49% dos internamentos de pessoas com comorbidade são de idosos de 60 a 89 anos de idade (Shutterstock) |
Os pacientes com comorbidade são os mais hospitalizados por Covid-19 no Ceará. De acordo com boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), de 1º de janeiro de 2021 até o último dia 27 de março, 6.378 dos 8.838 internados com síndrome respiratória aguda causada pelo coronavírus têm comprovadamente uma ou mais comorbidade. Ou seja, a média é que 7 a cada 10 pacientes que compõem o grupo de risco, precisem de leitos.
49% destes internamentos são de idosos de 60 a 89 anos de idade. As comorbidades mais presentes, segundo os dados:
Cardiopatia (2.655 casos)
Diabetes (1.978) casos)
Obesidade (688 casos)
Também foram elencadas as categorias de doenças pré-existentes ou condições associadas:
Renal (243)
Imunodepressão (157)
Pneumopatia (174)
Neurológica (296)
Asma (187)
O cardiologista intervencionista Jorge Henrique de Carvalho Rocha explica que cardiopatia é um termo amplo, podendo ser de caráter congênito ou adquirida. O especialista destaca que é preciso entender que a Covid-19 é uma doença de caráter inflamatório e trombótico, com risco de agravamento da primeira para a segunda semana, a chamada fase de transição da doença.
“Assim como outras partes do corpo, o coração tende a apresentar maior inflamação. Quando se junta a fase inflamatória da doença na forma grave, induzindo perda de função, com o aspecto trombogênico da doença, isso gera uma disfunção maior da bomba, o coração”, afirma Jorge Henrique.
E complementa: “O paciente mais idoso costuma ser um paciente que carrega a cardiopatia há anos, como consequência de um histórico familiar, ou da diabetes, ou da hipertensão descontrolada, ou do tabagismo, por exemplo. É um coração que vem de longa data em sofrimento. Então, quando exigido dele um pouco mais, é natural que reaja com pouca efetividade”, destacou.
Resposta imune
Quanto mais comorbidades associadas, mais aumenta o risco de o paciente ficar em estado grave. A médica endocrinologista Ana Flávia Torquato diz acreditar que o índice de pessoas com obesidade está subnotificado. Isto, porque, a obesidade ainda não é algo comumente descrito em muitos prontuários.
De acordo com a endocrinologista, a resposta imunológica é a responsável pela defesa do corpo. E se os índices estiverem descontrolados, esta resposta pode passar por interferência e como consequência haver diferenciação no curso da doença.
“Há pessoas que desenvolvem quadro inflamatório extenso. Ocorre que pessoas com comorbidade e mais idosas têm propensão de uma resposta imunológica inadequada ao vírus da Covid-19. A imunidade de pessoas com diabetes descompensada já costuma ser alterada, esse paciente já tem tendência de uma infecção mais grave, um problema de cicatrização ou mesmo de trombose”, explica.
“Nos pacientes com glicemia controlada, o risco de desenvolver complicação é baixo e se aproxima às pessoas sem diabetes. É um risco diferente se comparado ao paciente com os diabete descontrolado. Vale ressaltar que estamos falando de riscos, não é uma sentença de morte”, ponderou a endocrinologista.
Direito à vacina
Até a metade do último mês de março, o Estado registrava baixa adesão ao cadastro da vacina por parte das pessoas com comorbidades. Menos de 10% deste grupo prioritário ainda não havia se registrado.
O Plano de Operacionalização da Vacinação, elaborado pelo Governo do Estado, estima que 627.572 cearenses tenham alguma doença pré-existente e, portanto, se encaixem entre as prioridades para a 3ª fase de imunização, a ser executada em abril e maio de 2021.
QUAIS SÃO AS COMORBIDADES?
Diabetes
Hipertensão grave
Doença pulmonar obstrutiva crônica
Doença renal
Doenças cardiovasculares e cerebrovasculares
Transplantados de órgãos sólidos
Anemia falciforme
Câncer
Obesidade (IMC maior ou igual a 40)
Conforme a Sesa, quem tem uma ou mais dessas condições foi inserido como prioridade na fila da vacinação porque tem mais probabilidade de desenvolver formas graves ou até evoluir a óbito, se infectada pelo coronavírus.
Dados do IntegraSUS ainda apontam que as principais doenças associadas aos óbitos causados pela Covid-19 são a doença cardiovascular crônica e a diabetes mellitus. Já os pacientes com as doenças hematológica crônica e hepática crônica, assim como o asma, têm os menores percentuais de mortes dentre as pessoas que compõem grupo de risco do coronavírus no Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste
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