Tartaruga encontrada coberta de petróleo cru ou piche derramado nas praias de Fortaleza. Tartarugas-Oliva reabilitadas pela Aquasis em Iparana, Caucaia |
Mais
de 70 tartarugas encalharam em praias afetadas pelo petróleo cru que foi
derramado, criminosamente, em algum ponto do oceano Atlântico no litoral do
Nordeste brasileiro. No site do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a contagem oficial aponta para 65 encalhes
do réptil, porém relatos e fotografias feitas por moradores da costa
nordestina, ouvidos pelo O Povo, indicam uma quantidade maior. Boa parte dos
animais não escapa porque ingeriu a substância tóxica.
No
Ceará, de acordo com o mapa do Ibama, 11 tartarugas foram encontradas cobertas
de óleo ou com algum problema relacionado ao desastre ambiental que está em
curso no Nordeste desde o último dia 2/9. Seriam 10 animais encalhados na costa
de Jericocoara (Jijoca), distante de 299,1 km de Fortaleza, e uma na Capital.
Na verdade, somente o Grupo de Estudos e Articulações Sobre Tartarugas Marinhas
do Instituto Verdeluz atendeu seis ocorrências em Fortaleza e uma no rio
Pacoti, próximo ao Porto das Dunas, em Aquiraz, segundo a bióloga Alice
Feitosa.
No
município de Trairi, a 124 km de Fortaleza, o biólogo Célio Alves Ribeiro, do
Projeto Rizomas, enviou a fotografia do corpo de uma tartaruga encontrada morta
e com manchas de óleo. O registro foi feito pela professora Gláucia Sena, no
dia 24/9. Ela estava em uma atividade de campo entre as praias de Flecheiras e
Guajiru. O animal foi enterrado.
No
7/9, por volta das 8h30min, o gerente de vendas Neto Rodrigues, avistou com a
família pelo menos seis tartarugas mortas na beira da praia, entre a Barra do
Cauípe, em Caucaia, até a praia da Taíba, em São Gonçalo do Amarante.
Neto
Rodrigues relata que, no dia 8/9, quando estavam retornando para Fortaleza pelo
mesmo trecho, havia um golfinho morto. "Depois, no final de semana do dia
22/7, vimos muito piche entre as praias de Guajiru e Flecheiras, acho que tinha
relação com as mortes. Não fotografei porque a maré estava enchendo e também
não tinha feito a associação", explica Neto Rodrigues.
Para
Muller Holanda, chefe da Divisão Técnico-Ambiental do Ibama, é provável que
haja muito mais ocorrências do que as registradas no mapa do órgão. Como o
órgão não está percorrendo o litoral, depende das informações enviadas por
parceiros que estão nos trajetos ou recebendo avisos de encalhes.
De
acordo com assessoria de imprensa do órgão, em Brasília, "o Ibama e a
Marinha do Brasil estão realizando uma série de levantamentos no mar. O
helicóptero do Ibama está no Nordeste, fazendo o monitoramento das áreas
atingidas. O Ibama usa uma outra aeronave (de asa fixa), equipada com sensores
para detecção de óleo. Até o momento, não foi identificado na superfície da
água pelo avião especializado ou por imagens de satélite", respondeu ao O Povo.
No
último final de semana, equipes da Superintendência Estadual do Meio Ambiente
do Ceará (Semace), coletaram 500 litros do petróleo cru em nove praias cearense
em situação mais crítica. Carlos Alberto Mendes, superintendente do órgão
ambiental afirmou que uma equipe está de plantão (fone: 0800.275 2223) para
atender novas ocorrências.
O
estado onde mais encalharam tartarugas foi o Rio Grande do Norte. Segundo dados
do Ibama, foram 22 animais marinhos. O Piauí é o segundo, com 17 encalhes. O
Ceará vem com mais de 14 registros, seguido por Pernambuco.
Até
aqui, quase um mês depois do desastre ambiental, Ibama e Marinha do Brasil não
conseguiram identificar os responsáveis pelo derramamento do petróleo cru em
oito dos nove estados do Nordeste. Segundo a assessoria de imprensa da
Petrobras, o óleo não é de origem brasileira. O Povo
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