terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Adolescentes e jovens são 40% dos novos casos de covid no Cariri


Desde quando os casos de covid-19 voltaram a crescer no Cariri, em meados de outubro, a maior ocorrência da doença se dá entre adolescentes e jovens com idade entre 15 a 34 anos. Durante a pandemia, a maior incidência de casos e de mortes em decorrência da covid-19 tem sido entre pessoas com idade acima de 60 anos, grupo considerado de maior risco. Enquanto isso, os jovens são apontados como os mais resistentes ao vírus. Isto não quer dizer, contudo, que pessoas mais jovens não sejam acometidas e, por conseguinte, percam suas vidas para o novo coronavírus. Em 29 de novembro, uma garota de 15 anos, sem doenças que agravassem o quadro de infecção, perdeu a batalha contra a covid-19 e faleceu em Juazeiro do Norte.


Entre 20 de outubro e 23 de dezembro (esta última a data de conclusão desta matéria), adolescentes e jovens com idade entre 15 e 34 anos totalizavam 2.302 casos de coronavírus nas 29 cidades do Cariri, perfazendo 40,82% do total de 5.639 novos casos da doença. A título comparativo, as novas confirmações entre idosos acima dos 60 anos contabilizavam 803 casos, ou 14,24% do total de infectados no período. Adultos de 35 a 59 anos somaram 2.092 casos (37,10%) e crianças e adolescentes na faixa etária de zero a 14 anos perfaziam 442 casos (7,84%).


Na avaliação da médica pediatra Kaline Cristh Rabelo, os jovens estão “se sentindo mais seguros, principalmente após a aprovação de algumas vacinas”, o que tem tornado comum a ocupação maior de espaços frequentados por jovens, como barzinhos. “Então, é comum ver bares à noite lotados, várias pessoas numa mesa bebendo sem proteção nenhuma, sem cuidado com higiene, sem uso de máscara”, conta a médica. Além da saúde de adolescentes e jovens, a médica revela preocupação, sobretudo com relação aos grupos vulneráveis. “São esses jovens que são vetores de contaminação das pessoas vulneráveis. Aquelas pessoas com doenças crônicas, como cardiopatias, doenças renais, diabetes, hipertensão, que tem se contaminado mais, após principalmente a flexibilização da quarentena”. 

 

Ao advertir que vivemos uma segunda onda de covid-19 no Cariri, a médica juazeirense acredita que esta nova fase da pandemia na região “vem com várias consequências mais complexas do que aquela lá do início”. 

 

Ela argumenta que, apesar de já termos mais conhecimentos sobre como o vírus age no corpo das pessoas e quais são os grupos mais vulneráveis ao coronavírus, “não temos os recursos que tínhamos no início da pandemia. Não temos mais hospitais de campanha, não temos mais profissionais com tanta energia. Tem muita gente cansada, muito profissional de saúde que se sacrificou e morreu durante a pandemia”. Desse modo, Kaline Cristh recomenda aos jovens maior consciência e que abram mão de reuniões entre amigos e mesmo familiares neste final de ano. “Se tiver de ocorrer, que seja no seu núcleo familiar, com aquelas pessoas que já convivem com você. Nesse momento é importante priorizar a saúde: a nossa e a daqueles que amamos”, orienta.

Fonte: Jornal do Cariri

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