Venezuelanos no Centro exibem cartazes na rua pedindo ajuda. (Foto: Helene Santos) |
Resgatados
em maio deste ano de situação de vulnerabilidade por estarem vivendo
em pequenos cômodos em condições precárias no Centro de Fortaleza, cerca de
40 refugiados venezuelanos, índios da tribo Warao, vivem, desde junho, em um
imóvel localizado em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O
local foi cedido por um voluntário — que pediu para não ser identificado — após
se deparar com uma das famílias pedindo dinheiro em uma rua da capital
cearense.
De
acordo com o homem, que recebe ajuda também de outras pessoas da região,
inicialmente 20 pessoas chegaram para morar no galpão de grande extensão que
foi alugado para eles.
“Eram
três famílias no começo. Quando eles chegaram lá, começaram a ter ajuda e
assistência, eles acabaram conseguindo se comunicar com outros familiares deles
que estão em outras partes do Brasil como Natal (RN), Belém (PA) e em
municípios de Roraima. Alguns conseguem vir para cá. Caso eles queiram levar
outros refugiados para lá, a única coisa que pedi é que eles tenham espaço para
colocar eles”, afirma o voluntário.
Ele
destaca que todos os abrigados já fizeram a solicitação de refúgio.
Alimentação, produtos de higiene e vestimentas são obtidos através de doações,
e o galpão foi equipado com geladeira, fogão e ventilador.
O
homem explica que estabeleceu um trato com os venezuelanos. Ele lhes garante o
espaço para dormir e realizar as atividades do dia a dia, dá assistência
conforme for possível, incluindo mediações para se comunicar em português;
enquanto isso, o grupo tenta conseguir seu próprio sustento.
“Muitos
procuram trabalhar, mas eles só arranjam ‘bicos’ e não conseguem muito
dinheiro, então não é possível se manterem sozinhos”, diz. Embora promessas de
trabalho sejam feitas, a falta de documentação dificulta o processo. Por isso,
o grupo continua pedindo dinheiro nas ruas, na tentativa de completar a renda.
“Enquanto eles estiverem aqui e precisando, a gente vai fazer o possível. É
tudo com nosso recurso próprio”.
Nascimento
Mais
recentemente, em agosto, o grupo de refugiados e a comunidade que os ampara
deram as boas-vindas a um novo membro da tribo Warao: a pequena Larissa, que
nasceu no distrito de Jurema, em Caucaia. Sua mãe já estava grávida quando foi
abrigada no Ceará, porém, o fato só foi descoberto aos sete meses de gestação.
Voluntários deram o apoio necessário para que fosse realizado o pré-natal, e
mãe e filha foram acompanhadas até o dia do parto, que aconteceu no Hospital e
Maternidade Santa Terezinha.
“Ela
é uma cidadã brasileira, caucaiense. O nascimento de filhos, para eles, é algo
que garante mais respeito tanto para o homem quanto para a mulher. Quanto mais
filhos, mais respeito. Eles dão muita prioridade para as crianças, e esse casal
já tinha dois filhos”, revela o voluntário. A Polícia Federal autorizou o
registro da menina, que já tem certidão de nascimento.
Para
ele, o único desejo da comunidade que ajuda os refugiados era de que a menina
nascesse com saúde, e tivesse a assistência necessária, o que não seria
possível se estivessem fora do abrigo. “Ela teve um bom atendimento na
maternidade, toda a equipe foi bastante atenciosa. Quando a gente viu que ela
tinha nascido, para nós, foi um momento muito gratificante, por saber que ela
estava indo para casa e que teria comida, um teto, uma rede pra dormir”.
Suporte
Em
nota, a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos
Humanos (SPS) informa que está atendendo seis núcleos familiares residindo em
Caucaia, três deles chegados recentemente a Fortaleza, e todos com apoio de um
grupo de voluntários. A pasta ressalta que nenhum deles está com emprego
formal, uma vez que ainda não têm a documentação necessária para isso. G1 CE
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