O
Ministério Público do Ceará (MPCE) protocolou, nesta sexta-feira (25), uma
liminar com pedido de interdição judicial da Casa de Repouso São Gabriel, em
Fortaleza. Além de irregularidades encontradas na infraestrutura, como
infiltrações no local, o órgão afirmou ter constatado que os administradores
confiscavam os cartões de benefício dos idosos e das pessoas com deficiência
que estavam no abrigo.
"Os
responsáveis por esse abrigo já vêm cometendo irregulares antes. E essa é mais
uma. Os outros abrigos foram fechados, inclusive, são investigados pelo
Ministério Público, em Caucaia, por exemplo. Eles reabriram um abrigo com novos
nomes, mas na verdade as mesmas pessoas administrando e com as mesmas
irregularidades, que são todas muito graves", conta o promotor Eneas
Romero, responsável pela investigação.
A
reportagem procurou Félix Peixoto, apontado como responsável pela casa. Quando
questionado sobre as denúncias do MP, ele afirmou que as irregularidades
estruturais apontadas já tinham sido corrigidas. "Isso não existe. Nós
estamos nos adequando. Sobre o cartão de benefício, não é retenção. A gente
fica quando a família que pede. Nós temos assistência psiquiátrica, nos temos
assistência social fazemos encaminhamento ao Caps [Centro de Atendimento
Psicossocial]. Isso da infiltração tinha, mas já está corrigido", conta.
"Teve
essas casas de Caucaia que funcionárias minhas abriram e fizeram denuncia contra
mim. Fizeram isso pra me derrubar. Eles armaram e fizeram isso contra mim. E
vai ser provado. Eles agiram de má fé", explica Félix Peixoto a respeito
das denúncias de outras casas de idosos com funcionamento irregular. O G1 pediu permissão ao
responsável pelo abrigo para entrar no local neste sábado, mas ele não
permitiu.
Investigação
do MP
A
ação contra o abrigo tem como base relatórios elaborados pela Secretaria de
Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) e por técnicos do MPCE que,
conforme o órgão, constataram irregularidades nas acomodações, como a falta de
cama para os residentes. Além disso, a falta de material adequado para
tratamento de saúde mental, a carência de profissionais capacitados e uma
infraestrutura irregular.
Em
julho de 2019, o MPCE realizou uma inspeção no abrigo e contou com apoio do
Corpo de Bombeiros, da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e da
Delegacia Especializada do Idoso e da Pessoa com Deficiência. Na visita, foi
constatado que o estabelecimento não possuía alvará de funcionamento e
funcionava sem a aprovação da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros.
O
Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza determinaram o retorno imediato
dos acolhidos na casa de repouso para as suas famílias, quando possível, ou
para outros equipamentos com estrutura e atendimentos compatíveis com a lei. G1 CE
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