A
expectativa da indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho
do presidente Jair Bolsonaro (PSL), para ser embaixador do Brasil nos Estados
Unidos tem preocupado a bancada cearense no Senado. Embora ainda não esteja
oficializada, parte dos governistas dá como certa a indicação. A possibilidade
é que o trâmite já tenha início na próxima semana.
Mesmo
sendo uma indicação da presidência da República, a nomeação só ocorre após
aprovação dos senadores. Antes de chegar ao plenário, a sugestão precisa ser
discutida e votada na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Nenhum
cearense é membro do colegiado.
A
bancada do Ceará, que conta com três parlamentares, deve votar a matéria em
plenário caso haja a concretização das articulações no Palácio do Planalto.
Procurado,
o senador Eduardo Girão (Podemos) adiantou que deve votar contra a indicação no
plenário. O parlamentar justificou a decisão ao defender a nomeação de
profissionais de carreira diplomática.
"Existe
um preparo, todo um procedimento para a pessoa ser embaixador. Não tiro o
mérito do filho, absolutamente. Agora, existe uma carreira de diplomata. Se
quiser alguém que seja alinhado com as ideias dele, com a visão de mundo do
presidente, que identifique na carreira diplomática alguém, mas que tenha um
preparo porque não é só falar inglês", afirmou o senador do Podemos.
Girão
assinou Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do senador Styvenson Valentim
(Podemos-RN), que proíbe indicações de parentes a cargos públicos.
"O
nepotismo é um flagelo que, no Brasil, deita raízes no período colonial. Uma
prática secular como essa tende a se perpetuar se as alterações normativas
destinadas a combatê-la não vierem acompanhadas de um processo de mudança de
mentalidade. Isso não diminui a importância das alterações normativas, que certamente
podem operar como agente catalisador das transformações culturais",
justifica o senador na proposta.
Em
entrevista ao Diário do Nordeste, o senador Tasso Jereissati (PSDB) foi
cauteloso quando questionado sobre o assunto. "Precisa chegar o nome, que
vai para a comissão. Eu não sou da comissão, essa decisão vamos tomar no
plenário, mas, a princípio, vejo com muita cautela essa indicação e muita
preocupação".
Também
procurado, Cid Gomes (PDT) preferiu não se manifestar sobre o tema antes da
oficialização da indicação. Para ser nomeado embaixador, Eduardo Bolsonaro
precisa conseguir aprovação na comissão e ter maioria simples dos votos no
plenário do Senado. A votação é secreta.
EUA
Na
semana passada, o Brasil encaminhou uma consulta aos Estados Unidos para
avaliar o grau de aceitabilidade do filho do presidente ao posto de embaixador
no País aliado. Embora ainda não haja uma resposta sobre a solicitação, o
presidente Donald Trump chegou a elogiar a possível indicação de Eduardo.
"Eu
conheço o filho dele e é provavelmente por causa disso que ele o
escolheu", disse. Questionado pelos jornalistas se não era caso de
favorecimento a um membro familiar, o que poderia caracterizar nepotismo, Trump
discordou.
"Eu
não acho que seja nepotismo, porque o filho o ajudou muito na campanha. O filho
dele é excepcional. É uma escolha excelente, eu não sabia disso", afirmou.
"Privilégios"
O
presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Nelsinho Trad (PSD-MS),
adiantou que, se confirmada a indicação, não haverá tratamento especial para o
deputado no colegiado. O parlamentar prometeu que serão analisadas
primeiramente as mensagens de outras cinco embaixadas, já na pauta.
"O
rito legal da tramitação será cumprido. Não haverá benefício por ele ser o
filho do presidente. Vai ter que entrar na mesma linha que os outros já
entraram. Ou seja, não vai passar na frente de ninguém. Vai ser tudo dentro da
maior transparência e normalidade", disse o presidente.
Polêmicas
Em
meados de julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro iniciou mais uma
polêmica no Governo ao considerar a indicação do filho para o posto nos Estados
Unidos. Embora haja a carreira da diplomacia, a nomeação não necessariamente
precisar ser de um profissional que faça carreira na área. Eduardo tem atuado
como uma espécie de "chanceler informal" do pai nas viagens
internacionais - o que ocorreu nas visitas de Bolsonaro aos Estados Unidos,
Israel e Argentina.
O
Psol chegou a entrar com uma representação na Procuradoria Geral da República
(PGR) ao pedir investigação sobre a possível indicação. A legenda considerou o
ato "ilegal" e "imoral". O parlamentar tem se defendido das
críticas. Em uma das declarações, chegou a afirmar que a indicação não deve
ocorrer por ser filho do presidente.
"Não
sou um filho de presidente que está do nada vindo a ser alçado a essa condição.
Tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos
Estados Unidos", argumentou.
Bolsonaro
espera apoio do Senado para a nomeação
Apesar
de ainda não ter se concretizado a oficialização da indicação de Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP) à embaixada brasileira nos Estados Unidos, o presidente tem
dado declarações no sentido de que deverá manter a decisão.
Nas
redes sociais, na última quinta-feira (1°), Jair Bolsonaro (PSL) disse estar
otimista na análise dos senadores sobre o assunto. É o Parlamento que deve
autorizar a nomeação.
“O
tal de Eduardo Bolsonaro é presidente da Comissão de Relações Exteriores e
Comércio Internacional da Câmara. Antes de ir para os Estados Unidos — tem que
passar pelo Senado (a indicação) e a gente acredita que ele seja aprovado — ele
aprova lá na Comissão e esse acordo aí vai nos dar nova esperança de começar a
entrar nesse mundo dos satélites”, declarou em uma live nas redes sociais.
Demonstrando
esse apoio que espera o presidente, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou
que o deputado tem condições de assumir o posto. “Há uma histeria muito grande,
desnecessária. O Eduardo é um deputado federal que está no seu segundo mandato,
é alguém que conhece os Estados Unidos. Se essa é uma escolha do presidente da
República há de ser respeitada. É uma escolha discricionária dele”. Diário do
Nordeste
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