(Foto: Kid Júnior) |
O setor produtivo vem apresentando modelos e sugestões para a reabertura da economia desde o início da pandemia de Covid-19. E, na última terça-feira (29), foi a vez do comércio. Durante reunião do grupo de trabalho liderado pelo Governo do Estado para coordenar a retomada das atividades, a Federação da Câmara de Dirigentes Lojistas (FCDL) elencou um pacote de sugestões para que lojas em todo o Ceará possam abrir. Apesar da apresentação, o presidente da Federação, Freitas Cordeiro, disse acreditar que o Governo não deverá acatar as sugestões e prorrogará o decreto de isolamento social que se encerraria no dia 5 de maio.
O presidente da FCDL reforçou, contudo, que o pedido do comércio não é para aplicar uma reabertura sem o planejamento devido. O objetivo do protocolo de retomada entregue ao Estado é de apontar um caminho para que se possa articular a reabertura dos negócios cearenses. Cordeiro ainda afirmou esperar do Governo Estadual uma postura abrangente, considerando realidades distintas de cada município para se fazer a retomada de forma diferente em cada uma das cidades.
"Escrevemos os protocolos para criar uma possibilidade de saída, uma rota de flexibilização e reabertura das atividades empresariais. Elaboramos uma rota para todos os municípios e aí as cidades podem adaptar, criar um modelo próprio", disse.
"E temos pedido ao Governo que ele se proponha a atender aos municípios na elaboração de cada protocolo para que tenhamos uma construção equilibrada e para que, na hora de abrir, tenhamos um projeto mais consolidado", completou Cordeiro.
Medidas
No protocolo, a FCDL sugere ao Estado que se proíba eventos que gerem aglomerações, como shows e manifestações, durante o período da pandemia; e que se isole as pessoas do grupo do risco do coronavírus, como idosos e portadores de condições que possam agravar os sintomas da Covid-19. Já no âmbito municipal, a Federação sugere que prefeituras distribuam máscaras, imponham barreiras de transporte entre municípios e que se faça dedetização diária em áreas de grande movimentação de pessoas.
O protocolo de reabertura da FCDL ainda contém uma série de diretrizes às empresas, com recomendações de segurança e saúde para evitar a propagação do coronavírus em lojas e centros comerciais. Lojas de roupa, por exemplo, não poderiam oferecer provadores, assim como não poderia haver degustação de produtos em outras lojas. Além disso, a Federação sugeriu um calendário de operação para que lojas e centros comerciais evitem picos de movimentação nos negócios e nas vias de transporte.
Exemplo
Cordeiro ainda disse que é preciso considerar casos de cidades e países que fizeram a reabertura sem planejamento e registraram um crescimento da curva de contaminação. Ele, contudo, reforçou que o setor empresarial está brigando para conseguir subsídios para as empresas. O objetivo é garantir que os negócios possam atravessar a crise sem ter de fazer demissões ou fechar as portas definitivamente.
"Todos esses exemplos mostram que os gestores têm que ter essa cautela. O que nós temos advogado em prol do comércio é que se prepare subsídio para que as empresas passem por esse momento. As empresas ainda vão ter uma recuperação mais lenta. Elas vão precisar de amparo e essa conta vai bater no Governo mesmo", disse.
Ele ressaltou o pleito para que o Governo do Estado suspenda a cobrança de impostos durante o período da pandemia. Para pagar, as empresas teriam até 120 meses (10 anos), com até 90 dias de carência para começar a pagar os valores suspensos após a situação ser normalizada.
Saúde
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio), Maurício Filizola, que também faz parte do grupo de trabalho do Governo do Estado, destacou que as decisões para reabertura serão tomadas a partir da análise da equipe de saúde. A perspectiva já havia sido apresentada pelo governador Camilo Santana em entrevistas e transmissões ao vivo pelas redes sociais. Mas umas das condições mencionadas pela Secretaria de Saúde do Estado seria que, para haver reabertura, o Ceará precisaria apresentar 14 dias seguidos de redução dos casos de contaminação.
"A preocupação é muito grande. Se houvesse pico hoje, teríamos que ter pelo menos 14 dias seguidos de queda de índice de infecção para haver a possibilidade da abertura. Dentro dessas diretrizes do sistema de saude, também temos de considerar a disponibilidade de leitos, e hoje estamos com leitos praticamente todos ocupados. Além disso, teremos de testar nossos colaboradores para garantir um retorno seguro", disse.
Filizola, contudo, destacou a importância de o Governo do Estado estabelecer o diálogo com o setor produtivo para planejar a reabertura das atividades econômicas. Ele ainda mencionou que empresários têm ficado apreensivos por não terem previsão de quando poderão voltar aos trabalhos. As maiores preocupações seriam conseguir pagar as contas e manter as empresas ativas no mercado.
"Estamos vendo um descontentamento dos empresários por não ter uma data para o retorno. Em nenhum momento houve algo pontuado dessa maneira. A falta de previsibilidade é o que incomoda. E isso é uma responsabilidade que não é nossa, mas do Governo, de trazer mais clareza", disse.
Já o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, disse que espera que a volta seja imediata no ramo da construção. Segundo ele, um levantamento da Associação Brasileira de Incorporadores indicaria que o setor não é um dos vetores de transmissão do vírus no País, com uma taxa de apenas 0,01%.
"Queremos a volta imediata. Já estamos há 40 dias parados. Inicialmente, fizemos TAC com sindicato dos trabalhadores, MPT, TRT, e demos férias coletivas de 15 dias, depois mais 15. Agora esse prazo já acabou", disse. Diário do Nordeste
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