Comunidade Indígena do Poço Dantas, em Crato durante visita do professor Patrício Melo. Foto: Reprodução/ Página da Associação dos Índios Kariri do Poço Dantas em Umari Crato (AICAPDU). |
Dados estatísticos divulgados na manhã da última sexta-feira, 29, pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) demostram que menos de 1% da população cearense se autodeclara indígena (0,5%).
O levantamento, que foi feito por meio de questionário em 88 dos 184 municípios cearenses, apontou que a região da grande Fortaleza concentra, em termos absolutos, o maior número de indígenas. Quase 16 mil indígenas estão localizados nessa região (15.896 pessoas), ou 0,4%.
Os povos nativos, tratados pela historiografia tradicional como indígenas, foram os primeiros habitantes do Brasil e tem, assim como os povos negros, uma história de luta e de resistência muito forte em virtude da forma como foram tratados. Na Região do Cariri, por exemplo, como apontou J. de Figueiredo Filho, no livro História do Cariri V.1, no século XVIII os povos nativos foram expulsos das terras do Crato.
Esse baixo número de pessoas no Ceará e de forma particular no Cariri, que se autodeclaram nativos (indígenas) não reflete a realidade e se justifica pela forma perversa como esses grupos foram alijados e excluídos do processo histórico, tendo que renegar sua história, sua cultura e sua família. Por outro lado, contribui para reforçar o processo de autorreconhecimento desta comunidade na região que existem e resistem.
Segundo os dados do Ipece que considerou como ano base 2019, o número de indígenas no Cariri corresponde a 2.851 pessoas, que equivale a 0,3%, apenas.
Para a professora e arqueóloga Heloisa Bitu, os números refletem “a desconstrução cultural que sofremos com a colonização portuguesa e as missões”. Para ela, o fato de grande parte dos caririenses “não se reconhecerem indígenas é fruto desse negacionismo cruel e que é resquícios da aculturação” e destaca que “aqui na nossa região” sabe-se que “os Kariris – Kariu que não se renderam ao aldeamento foram dizimados, mortos”.
Clique aqui e tenha acesso ao estudo na íntegra.
Fonte: Blog Negro Nicolau
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