Sobral é o centro difusor no interior, reunindo o maior índice de diagnósticos positivos e de óbitos. (Foto: MATEUS FERREIRA) |
Em julho passado, a curva de casos confirmados de Covid-19 inverteu entre a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e o Interior. Os dados do IntegraSUS, atualizados nesta segunda-feira (3), às 14 horas, mostram que as cidades interioranas respondem agora por 52,7% dos casos confirmados da doença (93.329) e a RMF por 47,3% (83.632).
Em comparação com a mesma data, há um mês, a RMF registrou 50,8% (77.082) dos casos de Covid-19 e o Interior, 49,2% (74.817). Há três meses, a diferença entre os registros positivos da doença entre a Grande Fortaleza e o Interior era bem mais expressiva. Em 3 de maio passado, a RMF computou 83,1% (28.073) dos casos enquanto que o Interior apresentou 16,9% (5.689).
O levantamento confirma o que os infectologistas já vêm afirmando há alguns meses que a pandemia chegou ao Ceará por meio da Capital, tendo como porta de entrada o aeroporto internacional de Fortaleza, alcançando os bairros de classe média e depois se espalhando para a periferia e cidades da RMF.
Após ultrapassar a Grande Fortaleza, o número crescente ocorreu na região Norte, tendo Sobral como centro difusor e reunindo o maior índice de diagnósticos positivos e de óbitos. Ainda hoje, segundo o portal IntegraSUS, Sobral tem 9.975 casos confirmados e 286 óbitos. A cidade é a segunda, após a Capital, com maior registro de Covid-19.
A interiorização do vírus se deu através do transporte rodoviário, conforme observa o presidente da Associação dos Municípios do Ceará (Aprece), médico e prefeito de Cedro, Nilson Diniz. “A região Norte e as praias do chamado litoral Oeste por receberem maior fluxo de pessoas partiu na frente em número de casos e de mortes, mas nas últimas semanas, os registros são maiores na macrorregião do Cariri”.
Óbitos
Apesar do crescimento dos casos da doença no Sertão, o número de mortes por Covid-19 ainda é maior na RMF do que no Interior. De acordo com o portal IntegraSUS, nesta segunda-feira (3), a RMF registra 5.438 óbitos (70,2%) e o Interior 2.314 (29,8%). Mas essa diferença já foi maior no início da pandemia. Em 3 de maio passado, a Grande Fortaleza registrou 91% das mortes em decorrência da doença, e o Interior, 9%.
Nas últimas 24 horas, a macrorregião do Cariri registrou seis óbitos, enquanto que a região de Sobral e a metropolitana da Capital não tiveram nenhuma morte em decorrência de infecção do novo coronavírus.
O médico sanitarista e pesquisador da Fiocruz, Odorico Monteiro, observa que era necessário haver mais testagem na população para se conhecer a real dimensão da doença e assim ser feito um melhor planejamento das ações preventivas. “O número real é bem maior do que os dados oficiais”, pontuou. “Se há pouco testagem, os casos confirmados também serão reduzidos”.
A unidade da Fiocruz em Fortaleza está implantando uma central de exames que vai possibilitar a ampliação dos testes e a oferta de resultados mais rápidos. “O laboratório terá capacidade de realizar até 10 mil exames por dia”, frisou o coordenador, médico sanitarista, Carlile Lavor. “O vírus nos pegou de calça curta, sem tempo de nos estruturar”. Diário do Nordeste
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