O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, nesta terça-feira (28), lamentar, mas não ter o que fazer em relação ao novo recorde de mortes pelo novo coronavírus registradas em 24 horas, com 474 óbitos, ultrapassando a China no número total de óbitos.
"E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", afirmou ao ser questionado sobre os números.
Em entrevista na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que cabe ao ministro da Saúde, Nelson Teich, que assumiu o cargo há menos de duas semanas, explicar os números.
"Eu tenho que falar com o ministro, ele que fala de número. Eu não falo sobre a questão da saúde. Talvez eu leve na quinta-feira para fazer uma live aqui. Ninguém nunca negou que teríamos mortes", disse.
O recorde diário anterior do Brasil era de 23 de abril, com 407 novas vítimas. O país é agora o nono com mais mortes no mundo. Segundo o boletim mais recente do Ministério da Saúde, ao todo 5.017 pessoas morreram por Covid-19. A China, por sua vez, registra 4.637 mortos, segundo a Universidade Johns Hopkins, nos EUA, que monitora a pandemia.
A primeira morte por coronavírus na China (e no mundo) foi confirmada em 11 de janeiro. No Brasil, a confirmação do primeiro óbito ocorreu em 17 de março. Em número de pessoas infectadas, o país tem 71.886 casos confirmados e está em 11º lugar, ainda atrás da China, que tem 83.938 casos.
"As mortes de hoje, a princípio, essas pessoas foram infectadas há duas semanas. É o que eu digo para vocês: o vírus vai atingir 70% da população, infelizmente é a realidade. Mortes vão haver. Ninguém nunca negou que haveria mortes", continuou o presidente.
Depois de questionar e ouvir que sua entrevista estavam sendo transmitidas ao vivo em redes de televisão, Bolsonaro buscou dar uma uma declaração mais amena sobre o assunto.
"Lamento a situação que nós atravessamos com o vírus. Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, que a grande parte eram pessoas idosas, mas é a vida. Amanhã vou eu. Logicamente que a gente quer, se um dia morrer, ter uma morte digna, né? E deixar uma boa história para trás", disse o presidente.
Apesar de não ter falado sobre nenhuma proposta para conter a transmissão do coronavírus, Bolsonaro voltou a dizer que está preocupado com a situação econômica e o aumento do desemprego no país. Ele disse que conversou nesta terça com um grupo de 200 empresários do Rio de Janeiro sobre a reabertura das atividades econômicas.
"O próprio pessoal da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) de hoje disse que tem que ser retomado."
O presidente disse que o assunto já havia sido discutido com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e afirmou ainda que pediu ao Ministério da Saúde que elabore um parecer sobre a retomada de campeonatos de futebol em estádios sem torcidas e com portão fechado.
"Ele (o ministro da Saúde) vai estudar, se for o caso, dar um parecer favorável neste sentido", complementou o presidente.
Embora tenha feito o pedido, Bolsonaro disse que não vai "obrigar" Teich a determinar a reabertura de atividades pelo país.
"Não vou dar parecer [sobre relaxamento do isolamento social]. Não vou obrigar o ministro da Saúde a fazer nada. Eu sugiro para todos os ministros. Hoje tive reunião de ministros e fiz várias sugestões", afirmou.
O presidente ainda foi questionado sobre decisão judicial que garantiu ao jornal "O Estado de S.Paulo" acesso ao resultado de seus exames para Covid-19. Ele afirmou que a lei garante o anonimato dos exames e repetiu que não teve coronavírus.
"Vocês não me viram rastejando aqui, com coriza, eu não tive [Covid-19]", disse. "Quero mostrar que eu tenho o direito de não mostrar [os exames]", continuou Bolsonaro. Folhapress
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