(Foto: Thiago Gadelha) |
O
Troféu é concedido, anualmente pelo Sistema Verdes Mares em solenidade
especial, realizada no Theatro José de Alencar, em Fortaleza. A honraria já foi
entregue a 192 personalidades até então, brilhantes em atividades públicas e
privadas, e que seguem inspirando gerações.
Nesta
49ª edição, além do artista Espedito Seleiro, serão agraciados com o
Troféu Sereia de Ouro o cientista Fernando de Mendonça, a desembargadora
Iracema do Vale e o médico Sulivan Mota.
O
pioneiro em colorir
Filho
de vaqueiro, Seu Espedito aprendeu com o pai o ofício que hoje carrega no nome
muito novo, aos oito anos de idade. Sendo o mais velho de dez filho, ficou para
ele o encargo de sustentar a família após o falecimento do pai.
Mestre
Espedito é pioneiro em colorir o couro, tornando-se um investigador de
pigmentos naturais e técnicas de tingimento no material, descobrindo o angico,
que tinge de marrom, o urucum, que pinta de vermelho e a capimbeira com
o cinza.
Hoje
tem em sua oficina um ambiente familiar, com filhos, netos, sobrinhos, noras e
genros trabalhando consigo. “Do jeito que você pega uma carta e vai
escrevendo, do mesmo jeito é eu quando faço uma peça. Eu nasci nisso e continuo
passando pros netos, filhos…”, conta Mestre Espedito.
Fama
Nos
anos 2000, veio o primeiro chamado para a fama. O artesão teve peças incluídas
no figurino do filme “O Auto da Compadecida”, do diretor Guel Arraes. Em 2005,
criou calçados e acessórios para o desfile da Cavalera (Verão 2006) na São
Paulo Fashion Week (SPFW), marcando sua estreia na principal vitrine de moda
brasileira. Na ocasião, Espedito assistiu ao desfile sentado em lugar de
destaque na passarela, ao lado da esposa, dona Francisca, e do filho, Maninho.
O
reconhecimento lá fora acompanhou o desenvolvimento aqui dentro. Em 2008, foi
agraciado com o título de Mestre da Cultura Tradicional Popular do Ceará,
concedido pelo Governo do Estado por seus relevantes serviços prestados à
cultura e à arte; em 2011, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, conferida pela
Presidência da República Federativa do Brasil, pela sua contribuição à cultura
brasileira. Das Universidades Estadual e Federal do Ceará, ganhou ainda o
título de notório Saber em Cultura Popular, nos anos de 2016 e 2019,
respectivamente.
Mais
recentemente, em fevereiro deste ano, o criador também atravessou o
Atlântico para apresentar suas peças na Embaixada do Brasil, em Londres; e
cruzou a Marquês de Sapucaí, em março, num carro alegórico da Escola de Samba
“União da Ilha do Governador”, cujo enredo de 2019 era “A Peleja Poética entre
Rachel e Alencar no Avarandado do Céu”. Uma ala de brincantes vestidos com seu
artesanato em couro também marcou a homenagem no Rio de Janeiro.
“Nunca
pensei de ficar conhecido. Isso acontece de supetão, de uma vez, né? Às vezes,
eu não tô nem esperando, aí acontece. Foi assim com o Troféu Sereia de Ouro”,
revela, sobre a comenda que receberá do Sistema Verdes Mares. “Eu acho legal
pra todos nós que vamos ganhar essa homenagem. Isso dá mais valor às pessoas
e tenho que agradecer a Deus e aos amigos que reconheceram, que me deram
esse merecimento”, afirma, certo da importância de figurar a partir de agora
nesse grupo seleto de cearenses ilustres. Diário do Nordeste
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