(Foto: Gustavo Pellizzon) |
A taxa de juros em patamar mínimo histórico e a oferta de unidades com preços ainda defasados diante do forte crescimento da demanda levaram o financiamento imobiliário no Ceará ao seu melhor resultado mensal em cinco anos. Segundo dados da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), R$ 255,1 milhões foram contratados no Estado para a aquisição de 761 imóveis em setembro.
O valor representa o maior volume mensal no Ceará desde 2015. Na comparação com agosto - mês no qual o financiamento imobiliário no Estado já tinha apresentado o seu melhor resultado de 2020 com R$ 165,6 milhões -, houve crescimento de 54%. Na comparação com igual período de 2019, quando a tomada de empréstimo para a compra da casa própria totalizou R$ 99,2 milhões, o salto é ainda maior, de 156%.
Com o resultado, o financiamento imobiliário no Estado acumula um volume de R$ 1,19 bilhão contratado de janeiro a setembro deste ano, distribuído entre 4.696 unidades. Em igual período de 2019, a cifra era de R$ 911,1 milhões, com 3.585 imóveis financiados. Considerando o volume em dinheiro, houve crescimento de cerca de 30%.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, avalia que, assim como foi observado nos últimos meses, a taxa básica de juros em um patamar histórico de 2% ao ano puxou para baixo as taxas do crédito imobiliário, impulsionando a demanda por imóveis no Ceará e no Brasil.
"A gente está saindo de quatro anos de crise no mercado imobiliário, um período no qual os incorporadores não lançaram novos empreendimentos, então há oportunidades em estoque com preços maravilhosos e competitivos. Por outro lado, temos os bancos com as taxas mais baixas da história. Isso faz com que as vendas cresçam e as pessoas estão aproveitando esses últimos imóveis com um preço mais baixo", pontua Dias.
Além disso, ele lembra que muitas unidades estavam sendo vendidas a preços bem competitivos porque eram imóveis que estavam prontos há algum tempo (em estoque), lançados há alguns anos.
Com os estoques diminuindo, as construtoras vão se preparando para novos lançamentos. O presidente do Sinduscon-CE explica que a busca pelos escritórios de arquitetura para a realização de novos projetos está crescendo no Estado, mas esses novos empreendimentos devem chegar ao mercado com preços mais elevados que os atuais.
Isso porque, sob os efeitos da pandemia de coronavírus, os preços dos insumos utilizados no setor da construção civil tiveram seus preços alavancados. "Tem uma preocupação muito grande do nosso setor, porque estamos vendo nos últimos meses um aumento considerável e abusivo nos preços dos insumos dos produtos. O tijolo ficou 80% mais caro, o cimento subiu 30% e o aço também subiu 30%", exemplifica.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 15ª Região (Creci-CE), Tibério Benevides, também associa o resultado recorde à taxa Selic. "Como eu sempre digo, em 2014 você pagava em um imóvel de R$ 400 mil cerca de R$ 4 mil de parcela. Hoje esse valor está pouco mais de R$ 2 mil, cerca de 55% do valor daquela época", diz.
Na avaliação dele, a tendência é que o ano de 2020 se encerre com cerca de R$ 2,4 bilhões em financiamentos imobiliários. Caso a projeção se concretize, será um crescimento de 76% na comparação com o volume de R$ 1,35 bilhão financiado de janeiro a dezembro de 2019.
Brasil
No País, o volume de recursos em financiamento imobiliário em setembro chegou a R$ 12,9 bilhões, representando crescimento de 10,2% em relação ao mês de agosto de 2020, quando a cifra havia ficado em R$ 11,7 bilhões. Na comparação com o mês de setembro de 2019 (R$ 6,71 bilhões), o avanço foi de 70,1%. O volume financiado também é um recorde, em termos nominais na série histórica da Abecip.
Nos primeiros nove meses de 2020, os empréstimos destinados à aquisição e construção de imóveis totalizaram R$ 78,8 bilhões, crescimento de 44% na comparação com igual período de 2019 (R$ 54,7 bilhões). Em unidades, setembro de 2020 registrou 42 mil.
No acumulado do ano, foram 279,1 mil unidades, alta de 34,4% na comparação com as 207,7 mil unidades financiadas em igual período de 2019. No acumulado de 12 meses até setembro deste ano, considerando os dados para todo o Brasil, os empréstimos somaram R$ 102,7 bilhões, crescimento de 44,1% na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores, quando o volume de empréstimos havia somado R$ 71,3 bilhões.
Bancos
Já considerando a aquisição e a construção da casa própria, a Caixa financiou R$ 5,6 bilhões referentes a 18,9 mil unidades em todo o País. Em seguida, aparece o Bradesco no ranking, com R$ 2,3 bilhões e 7,3 mil unidades. O Itaú Unibanco ocupa a terceira posição, com R$ 2,1 bilhões e 6,9 mil unidades. O Santander totalizou R$ 2 bilhões, com 6,3 mil unidades.
Fonte: Diário do Nordeste
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