Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress) |
O presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou neste sábado (24), em Vitória (ES), que
o presidente Jair Bolsonaro (PSL) mudou o discurso que vinha fazendo
sobre a crise ambiental no país ao afirmar tolerância zero às queimadas na Amazônia.
Ele disse que o discurso
"radical" do presidente pode ter passado a ideia de apoio ao
desmatamento, mas afirmou não crer que o governo dê "qualquer incentivo a
esses criminosos".
“O que o Presidente da República diz é
muito forte, tem peso. O que eu digo talvez não tenha a mesma força. Então, por
isso, temos que compreender que muitas vezes o que falamos tem um impacto muito
maior do que a gente imagina", afirmou Maia.
"Uma verbalização malfeita pode
gerar grandes crises. Quando vocaliza polemizando no tema, qual impressão que
dá? Que há algum tipo de apoio. Acho que o presidente certamente percebeu isso
e ontem fez um discurso reafirmando a tolerância zero. E tem que ser mesmo.”
A declaração foi feita durante o
Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que acontece no Palácio
Anchieta, sede do Governo do Espírito Santo, onde se reuniram governadores das
duas regiões para discutir sobre investimentos nos estados brasileiros.
Maia reconheceu que a forma radical
como o presidente tem se comunicado pode ter agravado a relação com governos
internacionais. “O presidente compreendeu que esteja passando uma sinalização
de algo que talvez ele não esteja fazendo, que é estimular as queimadas",
afirmou o presidente da Câmara.
“Todo discurso mais radical a alguma
instituição do estado democrático de direito, quando se polemiza da forma que o
presidente fez nos últimos dias, em relação às queimadas, acaba gerando uma
insegurança", completou, referindo-se a acusações do presidente a
ONGs e movimentos ambientais.
Na quarta (21), Bolsonaro disse, sem
apresentar qualquer evidência, que ONGs estariam por trás das queimadas na
floresta. "Quando ele questiona um dado e diz que eles estão errados e
acusa outras pessoas por essas ações criminosas, ele sinaliza que pode estar
dando um apoio, que eu acredito não existir.”
Maia afirmou que entende as
preocupações de países europeus com relação às queimadas na Amazônia, mas
pediu diálogo antes da discussão sobre possíveis sanções contra o Brasil.
Fonte: Folha de São Paulo
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