Homens do Exército fazem patrulhamento em Fortaleza durante paralisação de PMs. (Foto: José Leomar) |
Tropas do Exército Brasileiro começam a patrulhar as ruas de Fortaleza e Região Metropolitana da capital cearense nesta sexta-feira (21), 4º dia de motim de policiais militares.
A medida é um pedido do governador Camilo Santana (PT). O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) autorizou o emprego dos militares por meio de um decreto de Garantia de Lei e da Ordem publicado na quinta-feira. O Ceará também recebeu apoio da Força Nacional – unidade comandada pelo Ministério da Justiça e formada por policiais de outros estados.
Desde a noite de terça-feira (18), parte dos PMs do estado cruzou os braços para pressionar por aumento salarial. O movimento também tem fechado batalhões – nesta sexta, a unidade de elite na cidade de Sobral foi ocupada por homens encapuzados – e atacado carros oficiais, que têm os pneus esvaziados para não poderem ser utilizadas.
Em um desses batalhões, o senador licenciado Cid Gomes foi baleado ao jogar uma retroescavadeira contra o portão que era mantido fechado pelos encapuzados. Ele não corre risco de morte.
A violência disparou durante o motim. Entre as 6h de quarta-feira e as 6h de quinta, o estado teve 29 homicídios – quase cinco vezes a média diária de 2020, de seis por dia.
As tropas do Exército que farão o patrulhamento serão formadas por militares de Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, e vão atuar de forma prioritária na capital e cidades da Região Metropolitana. No interior, as forças serão empregadas conforme a demanda.
A expectativa era que o Exército começasse a atuar a partir da tarde desta sexta, mas por volta das 10h, já havia tropas realizando patrulhamento no Centro de Fortaleza, em ruas próximas do comando da 10ª Região Militar, onde uma reunião definiu os detalhes da operação.
Reunião termina sem acordo
A proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para R$ 4,5 mil seja implementado já neste ano.
Na noite de quinta-feira (21), houve um encontro entre representantes dos policiais que participam do motim e uma comissão de senadores para por fim à paralisação. Mas, não houve acordo.
“Nós vamos continuar aqui [no quartel] com a decisão da maioria da categoria e nós só estamos aqui para obedecer o que a maioria decidiu”, disse o ex-deputado federal Cabo Sabino, que representa os policiais do movimento.
"Ele [o governo do Ceará] diz que até 7h da manhã, quem sair aqui do movimento, quem já está identificado não tem anistia. Quem não estiver identificado eles não vão atrás, mas não garante nada. Aqueles que estão respondendo IPM (Inquérito Policial Militar) vão continuar respondendo. Aqueles que foram identificados não tem anistia, não tem nada disso. E os que não foram identificados até 7h, não vão atrás de identificar", declarou Sabino.
A assessoria do governador Camilo Santana diz que não negocia anistia para os policiais. Mais de 300 policiais são investigados por participar do motim. G1 CE
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