíduos hospitalares. Isso vai desde a separação, ainda na
unidade de saúde, até o transporte, como, por exemplo, evitar carroceria de
madeira, que facilita a contaminação, porque o material pode absorver detritos.
Além disso, o veículo tem que ser lavável. Já a destinação ideal é a
incineração. Ele não pode, simplesmente, ser enterrado junto com o lixo
doméstico. Ainda deve passar por processo de descontaminação.
Bons
exemplos
A
chamada "terra dos Verdes Canaviais", no Cariri cearense, sedia
alguns dos principais hospitais da região, que atendem pacientes também do
Centro-Sul e de estados vizinhos como Piauí, Pernambuco e Paraíba. Estes
grandes centros, no entanto, diferente das clínicas particulares da cidade,
desempenham boas ações de descarte. O Hospital Santo Antônio, referência em
neurocirurgias, e o Hospital do Coração, especializado em cardiologia,
informaram, através das assessorias de imprensa, "que os lixos infectantes
e perfurocortantes são incinerados". As duas unidades juntas produzem 3,5
toneladas de resíduos por mês.
Já
no Hospital Maternidade São Vicente de Paulo, referência em oncologia,
"uma empresa é responsável pela retirada semanalmente do lixo infectado e
tudo é incinerado". Os resíduos comuns são separados e coletados pela
Prefeitura de Barbalha. "Ele tem uma separação desde o uso inicial. Tem
várias caixas específicas para o descarte. Tudo é colocado em caixas de coleta
em cada setor. Elas são fechadas e descartadas nas bombonas", explica
Amilcar Leite de Sá Barreto, advogado da unidade.
No
Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), que fica em Quixeramobim, o
descarte do lixo infectante também é realizado através de coleta especial.
"Uma empresa especializada apanha o material e realiza o tratamento
final", garantiu o gerente administrativo do HRSC, Elisfábio Duarte. Diário do Nordeste
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