Além da serra, empresas da RMF vêm produzindo cada vez mais itens para exportação. (Foto: Kid Júnior) |
Sofrendo
com os impactos da seca nos últimos cinco anos, produtores de plantas
ornamentais do Ceará vêm apostando em espécies adaptadas ao clima cearense e
com forte demanda no mercado internacional para voltar a figurar entre os
principais exportadores do País. De 2011 até 2015, o Ceará foi o segundo maior
exportador de plantas vivas e produtos de floricultura do Brasil. Em 2018, caiu
para a quarta posição e, de janeiro a agosto deste ano, aparece apenas em
sexto.
Desde
o ano passado, os produtores vêm apostando em variedade com maior valor
agregado (para compensar a redução de área plantada) e em espécies que tanto
têm alta demanda no exterior como boa adaptação ao clima cearense. E além dos
tradicionais polos produtores de plantas ornamentais, localizados nas regiões
de serra, sobretudo na Ibiapaba, empresas da Região Metropolitana de Fortaleza
(RMF) vêm produzindo, cada vez mais, itens voltados para a exportação, tais
como a pluméria, flor símbolo do Havaí, e a lança-de-são-jorge.
Condições
climáticas
"O
Ceará tem um clima espetacular. Temos mais de três mil horas de luz solar por
ano. A Europa e os Estados Unidos têm por volta de duas mil e quinhentas horas
por ano. A gente tem essa facilidade, além de nossas plantas serem consideradas
exóticas. Por outro lado, quem produz em estufa tem mais dificuldade para
enviar para o exterior com um preço competitivo, a não ser que haja um inverno
muito forte na Europa", diz o empresário Gilson Gondim, presidente da
Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais do Ceará.
As
plumérias são produzidas em Aquiraz e a lança-de-são-jorge em Paracuru. Ambas
têm forte demanda no mercado norte-americano. "Hoje, os exportadores estão
na Região Metropolitana, produzindo mudas e rizomas, enquanto as empresas que
produzem plantas de vaso ou flores em estufas abastecem o mercado
interno", diz Gondim. "Em Ubajara, se concentram as flores de corte,
como a rosa, e em Baturité, região que mais sofreu com a falta de água nos
últimos anos, predominam as plantas de vaso".
Logística
Outro
fator que vem beneficiando os exportadores é a redução do custo de envio para
Europa e Estados Unidos. Como a maior parte da produção é exportada por via
aérea, o aumento do número de voos internacionais partindo do Aeroporto Pinto
Martins aumentou a competitividade do produto cearense no mercado externo.
"Quase tudo é exportado por via aérea. A produção aqui vai até o fim do
ano e exportamos para o início da primavera no hemisfério norte, a partir de
março".
Ainda
segundo Gondim, até maio do ano passado, quando as companhias Air France e KLM
iniciaram suas operações em Fortaleza, uma mercadoria poderia levar por volta
de 40 horas para chegar à Holanda, tradicionalmente um dos maiores compradores
das rosas cearenses. Hoje, o trajeto é feito em menos de 10 horas. "O
frete aéreo para os Estados Unidos já existia com uma certa facilidade, mas
diminuímos o tempo também para a Europa", ele diz.
Exportações
Em
2011, o Ceará exportou US$ 4,9 milhões de plantas vivas e produtos de
floricultura, referente a 1,6 mil toneladas. No ano passado, o valor caiu
89,1%, para US$ 533,1 mil, referentes a 190 toneladas (redução de 88,7%). Desde
2014, quando as exportações somaram US$ 4,5 milhões, o volume enviado ao
exterior vem caindo sucessivamente. De janeiro a agosto deste ano, o Estado
exportou US$ 64,2 mil, valor 70% menor do que em igual período de 2018 (US$
219,3 mil).
Neste
ano, o principal comprador de plantas ornamentais do Ceará foram os Estados
Unidos, com praticamente 100% das compras (US$ 64,0 mil). Em 2011, ano em que
foi registrado o maior volume exportado pelo Estado, a Holanda respondia por
75% das compras (US$ 2,8 milhões), seguida pelos Estados Unidos (US$ 2
milhões).
Para
depender menos da demanda do mercado internacional, o setor foi beneficiado com
a abertura do Mercado das Flores de Fortaleza, inaugurado em janeiro, na Praça
Joaquim Távora. Com 40 lojas, o equipamento, que era um antigo pleito do setor,
conta com uma estrutura de aproximadamente 1.500 metros quadrados, oferecendo
uma ampla variedade de espécies para o consumidor local. Diário do Nordeste
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