A médica foi atropelada e morta por um veículo próximo à Avenida Dom Luís, em Fortaleza. Foto: Paulo Sadat |
A investigação da morte da médica cardiologista Lúcia de Sousa Belém, de 61 anos, ocorrida há um mês, deve ser prorrogada por mais 30 dias. O 2º DP (Aldeota), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), pediu a ampliação do prazo do Inquérito Policial à Justiça Estadual para apurar a responsabilidade da motorista que atropelou e matou a médica, no bairro Meireles, em Fortaleza.
Lúcia Belém era natural de Missão Velha, na região do Cariri, cidade onde foi sepultada.
“A gente já recebeu algumas imagens de estabelecimentos próximos, o laudo cadavérico. Estou aguardando a perícia de local de crime. E já colhi alguns depoimentos de testemunhas”, resume a delegada auxiliar do 2º DP, Camila de Carvalho, que confirma a necessidade de mais um mês para investigar o caso.
Questionada se irá indiciar a motorista do veículo Range Rover Evoque, a delegada responde que ainda investiga a ocorrência e não repassa mais informações para não comprometer as apurações policiais. O Inquérito foi aberto no 2º DP, inicialmente, como crime de homicídio culposo no trânsito (quando não há intenção de matar), previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
A médica Lúcia Belém ia atravessar a Rua Coronel Jucá, no bairro Meireles, quando foi atropelada e morta por um veículo que vinha da Avenida Dom Luís, por volta de 14h20. A vítima tinha um consultório nas proximidades de onde aconteceu o acidente e também atendia no Hospital da Messejana. A morte foi lamentada pelo Sindicato dos Médicos do Ceará e pela comunidade médica do Estado.
Os advogados da família da médica, Leandro Vasques e Afonso Belarmino, afirmaram que “a autoridade policial está dedicando todo fôlego para empenho na elucidação desse lamentável evento. Estamos sugerindo algumas diligências enquanto aguardamos a conclusão pericial, mas confiamos que a condutora do veículo será indiscutivelmente responsabilizada pelo homicídio da saudosa doutora Lúcia Belém”.
Motorista
A motorista da Range Rover, uma comerciante de 38 anos (identidade preservada porque ainda não houve indiciamento), compareceu à delegacia logo após o acidente. De acordo com a investigação, ela não dirigia alcoolizada, fato comprovado pelo teste do bafômetro e também pela conta do restaurante onde ela acabara de almoçar.
Em depoimento à Polícia Civil, obtido pela reportagem, a comerciante contou que estava parada no sinal vermelho do cruzamento da Avenida Dom Luís com a Rua Coronel Jucá, quando o sinal ficou verde, entrou nesta via e atropelou a médica. A motorista alega que prestou socorro à pedestre e ligou diversas vezes para o número 190, mas o socorro não chegou a tempo. A médica perdeu muito sangue e morreu no local.
O laudo pericial cadavérico, elaborado pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce), atestou morte por traumatismo craniano. O 2º DP enviou imagens de câmeras do mesmo restaurante onde a motorista almoçava com o companheiro para a Pefoce realizar uma perícia técnica e aguarda o resultado. Os investigadores também aguardam informações do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) sobre a validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) da motorista e sobre o histórico de infrações da mesma.
Sobre as imagens das câmeras da região, uma farmácia alegou que estava com os equipamentos desativados, enquanto a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), respondeu que não tem câmeras no cruzamento. A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC) disponibilizou as imagens mais próximas, que não conseguiram flagrar o atropelamento. Os advogados da família de Lúcia Belém pediram para a Polícia solicitar imagens de um shopping situado próximo.
Testemunhas
O 2º DP ouviu pelo menos três testemunhas na investigação. Entre elas, está um motoqueiro de aplicativo, que presenciou o atropelamento e prestou depoimento à Polícia duas vezes. Na primeira oportunidade, ele disse que a médica Lúcia Belém não estava olhando para a Range Rover. Já na segunda, ele voltou atrás e disse que não tinha como afirmar isso. A recepcionista do consultório da médica Lúcia Belém revelou que ligou para ela, por volta de 13h54, para dizer que três clientes a aguardavam, quando a médica pediu 40 minutos para chegar no local.
Já o garçom do restaurante onde a motorista almoçou com o companheiro, minutos antes do acidente, contou que o casal estava tranquilo, não ingeriu bebida alcoólica, era cliente do estabelecimento e saiu em carros separados. Mas ele não presenciou o atropelamento.
Fonte: Diário do Nordeste
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