Pacientes com insuficiência cardíaca podem precisar de transplante (FOTO: FERNANDA SIEBRA) |
Um
aperto repentino no lado esquerdo do peito, por vezes, é o suficiente para
fazer alguém se perguntar quando foi sua última visita ao médico. A preocupação
soa exagerada, mas não é infundada: no Ceará, de 2015 até 16 de setembro deste
ano, 46.642 pessoas morreram devido a doenças ligadas ao coração -
insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral
(AVC). Destas, o AVC é o mais frequente, somando 21.770 óbitos no Estado,
46,67% do total.
Os
dados divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) servem de alerta, em
especial, neste domingo (29). A data foi escolhida pela World Heart Federation
(Federação Mundial do Coração) para marcar o Dia Mundial do Coração, a fim de
divulgar os perigos de doenças relacionadas e prevenir novos casos.
Depois
do AVC, o segundo maior número de óbitos é por infarto agudo do miocárdio, com
19.384 registros desde 2015. Em seguida, a insuficiência cardíaca, que
contabiliza 5.488 vítimas no Ceará.
No
caso do ataque vascular cerebral, entretanto, os sintomas não estão
necessariamente associados à dor no peito. A sensação de formigamento ou perda
de força repentina nas pernas, braços ou no rosto - por vezes, apenas em um
lado - dificuldade para andar, dor de cabeça forte e vertigem são os sinais que
indicam a ocorrência de um AVC.
Ivanete
Lima fala por experiência própria. A dona de casa teve o ataque em 2008, sozinha,
em um sítio no distrito de Taíba, em São Gonçalo do Amarante. "Eu ia
começar a limpar a casa quando senti. Foi como se tivesse caído um raio na
minha cabeça, uma dor bem aguda. Ao mesmo tempo, veio um peso nas pernas, eu
não conseguia andar. Fiquei parada, em pé, com os braços pesando, também",
lembra. Ela contou, acima de tudo, com a sorte. Mesmo reconhecendo os sinais do
AVC, Ivanete só foi ao hospital no dia seguinte.
O
tipo isquêmico, que acometeu a dona de casa, é o mais frequente, representando
85% dos casos, segundo o Ministério da Saúde. O AVC hemorrágico, embora menos
comum, pode ser causa de morte com maior frequência que o ataque isquêmico.
"O tipo hemorrágico geralmente tem um quadro mais dramático. Às vezes, é
assintomático, por isso é importante fazer a tomografia", esclarece a
cardiologista Ana Lúcia de Sá Leitão, membro da Sociedade Brasileira de
Cardiologia.
Pressão
e hábitos
Hoje,
aos 66 anos, Ivanete depende de comprimidos anticoagulantes, para evitar o
risco de um novo AVC, e analgésicos para as dores que ainda a acompanham.
"Se tiver o emocional abalado, sinto os sintomas parecidos. Também preciso
monitorar a pressão alta, que eu já tinha antes do AVC", revela a dona de
casa.
A
hipertensão, além do diabetes tipo 2, são as condições comuns à maioria das
doenças cardíacas, contribuindo para agravar o quadro dos pacientes. "A
insuficiência cardíaca é quando o coração tende a aumentar de tamanho, muito
frequentemente por conta da hipertensão não controlada. É uma defesa na tentativa
de manter o funcionamento normal", explica Ana Lúcia Leitão.
Pacientes
podem demorar a apresentar os sintomas, que incluem falta de ar, cansaço
progressivo até mesmo em repouso, e falta de ar progressiva. Também podem
surgir inchaços no corpo e nos pés. "Dependendo do caso, o paciente chega
a precisar de transplante", ressalta.
O
infarto agudo do miocárdio, por sua vez, é causado quando um coágulo interrompe
o fluxo sanguíneo de forma repentina.
As
três doenças, segundo a cardiologista, têm influência genética por estarem
ligadas a outras condições com cargas familiares, como hipertensão e diabetes.
O fumo, o alcoolismo e a obesidade também são fatores contribuintes. "As
pessoas devem saber que a doença cardiovascular é a que mais mata, no Brasil e
no mundo. Por isso, é preciso se prevenir, mudando hábitos alimentares, fazendo
exercícios e controlando o stress", avisa.
Diário
do Nordeste
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