De
janeiro a junho deste ano, o Ceará apresentou um saldo de 313 lojas fechadas.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o mercado cearense foi
o estado brasileiro que mais perdeu estabelecimentos comerciais no primeiro
semestre de 2019. Em todo o Brasil, a diferença entre abertura e fechamento foi
positiva, com a criação de 3.328 empresas.
O
economista da CNC Fabio Bentes explica que desde o segundo semestre de 2015 o
Ceará vinha apresentando saldos negativos no comércio. Foram seis semestres
consecutivos de queda até o segundo semestre do ano passado, o primeiro a
fechar em saldo positivo no período.
"Essa
saldo negativo vinha diminuindo semestre a semestre. Chegou a ser positivo no
segundo semestre de 2018 em 42 lojas. Agora, voltou a ser negativo. Trezentas e
treze lojas fechadas é ruim, mas na segunda metade de 2015, foram 1.619 lojas
fechadas no Estado”, explica Bentes.
Ele
acrescenta que o fechamento no Ceará está muito associado ao comportamento do
varejo. De janeiro a julho, o volume de vendas do setor no estado foi negativo
em 1,1%, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), elaborada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Enquanto isso, esse volume
no Brasil foi positivo em 1,2%", destaca o economista.
Desemprego
O
fechamento das lojas parece ter sido um dos fatores que interferiu no mercado
de trabalho cearense no primeiro semestre. Segundo o Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pela Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, o estado perdeu 6.994 postos
de trabalho de janeiro a junho. Desse total, 4.704 foram só no comércio.
Apesar
da perda de oportunidades, o presidente da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola,
aponta que é necessário aprofundar a análise e ver o porte das empresas que
foram encerradas. "Se tiverem sido encerradas 200 Microempresas
Individuais (MEI), o impacto vai ser pequeno. Agora, se tiverem sido fechadas
100 empresas de porte pequeno a médio, a consequência vai ser maior”, ressalta.
Já
o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas),
Cid Alves, afirma que o impacto nos empregos na capital cearense só não foi
maior por conta do equilíbrio das contas do Estado e do Município. “Isso gerou
uma segurança para os servidores públicos e suas famílias, por exemplo,
evitando que a queda no consumo tenha sido ainda maior”, avalia.
O
segmento de confecção, segundo Alves, é o que tem sofrido as maiores
dificuldades, diante de alguns casos de concorrência desleal no setor. “O Ceará
sempre teve um polo de confecções muito pujante, mas vem sofrendo com alguns
fatos que interferiram na condução desses negócios. Toda a cadeia produtiva foi
afetada, por isso o impacto foi tão representativo. Só não foi pior pelo
equilíbrio”, ressalta.
G1 CE
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