(Foto: Washington Alves) |
Oito
meses após o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho
(MG), bombeiros continuam resgatando os corpos de vítimas da tragédia. Na manhã
deste domingo (29), os 138 militares que seguem escavando a extensa área
atingida pela lama de rejeitos tóxicos que vazaram da barragem encontraram mais
um corpo.
Segundo
o capitão Paulo Enocke Marques da Silva, ainda não é possível afirmar se os
restos mortais são de um homem ou de uma mulher. Além disso, embora o corpo
esteja praticamente inteiro, só com a conclusão do trabalho de perícia será
possível saber se a vítima já não tinha sido identificada por meio de restos
mortais recolhidos antes.
Por
esse motivo, o Corpo de Bombeiros manteve os números do balanço divulgado em 31
de agosto, um dia após o resgate e a identificação do corpo do funcionário
terceirizado João Paulo Ferreira Amorim, de 31 anos – identificado por meio de
comparação da arcada dentária. O número de mortos já chega a 249. Vinte e uma
pessoas continuam desaparecidas.
Corpo
soterrado
De
acordo com Silva, o corpo encontrado por volta das 10h15 de hoje estava
soterrado a 2,5 metros de profundidade, a cerca de sete quilômetros em linha
reta da barragem que se rompeu, em uma área que os bombeiros batizaram como
Remanso 4.
No
total, os bombeiros dividiram a área de buscas em 20 frentes. Localizar mais uma
vítima após 248 dias de trabalhos contínuos renovou as esperanças dos
militares.
“Isto
serve para nos reanimar a seguir com as buscas pelos desaparecidos”, disse o
capitão. Para ele, o deslocamento do efetivo para atender os efeitos da
tragédia decorrente do rompimento da mineradora Vale exige sacrifícios de
bombeiros de todo o estado de Minas Gerais.
“Não
está sendo fácil para ninguém. Estamos enfrentando a temporada de incêndios;
daqui a pouco vai começar a temporada de chuvas no estado. Quando você tira
toda esta gente de outros locais para atender a uma única ocorrência, você
sobrecarrega a todos, que têm que se desdobrar para dar conta de todas as
atividades”, declarou ao comentar que a proximidade do início do período de
chuvas preocupa também os que estão diretamente ligados aos trabalhos de buscas
das vítimas do rompimento da barragem.
Bombeiros
usam nova estratégia
Para
tentar acelerar os trabalhos, há quase um mês os bombeiros usam uma nova
estratégia. Como mais de 90% dos corpos já resgatados foram encontrados a cerca
de três metros de profundidade, os homens passaram a cavar até este limite.
“Inicialmente,
optamos por escavar prioritariamente os locais onde acreditávamos haver mais
chances de encontrarmos corpos. Em alguns destes pontos, chegamos a cavar até
16 metros, 18 metros,” relatou.
Além
de máquinas pesadas e cães farejadores, o Corpo de Bombeiros utiliza um
aplicativo que, segundo o capitão, foi desenvolvido pelos próprios
especialistas da corporação, em parceria com técnicos da Vale.
“Ele
nos permite identificar os pontos já escavados e as áreas em que ainda não
chegamos aos três metros. É um aplicativo que indica, inclusive, onde já
cavamos um ou dois metros, mas onde ainda não chegamos aos três metros”,
explicou Silva, comentando que, até o início da semana, ainda faltava vasculhar
um terço de toda a área de buscas.
“Adotamos
essa nova estratégia para tentarmos pegar toda a extensão [atingida] pela lama
antes do início do período das chuvas”, finalizou. Agência Brasil
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