A maioria dos empresários cearenses não concorda com o isolamento social rígido como medida de controle da pandemia do coronavírus. De acordo com pesquisa divulgada nesta quinta-feira (1º) pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), 71,4% dos empresários entrevistados são contra o lockdown. Outros 25,2% são a favor e 1,7% se mostrou indiferente.
Além dos empresários, outras categorias foram consultadas sobre o lockdown para a pesquisa. O levantamento foi realizado entre os dias 24 e 27 de março, por meio de questionário online aplicado com 2.031 pessoas, entre empresários e trabalhadores formais e informais de diversos setores, estudantes, aposentados e desempregados. A maior parte dos respondentes (55%) é do comércio de bens, serviços e turismo.
Isolamento
Além disso, o isolamento social rígido não está evitando o deslocamento dos cearenses para trabalhar ou realizar outras atividades fora de casa, de acordo com os dados. Segundo o levantamento, 60,9% dos entrevistados afirmaram que estão deixando suas residências para trabalhar ou ainda para outras finalidades.
Outros 31,4% dos respondentes estão saindo de casa somente quando inevitável e 3,9% afirmaram que estão vivendo normalmente, sem alterações na rotina. Já outros 3,8% apontaram estar totalmente isolados, sem sair de casa de forma alguma.
Maioria contra
O levantamento mostrou também que, dos 2.031 entrevistados, 56,6% são contra o isolamento social rígido (lockdown) e 38,6% são a favor. Outros 2,6% se mostraram indiferentes à medida e 2,3% não souberam responder.
Os números da pesquisa vão ser levados ao Governo do Estado com as outras propostas já apresentadas para a reabertura do comércio no próximo dia 5, após o fim da vigência do atual decreto estadual de isolamento.
Veja alguns pontos da pesquisa:
Empresários (de vários setores):
– 71,4% são contra a implementação do lockdown
– 25,2% a favor
– 1,7% indiferente
– 1,7% não sabe
Trabalhador formal
– 40,6% são contra o lockdown
– 54% a favor
– 2,6% são indiferentes
– 2,8% não sabem
Trabalhador informal
– 67,4% são contra
– 27,5% são a favor
– 4,5% são indiferentes
– 0,6% não sabe
Desempregados
– 44,1% são contra
– 43,1% são a favor
– 5,9% são indiferentes
– 6,9% não sabem
De acordo com o presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola, que apresentou o levantamento à imprensa e às lideranças de sindicatos patronais ligados ao comércio de bens, serviços e turismo, o diálogo tem sido aberto no grupo de trabalho do Governo do Estado para a retomada e do comitê que trata da reabertura. “Colocamos nossos pontos de vista. Levamos e formatamos as nossas propostas através de ofício. Não é um desejo do presidente da Fecomércio-CE, mas é coletivo, de todo o empresariado cearense”, destacou.
Reabertura no dia 5
Ele reforçou que está confiante que o setor será atendido em relação à reabertura do setor no próximo dia 5 deste mês e que espera que a retomada do comércio ocorra com algumas diferenças em relação ao Plano de Reabertura colocado em prática no fim do lockdown de 2020. Enquanto naquela época apenas parte do comércio reabria conforme as fases iam avançando, agora a ideia da entidade é que o setor reabra de forma unificada, mas um quadro menor de colaboradores e em horário reduzido.
“Existe essa diferença: a manutenção de um quadro menor de colaboradores nesses primeiros 15 dias de reabertura e uma diminuição de carga horária na abertura e no fechamento. Diferenciamos também os shoppings e as lojas de rua”, disse Maurício Filizola, pontuando ainda a preocupação do setor em relação às aglomerações no transporte coletivo.
Vacinas para o comércio
O presidente da Fecomércio-CE destacou ainda o desejo do comércio de adquirir vacinas e contribuir para o avanço do processo imunizatório e aceleração da retomada da economia, mas lamentou que a “lentidão do setor público, por questões legislatórias”, dificulte a adoção dessa medida. “É papel, sim, da Federação fazer essa negociação. Sabemos que existem pendências jurídicas que impedem que a gente contribua”, ressalta.
“Parece até que a gente ia comprar as vacinas do Governo Federal. Não! Nós iríamos atrás no mercado internacional, iríamos ver as situações de compra. Acontece que o setor público é muito lento e a gente até entende isso, pela maneira de regramento, de legislação”, frisou Filizola. “(Queremos que) nos deixem agir! Se estivéssemos desde o início autorizados a comprar e negociar, eu tenho certeza que uma parte muito maior da população brasileira estaria sendo vacinada. Estaríamos ajudando a economia a fluir de maneira mais rápida”, arrematou.
Fonte: Diário do Nordeste
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