Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Goiás aponta que a cera produzida no ouvido pode detectar câncer precocemente. (Foto: Natália Cruz/UFG) |
Por
meio de análises de amostras de ceras de ouvido, a equipe da Laboratório de
Métodos de Extração e Separação da Universidade Federal de Goiás (UFG)
desenvolveu uma técnica para diagnosticar precocemente o câncer. A pesquisa
identificou 27 substâncias que, se presentes na cera de ouvido do paciente,
indicam a existência do câncer em alguma parte do corpo. Ao todo, 102
voluntários participaram do estudo que verifica, após cinco horas, se o paciente
tem ou não câncer, podendo detectar a doença ainda em seu estágio inicial,
facilitando o tratamento.
“A
cera é um produto de secreção que concentra aquilo que é uma impressão digital
do que as nossas células produzem, então, quando a cera é produzida, ela tem
componentes que podem ter sido produzidos por células saudáveis e por células
cancerosas”, conta Nelson Antoniosi, coordenador da pesquisa. Batizado de
cerumenograma, o procedimento é barato, simples e rápido. Os pesquisadores
esperam que o exame torne-se rotineiro no diagnóstico do câncer, devido sua
alta precisão e por não ser invasivo.
“Além
de ser não invasivo, não são necessários gastos com uma nova tecnologia; nós
aproveitamos um equipamento que já existe em vários institutos de pesquisa e
demos a ele uma nova aplicação”, explica Nelson Antoniosi. Ele também informa
que o custo do procedimento, caso seja adotado em larga escala, fica em torno
de R$ 400 - valor abaixo dos diagnósticos atuais de câncer.
A
pesquisa teve início em 2014, quando Nelson começou a investigar a composição
química do cerúmen (cera de ouvido) com objetivo de diagnosticar doenças em
parceira com a pesquisadora Engy Shokry. A dupla de pesquisadores iniciou a
apuração a partir de variações químicas presentes no cerúmen de animais com
câncer. Ao passar para humanos, 102 amostras foram analisadas – 51 de
indivíduos saudáveis e 51 de doentes –, com taxa de 100% de precisão para
o apontamento do câncer.
Chamada
de “Nova Fronteira no Diagnóstico de Câncer em Humanos”, a descoberta foi
publicada na revista científica Scientific Reports Nature, uma das principais
publicações especializadas do mundo. No artigo, constam que 158 compostos
voláteis foram identificados no cerúmen, sendo que 27 destes podem ser
biomarcadores para o câncer.
Os
estudos do cerumenograma devem ser ampliados após a parceria com
os hospitais Araújo Jorge, de Goiás, e do A.C.Camargo, de São Paulo,
referência internacional no tratamento e na pesquisa do câncer. O Povo
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