(Foto: Alex Pimentel) |
Com
quase nove décadas de vida, o italiano naturalizado brasileiro Adélio Guiseppe
Tomasin, 89 anos, vive com o carinho e cuidado de amigos que conquistou ao
longo da vida destinada a atender pessoas carentes no município de Quixadá, no
Sertão do Ceará. O missionário da vila de Montegaldella, província de Vicenza,
vivencia nesta terça-feira (1º) o Dia Internacional das Pessoas Idosas, data
que lembra a luta por direitos da pessoa idosa.
O
missionário deixou um legado de benefícios ao povo da região cearense. Em 1988,
quando assumiu a diocese de Quixadá, logo ajudou a instalar o Hospital
Maternidade Jesus Maria José. Além disso, o italiano teve influência direta na
construção da Creche Escola Regina Pacis, além da Comunidade Novos Horizontes,
acolhimento para dependentes químicos.
Ele
ainda fundou a Escola Artesanal e a Rádio Cultura. Hoje, todo o legado
construído pelo religioso em Quixadá é administrado pelo seu substituto na
diocese, o bispo dom Ângelo Pignoli.
Quando
não está em suas orações diárias ou pintura - o que gosta de fazer no tempo
livre, o religioso está debruçado em seus projetos. Apesar da idade avançada,
dom Adélio mostra preocupação com problemas próximos a ele.
“Milhões
morrem a cada ano, por doenças e de fome, e muitos que não passam fome de pão
passam fome de amor. Isso é mais doloroso que as feridas no corpo. Com nossos
idosos não é diferente. Ao invés de excluídos, humilhados, quem até os 60 anos
se dedicou a construir este país merece ser respeitado”, destaca o religioso.
Estatuto
do Idosos
No
dia 1º de outubro também é comemorado o 16º ano do Estatuto do Idoso,
legislação que trata dos direitos assegurados a quem tem idade igual ou
superior a 60 anos. No quadro de direitos, a realidade apresenta seus próprios
tons em cidades do interior do Ceará.
Para
o presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Idoso no Ceará, o advogado
Raphael Castelo Branco, “a situação da pessoa idosa no interior apresenta
algumas contradições”. Segundo ele, embora existam conquistas, pontos cruciais,
como “acessibilidade” e “educação específica para este público”, ainda são
desafios.
“Enquanto
a gente enxerga que serviços que eram voltadas só para a Capital estão sendo
expandidos para cidades do interior, vemos com preocupação algumas carências.
Coisas simples da vida diária, a gente nota que no interior há mais
dificuldades”, detalha o advogado. Ele acredita, ainda, que “vivemos um momento
de conquistas, mas, também, de dificuldades”.
Por
outro lado, Raphael vê que, em municípios do interior, há um zelo maior com
este público. “Alguns problemas, como abandono, são mais presentes na Capital.
Os laços familiares parecem mais fortes no interior”, pontua o advogado.
Aumento
da população
O
número de pessoas com 60 anos ou mais deve aumentar nos próximos anos. Segundo
dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), em
2055, a estimativa é que esta população ultrapasse a média nacional.
Nos
próximos 16 anos, a proporção deve superar a de crianças e adolescente. Quando
o Estado alcançar a marca de 9.744.188 habitantes, 19% da população deve ter
mais de 60 anos e 18% menos de 14. Com o aumento, torna-se ainda mais
necessário potencializar o envelhecimento ativo, termo usado para a vida social
dinâmica e saudável dos idosos. G1 CE
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