quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Cariri desponta como uma das maiores apostas para retomada do cultivo do algodão

(Fotos: Tatiana Fortes)


Capacitação de técnicos e produtores, seleção de áreas com a melhor aptidão para o cultivo de algodão, utilização de técnicas de manejo modernas e insumos adequados. Essa tem sido a fórmula que a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) do Estado, vem trabalhando para que o Ceará volte a ser um grande produtor de algodão. O Estado já foi o segundo maior produtor de algodão do Brasil, com 1,3 milhão de hectares plantados em 1976, mas viu a produção ser dizimada pela praga do bicudo. Desde 2017 o setor vem assistindo a produção ser retomada.


O Programa de Modernização da Cultura do Algodão da Sedet, tocado pela equipe da Secretaria Executiva do Agronegócio, que tem como parceiros a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), Embrapa, Instituto Centec, IFCE, Ematerce, BNB e prefeituras municipais, tem favorecido a retomada dessa produção. As ações desenvolvidas pelo Programa alcançam todo o Ceará, mas em função das características climáticas, de solo e do perfil dos seus produtores rurais, a Região do Cariri desponta como uma das grandes apostas para uma rápida retomada da cotonicultura. Os municípios de Abaiara, Barbalha, Brejo Santo, Crato, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Penaforte, Porteiras, Potengi e Várzea Alegre, juntos, somam na safra 2020/2021 mais de 1.800 hectares cultivados com algodão, o que sugere uma produção superior a 3.600 toneladas para o período.



O objetivo é retomar a cotonicultura sob novas bases tecnológicas, buscando o incremento de produção e produtividade da cultura, propiciando geração de emprego e renda no meio rural e a consequente manutenção do homem no campo.


Segundo o coordenador do Programa na Sedet, Euvaldo Bringel, o Programa utiliza o cultivo em sequeiro de outrora, que é quando se produz apenas com chuva, mas adota práticas como adubação, controle fitossanitário via uso de defensivos químicos conforme a fase do ciclo da planta e/ou a ocorrência de pragas e doenças em nível de dano, plantio e colheita mecanizados e, como ação de manejo primordial, o vazio sanitário. “A atividade mantém sua forte relevância econômica e social devido ao volume financeiro que faz circular, e por ser um forte gerador de empregos, onde 1,0 ha de algodão gera um emprego direto e mais outro indireto”, destaca o coordenador. 

 

Além do setor público, entidades privadas participam dessa cadeia produtiva, como os fornecedores de insumos e a indústria têxtil. “A Santana Textiles garante a compra de toda a produção do algodão, pagando neste ano, o preço de R$ 2,15/kg de algodão em caroço”, ressalta o assessor técnico da Sedet, Henrique Freitas. Além de garantir a compra da produção, a indústria têxtil ainda disponibiliza colheitadeiras que permitem não só agilidade operacional, mas a possibilidade da exploração de grandes áreas, que teriam sua colheita extremamente dificultada pelo processo manual.

 

Vazio Sanitário

Desde o dia 1º de outubro está em vigor o Vazio Sanitário do Algodão, que é o período de ausência total de plantas vivas de algodão no campo. Conforme a Portaria da Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri) , nº 022/2020 de 27/02/2020, art. 7º, o Vazio Sanitário prossegue até o dia 31 de dezembro. A Portaria estabelece medidas fitossanitárias para prevenção e o controle da praga bicudo-do-algodoeiro e fixa critérios para o cultivo de algodão em todo o território cearense. 

 

Sobre a Portaria, fica estabelecido que durante 90 dias não é permitido semear ou manter as plantas vivas da cultura na área, chamadas soqueiras e /ou tigueras, com o objetivo de evitar a proliferação do bicudo-do-algodoeiro. O Agricultor tem até 30 dias após a colheita para realizar a eliminação, sendo necessário eliminar os restos culturais após a colheita e durante todo o vazio sanitário. A importância desta prática se dá pela quebra do ciclo reprodutivo do bicudo do algodoeiro, viabilizando a diminuição de sua população e permitindo uma redução da pressão desta praga sobre a cultura na safra seguinte, trazendo incontestável benefício aos cotonicultores. 

 

Após o período do Vazio Sanitário, caso novos campos de produção sejam formados pelos agricultores, estes deverão cadastrar suas unidades produtivas em até 30 dias após o plantio, nos núcleos locais da ADAGRI para evitar multas.

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