sexta-feira, 1 de maio de 2020

Icasa completa 57 anos em meio a incertezas por conta da pandemia de covid-19

Icasa campeão juazeirense de 1969. Em pé: Azul, Zé do Carmo, Ramos, Zé Cicero, Nena, Pirajá e Isaias (massagista). Agachados: Raimundo Pio, Dote, Caçote, Joãozinho, Geraldino e Gilson. (Foto: Arquivo Alemberg Quindins)
Em meio à pandemia de Covid-19, o Icasa completou 57 anos de fundação, neste dia 1º de maio, sem ter ideia de quando retornará aos gramados - assim como todos os clubes cearenses. No entanto, com a Série B do Campeonato Cearense estava prevista para começar no último dia 18 de abril, todo o planejamento do “Verdão do Cariri” foi afetado. A diretoria teme perder patrocínios e parceiros já apalavrados para a disputa.

Fundado em 1º de maio de 1963, é importante ressaltar que o Icasa Esporte Clube fechou as portas em 1998 após sofrer com uma ação judicial de um ex-atleta. Em 7 de janeiro de 2002, retornou como Associação Desportiva Recreativa Cultural Icasa, trajando as mesmas cores e o mesmo escudo. Por isso, a primeira data de criação é celebrada pelos torcedores.

Campeão cearense em 1992, ao lado de Fortaleza, Ceará e Tiradentes, o Verdão do Cariri foi vice-campeão em outras cinco oportunidades (1993, 1995, 2005, 2007 e 2008). Em 2013, em campanha histórica, quase conquistou o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, ficando em 5º lugar. Porém, desde então, coleciona sucessivos rebaixamentos e, este ano, disputará pela quarta vez consecutiva a segundona do Estadual.

PANORAMA DE 2020 
No dia 10 de março, o técnico Flávio Araújo, ídolo da torcida, era apresentado pela diretoria. O retorno do treinador, após nove anos, responsável pelo acesso à Série B do Campeonato Brasileiro, em 2009, e dois vice-campeonatos cearenses, em 2005 e 2007, era a grande aposta para a temporada. 

O primeiro decreto estadual como enfrentamento à pandemia foi publicado no dia 16 de março, quando jogadores apalavrados ainda desembarcavam em Juazeiro do Norte para iniciar a pré-temporada. “Na noite deste mesmo dia, tiveram que retornar para suas cidades”, conta o presidente do clube, Francisco Leite Bezerra, o França Bezerra. Hoje, o Icasa mantém atletas da base, todos da região do Cariri. “Fornecemos algum time de ajuda a eles”, completa o dirigente.

O presidente admite que o Icasa deve perder parcerias. “Tinha muitas coisas apalavrados de março para abril. Como vai ficar os patrocinadores? Mesmo que volte, a gente sabe que todas as empresas estarão abaladas. A gente não sabe se as que tem contrato vão continuar e as que estão apalavradas continuarão”, lamenta. Há alguns anos, o Verdão  sofre para manter a estabilidade financeira. Atualmente, há cerca de 180 ações trabalhistas movidas contra o clube e sua dívida gira em torno de R$ 15 milhões. 

A diretoria também contabiliza prejuízos, ainda este ano, já que houve investimentos na comissão técnica, jogadores e no pagamento de hospedagem. “Alguns (jogadores) a gente já tinha feito adiantamento”, conta o dirigente. “Todo nosso planejamento deste ano foi por água abaixo. Vamos aguardar. Deus sabe o que faz”, completa. 

Outra aposta para a temporada foi o retorno de Kléber Lavor como diretor de futebol o Verdão do Cariri. O dirigente, que teve muito sucesso no comando do Icasa fora das quatro linhas e responsável pelo retorno de Flávio Araújo, admite a interrupção do planejamento, mas projeta que a pré-temporada acontecerá 30 dias antes da data de estreia na segundona. “Mas a gente não sabe quando retorna a primeira divisão, imagine a segunda divisão”, provoca. 

Alguns jogadores já estavam com a documentação regularizada, segundo Kléber, restando dar entrada no BID, que aconteceria no início de abril. Todas as atividades foram paralisadas no dia 29 de março e parte dos atletas permanecem sob contrato. “Vamos avaliar como pagar. Não sabemos nem se vai ter o campeonato. Vamos começar tudo do zero”, admite Kléber. 

O aniversário do Icasa seria celebrado, nesta sexta-feira, no CT Praxedão com a reunião de ex-atletas, dirigentes e torcedores ilustres. O presidente França planejava, também, um jogo-treino aberto no mesmo local ou no Estádio Inaldão, em Barbalha. “A diretoria não pode nem confraternizar. A comemoração é pelas redes sociais mesmo”, lamenta. 

HISTÓRIA 
No dia 15 de janeiro de 1955, foi inaugurada a primeira usina do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, na Bahia. A obra começou a fornecer energia elétrica para o Nordeste brasileiro, ajudando no crescimento, principalmente das cidades do interior. Na região do Cariri não foi diferente. No centro comercial de Juazeiro do Norte foram instaladas suas primeiras indústrias. Um destes empreendimentos, a Indústria e Comércio de Algodão de Sociedade Anônima (Icasa), criada por José Feijó de Sá, produzia algodão e também, óleo vegetal. 

A empresa se mudou para a CE-292, que liga à cidade de Crato, onde hoje funciona a multinacional Singer. Ali, funcionou o primeiro parque industrial do Município. Por trás da fábrica, os operários da Icasa construíram um campo de futebol que era utilizado antes ou depois do expediente. A rivalidade acontecia entre os empregados do setor de algodão e do setor de óleo. 

O treinador Praxedes Ferreira, que assumiu o comando do Volante Atlético Clube, foi a uma destas “peladas” procurar algum jogador para o seu time, mas viu, naquele campo de terra, a oportunidade de criar um novo time de futebol amador no Município. Os diretores da fábrica aceitaram a ideia, acreditando que ajudaria a divulgar a marca. No dia 1º de Maio de 1963 nasceu o Icasa Esporte Clube, que 11 dias depois se filiou à Liga Desportiva Juazeirense (LDJ). 

As cores, verde e branco, foram escolhidas para representar o algodoeiro. Seu primeiro presidente foi Teodoro Germano e seu treinador era Praxedes Ferreira. Os atletas eram funcionários da fábrica que recebiam um salário mínimo. Craques de times rivais e até jogadores profissionais foram atraídos pelo emprego com carteira assinada e salário mínimo. No seu primeiro ano, foi campeão juazeirense, tirando a hegemonia de três anos do seu rival, o Guarani. Após vencer o campeonato amador de Juazeiro do Norte oito vezes, o Verdão do Cariri se filiou à Federação Cearense de Futebol em 1972, para disputar o estadual.                        Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário