O diretor do Inpe, Ricardo Galvão - (Foto: |
Pontes
e Galvão se reuniram por cerca de duas horas na manhã desta sexta. Ao final,
Galvão falou por três minutos a jornalistas.
Segundo
ele, o motivo de sua exoneração foi porque seu discurso em relação ao
presidente Jair Bolsonaro (PSL) criou constrangimento. Em
entrevista à Folha no
último dia 21, Galvão havia dito que até poderia ser demitido, mas que o
instituto era cientificamente sólido o suficiente para resistir aos ataques do
governo.
“Diante
do fato, a maneira como eu me manifestei com relação ao presidente, criou-se um
constrangimento que é insustentável. Então eu serei exonerado”, afirmou o
diretor, que disse concordar com sua substituição.
Galvão
afirmou que tinha preocupação de que suas críticas fossem respingar no Inpe.
“Não vai acontecer”, ressaltou. Apesar de ter mandato de quatro anos com prazo
para terminar no final do próximo ano, ele disse que no regimento do instituto
está explícito que o ministro poderia, numa situação de perda de confiança,
substituir o diretor do órgão.
Ele
disse ainda ter indicado um nome para substitui-lo com o objetivo de continuar
sua linha de ação à frente do instituto, mas não quis dizer quem seria, por ser
prerrogativa do ministro escolher o novo diretor do Inpe.
Para
Pontes, qualificado por Galvão como um ministro de “alta capacidade técnica”, o
diretor do Inpe disse que não precisou defender a solidez dos dados do Inpe,
questionados pelo presidente.
“Ele
concorda inteiramente com os dados do Inpe, ele sabe como são os dados do Inpe.
Foi só uma questão simples de comunicação que houve e que nós esperamos
corrigir. Nós temos que aprender com os erros e temos que corrigir no futuro”,
disse. Ele afirmou ainda que a conversa com Pontes foi “excelente” e “muito
construtiva”.
“O
ministro conversou comigo de um jeito muito cortês, e o que me deixou muito
feliz foi a preservação do Inpe”, afirmou.
A
exoneração ocorre depois de críticas reiteradas do presidente Jair
Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao Inpe nas duas
últimas semanas por causa de dados que apontaram alta no desmatamento.
Na
quinta (1º), Bolsonaro ameaçou demitir Galvão de forma mais
direta. "Se quebrar a confiança, vai ser demitido sumariamente.
Perdeu a confiança, no meu entender, isso é uma pena capital", disse.
"Eu lamento que alguns tenham mandato, não sei se no caso dele tem mandato
ou não. A gente não pode tomar uma decisão mais drástica no tocante a isso,
porque o estrago é muito grande", afirmou. Folha de São Paulo
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