quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Espedito Seleiro é homenageado com o Troféu Sereia de Ouro

(Foto: Thiago Gadelha)
Criado em 1971 pelo chanceler Edson Queiroz e dona Yolanda Queiroz, o Troféu Sereia de Ouro é uma das mais tradicionais comendas do Ceará. Tem como objetivo homenagear personalidades que se destacaram em diferentes setores de atuação, contribuindo para o desenvolvimento do Estado. Neste ano, um dos homenageados é o artista Espedito Seleiro, que tem sua oficina de criação na cidade de Nova Olinda.

O Troféu é concedido, anualmente pelo Sistema Verdes Mares em solenidade especial, realizada no Theatro José de Alencar, em Fortaleza. A honraria já foi entregue a 192 personalidades até então, brilhantes em atividades públicas e privadas, e que seguem inspirando gerações.

Nesta 49ª edição, além do artista Espedito Seleiro, serão agraciados com o Troféu Sereia de Ouro o cientista Fernando de Mendonça, a desembargadora Iracema do Vale e o médico Sulivan Mota.

O pioneiro em colorir
Filho de vaqueiro, Seu Espedito aprendeu com o pai o ofício que hoje carrega no nome muito novo, aos oito anos de idade. Sendo o mais velho de dez filho, ficou para ele o encargo de sustentar a família após o falecimento do pai.

Mestre Espedito é pioneiro em colorir o couro, tornando-se um investigador de pigmentos naturais e técnicas de tingimento no material, descobrindo o angico, que tinge de marrom, o urucum, que pinta de vermelho e a capimbeira com o cinza.

Hoje tem em sua oficina um ambiente familiar, com filhos, netos, sobrinhos, noras e genros trabalhando consigo. “Do jeito que você pega uma carta e vai escrevendo, do mesmo jeito é eu quando faço uma peça. Eu nasci nisso e continuo passando pros netos, filhos…”, conta Mestre Espedito.

Fama
Nos anos 2000, veio o primeiro chamado para a fama. O artesão teve peças incluídas no figurino do filme “O Auto da Compadecida”, do diretor Guel Arraes. Em 2005, criou calçados e acessórios para o desfile da Cavalera (Verão 2006) na São Paulo Fashion Week (SPFW), marcando sua estreia na principal vitrine de moda brasileira. Na ocasião, Espedito assistiu ao desfile sentado em lugar de destaque na passarela, ao lado da esposa, dona Francisca, e do filho, Maninho.

O reconhecimento lá fora acompanhou o desenvolvimento aqui dentro. Em 2008, foi agraciado com o título de Mestre da Cultura Tradicional Popular do Ceará, concedido pelo Governo do Estado por seus relevantes serviços prestados à cultura e à arte; em 2011, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, conferida pela Presidência da República Federativa do Brasil, pela sua contribuição à cultura brasileira. Das Universidades Estadual e Federal do Ceará, ganhou ainda o título de notório Saber em Cultura Popular, nos anos de 2016 e 2019, respectivamente.

Mais recentemente, em fevereiro deste ano, o criador também atravessou o Atlântico para apresentar suas peças na Embaixada do Brasil, em Londres; e cruzou a Marquês de Sapucaí, em março, num carro alegórico da Escola de Samba “União da Ilha do Governador”, cujo enredo de 2019 era “A Peleja Poética entre Rachel e Alencar no Avarandado do Céu”. Uma ala de brincantes vestidos com seu artesanato em couro também marcou a homenagem no Rio de Janeiro.

“Nunca pensei de ficar conhecido. Isso acontece de supetão, de uma vez, né? Às vezes, eu não tô nem esperando, aí acontece. Foi assim com o Troféu Sereia de Ouro”, revela, sobre a comenda que receberá do Sistema Verdes Mares. “Eu acho legal pra todos nós que vamos ganhar essa homenagem. Isso dá mais valor às pessoas e tenho que agradecer a Deus e aos amigos que reconheceram, que me deram esse merecimento”, afirma, certo da importância de figurar a partir de agora nesse grupo seleto de cearenses ilustres.                 Diário do Nordeste

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