sábado, 28 de setembro de 2019

Produtores visam ampliar exportação de plantas no Ceará

Além da serra, empresas da RMF vêm produzindo
cada vez mais itens para exportação. (Foto: Kid Júnior)

Sofrendo com os impactos da seca nos últimos cinco anos, produtores de plantas ornamentais do Ceará vêm apostando em espécies adaptadas ao clima cearense e com forte demanda no mercado internacional para voltar a figurar entre os principais exportadores do País. De 2011 até 2015, o Ceará foi o segundo maior exportador de plantas vivas e produtos de floricultura do Brasil. Em 2018, caiu para a quarta posição e, de janeiro a agosto deste ano, aparece apenas em sexto.

Desde o ano passado, os produtores vêm apostando em variedade com maior valor agregado (para compensar a redução de área plantada) e em espécies que tanto têm alta demanda no exterior como boa adaptação ao clima cearense. E além dos tradicionais polos produtores de plantas ornamentais, localizados nas regiões de serra, sobretudo na Ibiapaba, empresas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) vêm produzindo, cada vez mais, itens voltados para a exportação, tais como a pluméria, flor símbolo do Havaí, e a lança-de-são-jorge.

Condições climáticas
"O Ceará tem um clima espetacular. Temos mais de três mil horas de luz solar por ano. A Europa e os Estados Unidos têm por volta de duas mil e quinhentas horas por ano. A gente tem essa facilidade, além de nossas plantas serem consideradas exóticas. Por outro lado, quem produz em estufa tem mais dificuldade para enviar para o exterior com um preço competitivo, a não ser que haja um inverno muito forte na Europa", diz o empresário Gilson Gondim, presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais do Ceará.

As plumérias são produzidas em Aquiraz e a lança-de-são-jorge em Paracuru. Ambas têm forte demanda no mercado norte-americano. "Hoje, os exportadores estão na Região Metropolitana, produzindo mudas e rizomas, enquanto as empresas que produzem plantas de vaso ou flores em estufas abastecem o mercado interno", diz Gondim. "Em Ubajara, se concentram as flores de corte, como a rosa, e em Baturité, região que mais sofreu com a falta de água nos últimos anos, predominam as plantas de vaso".

Logística
Outro fator que vem beneficiando os exportadores é a redução do custo de envio para Europa e Estados Unidos. Como a maior parte da produção é exportada por via aérea, o aumento do número de voos internacionais partindo do Aeroporto Pinto Martins aumentou a competitividade do produto cearense no mercado externo. "Quase tudo é exportado por via aérea. A produção aqui vai até o fim do ano e exportamos para o início da primavera no hemisfério norte, a partir de março".

Ainda segundo Gondim, até maio do ano passado, quando as companhias Air France e KLM iniciaram suas operações em Fortaleza, uma mercadoria poderia levar por volta de 40 horas para chegar à Holanda, tradicionalmente um dos maiores compradores das rosas cearenses. Hoje, o trajeto é feito em menos de 10 horas. "O frete aéreo para os Estados Unidos já existia com uma certa facilidade, mas diminuímos o tempo também para a Europa", ele diz.

Exportações
Em 2011, o Ceará exportou US$ 4,9 milhões de plantas vivas e produtos de floricultura, referente a 1,6 mil toneladas. No ano passado, o valor caiu 89,1%, para US$ 533,1 mil, referentes a 190 toneladas (redução de 88,7%). Desde 2014, quando as exportações somaram US$ 4,5 milhões, o volume enviado ao exterior vem caindo sucessivamente. De janeiro a agosto deste ano, o Estado exportou US$ 64,2 mil, valor 70% menor do que em igual período de 2018 (US$ 219,3 mil).

Neste ano, o principal comprador de plantas ornamentais do Ceará foram os Estados Unidos, com praticamente 100% das compras (US$ 64,0 mil). Em 2011, ano em que foi registrado o maior volume exportado pelo Estado, a Holanda respondia por 75% das compras (US$ 2,8 milhões), seguida pelos Estados Unidos (US$ 2 milhões).

Para depender menos da demanda do mercado internacional, o setor foi beneficiado com a abertura do Mercado das Flores de Fortaleza, inaugurado em janeiro, na Praça Joaquim Távora. Com 40 lojas, o equipamento, que era um antigo pleito do setor, conta com uma estrutura de aproximadamente 1.500 metros quadrados, oferecendo uma ampla variedade de espécies para o consumidor local.                     Diário do Nordeste

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