terça-feira, 3 de setembro de 2019

Motorista de aplicativo inocentado após ser preso em Fortaleza quer ser cantor: 'Agora é criar asas e voar'

Músico e motorista de aplicativo, Rubem
da Mota Duarte ficou mais de cinco dias preso,
mas foi inocentado. (Foto: Isanelle Nascimento)

O sonho de ser cantor profissional é o que faz o motorista de aplicativo e músico, Rubem da Mota Duarte, de 23 anos, inocentado após ser preso e responder por um crime que não cometeu, olhar com fé para o futuro.

“Daqui pra frente vou atrás do que eu quero. Não tem mais nada me prendendo, nada me segurando, agora é criar asas e voar”, encoraja-se, ao relatar o que passou durante os cinco dias de prisão e o período em que precisou usar tornozeleira eletrônica após ser acusado de tentativa de homicídio.

O episódio que mudou o curso da vida do músico ocorreu no dia 14 de janeiro de 2018, quando Duarte fazia uma corrida pelo aplicativo levando três passageiros e, ao ter o carro abordado pela polícia, se viu em uma perseguição policial.

O trio, que acionou o serviço por volta das 18h30 no Bairro Lagoa Redonda, sacou armas de fogo e obrigou o músico a seguir a corrida quando um carro de polícia fez sinal para que o veículo encostasse.

Rubem Duarte acabou baleado na perna após conseguir sair do carro. Ele conta que saiu do veículo com as mãos para cima quando foi alvejado. Os três suspeitos da ação fugiram e ainda não foram encontrados pela polícia.

Apesar de recuperar a inocência, reconhece que o caminho para reconquistar os parceiros na música não é fácil. “Tô dando continuidade. Comecei da estaca zero de novo, porque depois de uma coisa dessa você não tem a mesma confiança, o mesmo crédito na praça, mas tô voltando a cantar”, garante.

Banho com ajuda de detentos
O músico ficou preso por cinco dias e depois conseguiu o direito de responder ao processo em liberdade, permanecendo com a tornozeleira eletrônica.

“Pensei que ia morrer ali... não quero nem relembrar muito como foi lá dentro porque foi muito tenso. Eu tava ferido na perna, com muito medo de infecção, uma cela reduzidíssima, suja e com muita gente. A primeira noite que dormi lá não pude me mexer. Primeiro porque minha perna tava muito ferida, não tinha remédio algum, nada, e tava um ferimento grande aberto. Eu estava sem remédio nenhum, sem espaço nenhum”, conta.

Ferido e com dificuldade de se locomover, Duarte contou com ajuda dos outros detentos na cela.

“Quando cheguei, pra tomar um banho, quem me banhou foram os próprios detentos, viram minha situação e eles mesmos tavam me banhando, me ajudando a levantar”, relembra.

‘Parei minha vida’
Usando tornozeleira e se recuperando do tiro na perna, o músico diz que passou meses sem trabalhar. “Parei tudo, parei trabalho, contas viraram bola de neve. Passei uns três meses me recuperando por causa do tiro na perna, logo depois desses três meses eu vi que não podia ficar parado. Falei “vou alugar um carro e vou trabalhar na Uber, não sei como”. Consegui alugar esse carro, consegui trabalhar, consegui pagar minhas contas, renovar minha vida, mesmo estando com a tornozeleira.”               G1 CE

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