Após conviver com sintomas do coronavírus por quatro dias, Raymundo Rebouças, 44, se consultou em um hospital particular na última sexta-feira (20), e foi internado imediatamente. No domingo (22), ele recebeu o resultado positivo do teste para Covid-19.
“Começou com febre na segunda-feira, às 16h, e continuou na terça. Na quarta, a febre passou às 15h. Na quinta-feira eu fui ao hospital, e foi diagnosticada a pneumonia. Voltei pra casa. Sexta-feira de manhã eu piorei, corri pro hospital e aqui fiquei”, relata o paciente. Ele continua internado, sem previsão de receber alta.
Ele revela o acúmulo de frustrações que acompanham a nova realidade, como fadiga e impaciência. A falta de ar, principal sintoma da Covid-19, motiva o desespero. “A sensação é de morrer afogado no seco. Você puxa o ar e não vem”, lamenta.
Raymundo conta que, desde quando iniciou o tratamento, passou a se sentir bem melhor. O médico que o acompanha, Pedro Nogueira, explica que está sendo executado um protocolo experimental para tratá-lo, além de um antibiótico. “Como é algo muito novo, alguns estudos mostram que esse protocolo funciona, e outros que não. Estamos usando para alguns casos porque ele tem uma espécie de efeito colateral que dá para manejar. Mas não há a certeza de que funciona. Ele está apresentando uma melhora lenta, mas dentro do esperado”, detalha.
Antes do diagnóstico, Raymundo trabalhava como profissional liberal e praticava exercícios físicos todos os dias. “Isso de que seria uma ‘gripezinha’ não existe, não. Eu treinava todo santo dia com personal, e (o vírus) me pegou valendo. Isso não escolhe cor, raça, sexo, nem tamanho”, diz.
Isolamento
Fora do hospital, a família de Raymundo enfrenta mais do que a preocupação e a saudade. Sua esposa desenvolveu os sintomas e está isolada em casa. Uma de suas filhas também está em isolamento domiciliar acompanhada de um irmão, e os outros dois filhos permanecem juntos em outro local. A mãe de Raymundo tem 74 anos, e também está isolada com uma cuidadora.
“Minha filha de 11 anos chora direto, dizendo à minha mulher ‘cadê, mãe, você disse que meu pai viria (para casa). Você tá mentindo, ele vai morrer, né?’. Ela passou por isso com o avô materno, que faleceu com câncer de pulmão, e sentia falta de ar, também”, diz. Hoje, pai e filha se comunicam por chamadas de vídeos.
Enquanto espera receber alta, Raymundo recomenda a conscientização da população saudável, e torce para que as pessoas atendam às orientações de autoridade da área da saúde e fiquem em casa. “Não queiram passar por isso que eu estou passando, e que muitos estão passando no mundo inteiro. Cuidem de seus familiares e deem mais valor ao ser humano. Prejuízo material a gente tira depois. O mais importante é a vida”, afirma. G1 CE
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