O
governo Jair Bolsonaro (PSL) vai apostar na expansão do ensino a distância no
sistema federal de ensino superior. O plano, ainda em desenvolvimento, ocorre
em meio ao bloqueio de verbas que preocupa reitores. Segundo o ministro da
Educação, Abraham Weintraub, o governo prepara um modelo de universidade
federal e institutos federais digitais.
Avaliações
do próprio governo federal mostram que cursos a distância têm menor qualidade
na comparação com os presenciais. "Estamos estudando, está incipiente
ainda, a Universidade Federal Digital e Instituto Técnico Digital através de
plataforma para o Brasil todo. É pra lá que a gente vai caminhar", disse
Weintraub nesta sexta-feira (23).
O
ministro falou sobre o assunto durante entrevista em Brasília para anunciar o
repasse de recursos para instalação de internet em escolas rurais de educação
básica. De acordo com Weintraub, a plataforma vai prever módulos para que os
alunos, sobretudo de áreas distantes dos grandes centros, possam seguir os
cursos que desejam.
O
ministro não deu detalhes se haverá novas instituições para oferta dos cursos
ou se a expansão ficará a cargo das universidades e institutos. "[O
estudante] vai poder [estudar] ficando com a família, tendo renda lá, sem se
deslocar para os centros. E cai muito o custo, questão de dormitório,
refeitório, [o aluno] pode eventualmente ir a simpósios, seminários, e juntar
todo mundo para períodos mais curtos. O que barateia e facilita a
interação", disse o ministro.
Weintraub
ressaltou que o modelo pode ampliar a oferta de carreiras em regiões afastadas,
embora tenha exemplificado a inviabilidade para cursos como de piloto de avião.
O ministro chegou a comentar que o assunto da entrevista coletiva, de
conectividade nas escolas, era mais importante do que as queimadas que ocorrem
em florestas na região amazônica e que se tornaram uma crise internacional. Ele
minimizou a situação e atribuiu a repercussão a uma suposta atuação de ONGs e
ao interesse do agronegócio europeu.
"Hoje
estamos falando de algo mais importante, que é a forma de mudar nossa forma de
educar nossos jovens nas próximas gerações, que é a distância, via internet, de
forma mais eficiente, mais humana, que permite cada uma dessas crianças sonhar
alto", disse ele.
Situação
atual
Na
última avaliação federal com alunos concluintes do ensino superior, o Enade de
2017, 6,1% dos cursos presenciais tiveram conceito máximo; no ensino a
distância, o percentual foi de 2,4%.
Cursos
não presenciais têm sido aposta das instituições privadas para expansão das
matrículas — além de poder facilitar o acesso do aluno, representarem ainda
custos menores de operação. A modalidade já representa 25% dos alunos em
instituições privadas.
As
universidades federais já adotam o ensino a distância, mas em menor extensão.
Em 2017, registrou-se 101.395 alunos na modalidade, o que representa 8% do
total de matrículas. Os dados são da Sinopse Estatística da Educação Superior
de 2017, do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
O
bloqueio de recursos no MEC atinge ações que vão da educação infantil à
pesquisa. Nas universidades federais, o bloqueio foi de R$ 2,2 bilhões,
referente a cerca de 30% dos valores discricionários (que não contam salários,
por exemplo). O MEC tem reafirmado que o dinheiro pode ser liberado até o fim
do ano.
Iniciativa
Na
campanha eleitoral, Bolsonaro havia indicado que o ensino a distância seria uma
das apostas de seu governo. A entrevista coletiva foi convocada para o anúncio
de liberação de R$ 60 milhões para a instalação de infraestrutura de conexão de
internet em escolas rurais. Essa será a primeira execução no ano nesse
programa. Folha de São Paulo
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