Pelo menos 34 municípios estão em lockdown ou isolamento rígido no Ceará

Potengi é um dos 34 municípios em lockdown ou isolamento social rígido para conter avanço do coronavírus. Foto: Guto Vital

No Ceará, 34 municípios estão em lockdown ou isolamento social rígido. Quase metade deles se concentra no Cariri, que apresenta situação mais crítica com relação à contaminação da Covid-19. Decretos do Estado têm liberado avanço no processo de flexibilização das outras quatro regiões (Fortaleza, Sobral, Litoral Leste/Jaguaribe e Sertão Central), mas mantêm o Cariri sob medidas mais restritivas há cinco semanas. Além disso, documento recomenda maior rigor nas determinações por parte das prefeituras da região. Dos 45 municípios localizados no Sul do Estado, 15 estão em lockdown.

A região de Sobral tem quatro municípios sob lockdown e nove sob isolamento social rígido. O Litoral Leste/Jaguaribe têm dois municípios com determinações rígidas e o Sertão Central, quatro. A região de Fortaleza não tem nenhum município com vigência de decretos desse tipo. Levantamento foi feito com dados repassados pelas superintendências regionais de saúde, por meio da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), e pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) na terça, 1º, e na quarta-feira, 2.

As regras variam conforme a determinação de cada prefeitura, sendo o lockdown a deliberação mais severa. Alguns decretos foram publicados após orientação do MPCE. O órgão já expediu recomendação para determinação de isolamento social rígido a 24 municípios cearenses entre 11 de maio e 1º de junho.

Conforme a infectologista Lúcia Duarte, Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa e coordenadora do GT de Enfrentamento à Covid-19 da Universidade Estadual da Saúde (Uece), as medidas de enfretamento tomadas a nível municipal são de extrema importância para evitar a disseminação do vírus no Estado. “Se toma uma medida mais drástica exatamente para evitar que extrapole os limites dos municípios”, aponta.

Ela explica que uma alta taxa de exames com resultado positivo para Covid-19, como vem sendo observada em algumas cidades, indica grave circulação viral. “Quando há lockdown, há retrocesso da contaminação. É só ver o Ceará depois do lockdown. O número de óbitos ainda fica alto por um período por causa dos que estão internados, mas depois começa a cair também”, detalha.

“Nos municípios do Interior, a vacinação é muito lenta. Muitos já se acham imunes. A gente não tem um número de vacinas importante para vacinar como gostaria. Nessa segunda onda, a população não ficou mais dentro de casa”, acrescenta a professora.

Alerta no Cariri

Em live para anunciar o novo decreto de isolamento social na última sexta-feira, 28, o secretário da Saúde, Carlos Martins Rodrigues Sobrinho, Dr. Cabeto, ressaltou que a taxa de positividade de exames RT-PCR no Cariri é o indicador mais preocupante, próximo a 53%.

A infectologista Lúcia Duarte destaca a situação de Juazeiro do Norte. “É a maior cidade da região, com muito comércio e muitas universidades. Eu sei da preocupação com a economia. É difícil para o gestor, mas tem que ter uma prioridade. Não tem outro jeito”, alerta.

Nessa quarta-feira, 2, o prefeito de Juazeiro, Glêdson Bezerra, anunciou que medidas mais restritivas devem ser decretadas nesta quinta-feira, 3, diante do agravamento dos casos de Covid-19. “Nos últimos dias, infelizmente, estamos amargando um aumento de casos, assim como tem aumentado o número de mortes. E o mais preocupante é que não temos leitos de UTI suficientes para atender a todos os municípios que recebem o auxílio do Hospital Regional”, explicou.

Na região, 95,57% dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão ocupados. O Hospital Regional do Cariri está com todos os 73 leitos de alta complexidade ocupados. No total, 71 pacientes estão esperando transferência para leitos na região, sendo 29 para enfermarias e 42 para UTIs.

Estado

Com o recrudescimento de casos da segunda onda, o lockdown foi decretado em Fortaleza no dia 5 de março deste ano. No dia 13, decreto estadual estendeu as medidas para todo o Estado. Elas foram mantidas até dia 12 de abril.

Desde então, o Governo do Estado já pausou a flexibilização por duas vezes. Com a mudança dos cenários epidemiológicos em cada região, as medidas foram diferenciadas. Fortaleza e Sobral avançaram primeiro. Depois, Sertão Central e Litoral Leste/Jaguaribe também tiveram medidas com menos restrições.

Fonte: O Povo