Fotos: Thiago Gadelha; Isac Nóbrega/PR |
O cumprimento da agenda presidencial de Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (26) no Ceará, para a liberação de obras rodoviárias, ocorre em meio ao máximo alerta sanitário de alta transmissibilidade da Covid-19 no Ceará. São 170 dos 184 municípios com níveis acentuados de casos, mortes e ocupação de leitos. Inclusive, Tianguá, primeira parada da comitiva, está em alerta altíssimo para os níveis de contaminação.
A vinda da comitiva presidencial colocou em lados ainda mais antagônicos o presidente Jair Bolsonaro e o governador Camilo Santana. Enquanto Bolsonaro estava no interior do Estado anunciando as obras de estradas, Camilo fazia, também no fim da manhã, a entrega de novos leitos de UTI para atender à alta demanda da Covid-19 no Estado.
Providência, aliás, que está sendo adotada por governos de diversos estados do Brasil no momento considerado pelos especialistas como o pior desde o início da pandemia.
Pouco depois do fim da solenidade, o ato presidencial voltou a gerar aglomerações nas imediações do local com o presidente atendendo a eleitores. Isso aconteceu depois que as grades de ferro que separavam o público das autoridades foram retiradas minutos antes do pronunciamento de Bolsonaro. A medida foi um estímulo a mais para que os apoiadores, muitos deles sem máscara, descumprissem o distanciamento social.
Quase que ao mesmo tempo, o governador iniciava, em Fortaleza, uma reunião virtual do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 que reúne a área técnica de saúde e também autoridades em diversos níveis, como o Ministério Público Estadual e Federal, o Tribunal de Justiça do Estado, a Assembleia Legislativa do Estado e a Prefeitura de Fortaleza.
Ainda nesta sexta (26), devem sair novas medidas de enfrentamento à pandemia, com a renovação do decreto de distanciamento social.
Pautas opostas
A visita de Bolsonaro ao Estado - a segunda desde que venceu o pleito de 2018 - tem como pautas a assinatura de obras paradas em rodovias federais e a vistoria de intervenções de duplicação na BR-222, entre outras do mesmo segmento. Oficialmente, a crise sanitária não está na lista de tratativas do presidente.
O governador Camilo Santana avaliou a vinda do presidente como "um grande equívoco" pela possibilidade, hoje testemunhada, de haver "muitas aglomerações, algo frontalmente contrário" à contenção da pandemia.
“É um momento desafiador e difícil para o Ceará, para o Brasil também, que está com aumento da transmissão do vírus. É importantíssimo que a população colabore nesse momento no sentindo de reduzir a circulação de pessoas, evitar toda e qualquer aglomeração", frisou Camilo.
Ao chegar ao Ceará, entretanto, o presidente rebateu. Em discurso cheio de indiretas aos adversários, o presidente foi contrário às medidas de distanciamento social.
“Aos políticos que me criticam, sugiro que façam o que eu faço. Quero dizer a esses políticos do Executivo que o que mais ouvi aqui foi ‘quero trabalhar’. O povo não consegue mais ficar dentro de casa, o povo quer trabalhar”, disse.
Fonte: Diário do Nordeste
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