O teleférico deve começar a fase de operação assistida em
outubro deste ano. (FOTO: ANTÔNIO RODRIGUES)
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Depois
de ter o prazo de conclusão adiado duas vezes - setembro de 2017 e maio de 2018
-, o teleférico de Barbalha ganhou nova previsão para inauguração. Com 85% de
avanço físico da obra, a Superintendência de Obras Públicas (SOP) prevê que a
parte estrutural seja entregue em outubro deste ano, quando começará a fase de
operação assistida. O equipamento interligará a Vila do Caldas até o Mirante do
Cruzeiro, onde é possível contemplar o vale do Cariri, as cidades de Juazeiro
do Norte, Crato, e Barbalha, além de propiciar vista privilegiada para a
Chapada do Araripe. O investimento do Governo do Estado é de R$ 14 milhões.
Projetado
para impulsionar o turismo no Cariri, o teleférico terá capacidade para
transportar até 660 pessoas por hora, percorrendo uma distância de 550 metros,
a aproximadamente 150 metros de altura, em velocidade normal de 1,4 m/s. De
acordo com a SOP, todos os equipamentos - como as cadeirinhas e os cabos - já
estão no canteiro de obras, em processo de montagem, aguardando apenas a
ligação de energia elétrica.
A
obra também inclui uma praça, borboletário e bicicletário. Os testes
operacionais do teleférico devem começar no fim deste mês.
Concessão
A
Secretaria do Meio Ambiente (Sema) realizou um estudo de viabilidade
socioeconômica, que servirá de base para a licitação afim de que o teleférico
seja administrado por uma empresa privada, através de concessão.
Além
do próprio teleférico, a administradora poderá explorar o prédio do antigo
Hotel do Caldas, vizinho à estação inferior, que foi restaurado e ganhou piso
com ladrilhos hidráulicos feito na oficina do renomado construtor barbalhense
Jaime Rodrigues. O espaço poderá ter restaurante, museu e lojas.
Projeção
Enquanto
aguardam a inauguração, os moradores do distrito de Caldas já projetam um
grande aumento no número de turistas, já que a localidade conta com o famoso
Balneário do Caldas e também com o Hotel das Fontes, pontos de visita, além de
ficar a poucos quilômetros do Arajara Park, empreendimentos que ficam na
encosta da Chapada do Araripe. "Vai melhorar ainda mais, principalmente,
na venda de lanches. A gente aguarda há um tempo", conta Aparecida
Lacerda, que tem uma padaria e cafeteria em frente à estação inferior.
Nascido
e criado no distrito, o também comerciante Gilvan dos Santos Pereira resolveu
empreender há um ano, montando uma lanchonete vizinha a uma das estações,
justamente na expectativa da entrega deste equipamento, que se soma à
requalificação que o Caldas vem tendo nos últimos anos. "Estamos esperando
há mais de dois anos. Espero que saia este ano ainda. O pessoal daqui já está
pensando em modificar os restaurantes, modernizar. A gente acredita que vai
melhorar muito o espaço. A cada fim de semana vem muita gente", completa.
Não
são apenas os comerciantes que enxergam com bons olhos a chegada do teleférico.
O guia de turismo cratense Jocyneyson Jorge do Nascimento acredita que o
equipamento está dentro de um contexto de crescimento de toda região do Cariri.
"Terá um impacto muito grande, seja social, econômico e até ambiental,
tendo em vista que os visitantes não irão só para o teleférico, mas se
hospedarão próximos a ele, agregando valor junto aos balneários, hotéis e
pousadas", acredita.
O
guia acredita também que isso pode impulsionar a procura por profissionais
qualificados para conduzir o turista pelo Cariri. Os próprios moradores e
empresários do Caldas estão recebendo assessoria e profissionalização pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para melhor recepcionar o
visitante. "As pessoas já conhecem aquela área como a palma da mão. Será
um impacto positivo", complementa Jocyneyson.
Impacto
ambiental
O
projeto do teleférico preocupou, principalmente, os ambientalistas da região do
Cariri, já que o equipamento está dentro da Floresta Nacional do Araripe
(Flona). Contudo, o geógrafo Josier Ferreira, professor da Universidade
Regional do Cariri (Urca), observa que a execução contrariou as perspectivas
negativas, pois, "houve poucas mudanças na cobertura vegetal", já que
as torres estão acima da copa das árvores.
"Houve
mais uma artificialização da paisagem, mas não houve impacto significante na
estrutura geológica ou que acelerasse o processo erosivo", acrescenta.
Porém,
Josier atenta que, em seu funcionamento, deve haver um controle, para que não
haja uma pressão demográfica na encosta da Chapada do Araripe. "Cuidar
para que não ocorra uma dispersão em outras áreas que não são efetivamente
destinadas para o lazer", pondera o geógrafo.
Além
disso, o professor vê o teleférico do Caldas como uma oportunidade para
fortalecer a educação e cultura. Ele propõe utilizar o equipamento para ensinar
acerca dos relevos, formação dos núcleos urbanos, além de temáticas como
turismo e natureza. Diário do
Nordeste
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