Inspetor e assessor de deputado estadual cearense dispara tiros em foto do ex-presidente Lula |
O assessor parlamentar Alberto Vieira
Júnior, que trabalha no gabinete do deputado estadual André Fernandes (PSL-CE),
divulgou na noite deste domingo (29) um vídeo em rede social disparando 10
tiros com uma pistola em uma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Na gravação, Alberto Vieira dirige-se o
ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. "Janot, a gente faz é
assim, pra não tirar a vida de ninguém. Bota uma foto e descarrega. Babau. Sai
toda a raiva", disse o assessor parlamentar.
Na sexta-feira (27), Janot havia
afirmado em entrevista que em certa ocasião entrou armado no Supremo Tribunal
Federal (STF) com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes e se
suicidar em seguida.
Em entrevista ao G1, o procurador
do Ministério Público Estadual do Ceará (MPCE) Ricardo Rocha avalia que o vídeo
divulgado pelo assessor "pode se enquadrar como incitação ao crime"
devido à grande visibilidade.
"Já que ele postou em uma rede
social, com milhares de seguidores, milhões de pessoas veem, pode se enquadrar
como incitação ao crime", diz o procurador.
Ele acrescenta, no entanto, que a
afirmação ocorre "no campo das hipóteses" e que precisaria conhecer o
caso mais detalhadamente para ver ele seria configurado ou não como crime.
Já o advogado criminalista e professor
da Universidade de Fortaleza Armando Costa Júnior afirma que o Código Penal não
prevê punição para o caso.
"Não acho que seja incitação à
prática de crime. Infelizmente o caso terá de ser resolvido em outra seara que
não a penal. É muito contraproducente uma pessoa divulgar esse tipo de vídeo",
diz Costa Júnior.
"Embora não seja crime, é chocante
e irregular. O deputado ao qual ele está vinculado pode tomar as providências
cabíveis e exonerá-lo."
'Não quero que o Lula morra'
Ao G1, Alberto Vieira disse que
não quer "que o Lula morra", não vai "fazer nada com ele" e
que a foto utilizada como alvo "poderia ser de qualquer pessoa".
"Podia ser um cachorro [na foto],
podia ser um cavalo, um jumento. Podia ser o Che Guevara, porque eu tenho nojo
dele, é uma foto", afirmou o assessor parlamentar. "Eu digo às
pessoas que, quando tiver com raiva, você bote a foto; se tiver uma arma,
detone, mas não saia matando, não saia com uma arma no meio da rua dizendo que
vai matar o povo."
Ainda segundo ele, a sua
"intenção" com o vídeo foi mostrar que seria errada a atitude de
entrar armado no Supremo e matar um ministro.
"Foi a maneira que eu encontrei de
evitar que outras pessoas venham fazer o que o Janot fez, só que eu escolhi o
Lula. Por direito meu, não gosto do Lula, mas não quero que o Lula morra nem
vou fazer nada com ele."
Deputado curtiu o vídeo
O deputado André Fernandes, que curtiu
o post com o vídeo de Alberto Vieira Júnior, afirmou ao G1 que não
iria opinar sobre a atitude do assessor.
"Nesse caso eu prefiro nem opinar.
O inspetor Adalberto é um senhor de 58 anos de idade, ele tem idade suficiente
pra responder pelos atos dele", disse o deputado.
"Isso não me traz nenhuma
gravidade, nem como deputado, nem como pessoa. Qualquer coisa negativa quem tem
que se preocupar é o próprio
assessor." G1
CE
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