A cervejaria Ambev, dona de marcas como Skol, Brahma, Antarctica, Bohemia e Stella Artois, acaba de aumentar o preço das cervejas.
Segundo apurou a reportagem com donos de restaurantes em São Paulo, a partir desta sexta-feira (1º de outubro), haverá aumento de 5% a 6% em chope e cervejas, incluindo embalagens descartáveis. Outros comunicados aos quais a reportagem teve acesso falam de repasses desde esta segunda (27) ou a partir de sábado (2).
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) confirma o aumento de preços e afirma que o reajuste deve vir alinhado com a inflação acumulada nos último 12 meses, em torno de 10%.
No comunicado enviado a clientes e distribuidores, ao qual a reportagem teve acesso, a cervejaria "que concentra 60% de participação de mercado no país" afirma que o reajuste vai seguir, "em linhas gerais, a variação da inflação, variação de custos, câmbio e carga tributária".
De acordo com o comunicado, "os reajustes podem variar entre regiões, marcas, embalagens e segmentos".
"Reforçamos o nosso compromisso com a competitividade das nossas marcas no mercado, visando sempre a boa performance do volume de vendas da indústria", diz a Ambev no comunicado.
O mercado de cerveja está estagnado: segundo a consultoria Euromonitor, este ano a venda de cervejas no Brasil deve atingir R$ 197,97 bilhões, uma alta nominal de 7,3% sobre 2020, sem descontar a inflação.
Na opinião de Marcelo Balloti Monteiro, analista do setor de bebidas da Lafis Consultoria, a pressão de custos está bastante elevada, em especial, de matéria-prima e energia.
"Mas, em um primeiro momento, o impacto do aumento de preços deve ser menor na demanda, porque ocorre em um momento de retomada de diversos eventos e com a aproximação das festas de fim de ano", afirma.
Questionada pela reportagem, a Ambev afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que se trata de um aumento natural, que ocorre todo ano. A empresa afirma que houve reajuste no ano passado, mesmo em meio ao período mais crítico da pandemia, com parte dos bares e restaurantes fechados. Mas, neste caso, o aumento não atingiu as embalagens retornáveis, diz a cervejaria.
Agora, o aumento é generalizado, para diversas embalagens e marcas. A Ambev não informou, porém, qual a faixa de reajustes. Disse apenas que os reajustes vêm ocorrendo "nas últimas semanas".
As rivais Hineken e Itaipava também foram questionadas sobre aumento de preços, mas não retornaram até o fechamento desta reportagem.
A Ambev vem tentando crescer fora do mercado de cervejas. Em agosto, a companhia anunciou a criação de uma nova divisão, chamada Future Beverages and Beyond Beer (bebidas do futuro e além da cerveja, em tradução livre).
A disparada na venda de bebidas durante a pandemia fez com que os consumidores passassem a diversificar o portfólio alcoólico, testando novas marcas e categorias até então vistas como nicho pela companhia.
Cresceu especialmente o consumo de vinhos e de águas com gás alcoólicas e saborizadas (as "hard seltzers"), fora as cervejas de baixo teor alcoólico e as premium categorias que têm o público jovem e o feminino como alvo. Este é o mercado ao qual tem se dedicado a principal rival da Ambev, a Heineken.
A marca holandesa, por sinal, se tornou a favorita do brasileiro, segundo pesquisa do banco Credit Suisse divulgada em janeiro. Mas é quase 50% mais cara que a Skol, da Ambev, a mais consumida.
Segundo analistas do setor, a Ambev vem perdendo competitividade com as suas marcas mainstream (comuns), como Skol, Brahma e Antarctica, enquanto as cervejas premium, vinhos e outras bebidas de baixo teor alcoólico crescem.
Fonte: Folhapress
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