Quarto instalado nos fundos do sítio era usado para colocar internos com comportamento considerado 'agitado'. Foto: Arquivo pessoal |
Uma vistoria em um centro de reabilitação para dependentes químicos feita na manhã desta quinta-feira (30 de setembro) na cidade de Crato, revelou 25 homens vivendo em ambiente insalubre. Foi constatada ainda a existência de uma espécie de cela chamada de "quarto do pensamento" onde eram colocados trancados os internos considerados mais "agitados".
O procurador do município do Crato, Renan Xenofonte, afirmou que o local não tem alvará da Vigilância Sanitária e deverá ser interditado.
"Infelizmente foi essa a estrutura que encontramos aqui, ou melhor, a ausência de estrutura. É uma situação precária. Já fizemos uma reunião de emergência para recolher documentos que atestam que não existe alvará para funcionamento do local. O primeiro ato é pedir a interdição do centro", disse.
Medicamentos vencidos
Além da falta de estrutura adequada para abrigar os internos, como camas danificadas e colchões sem cobertura, no centro de reabilitação foram encontrados medicamentos com prazo de validade vencidos e ausência de profissionais de saúde habilitados para administrá-los.
"A Vigilância Sanitária fez uma inspeção no local e identificou esses medicamentos vencidos. Prontamente recolhemos toda a documentação e fomos à Polícia Civil registrar o caso e mostrar as condições precárias que estas pessoas estão vivendo", acrescentou Renan Xenofonte.
'Quarto do pensamento'
Isolado nos fundos do sítio onde funciona o centro de reabilitação foi encontrado um quarto pequeno, sem ventilação e grades semelhantes à cela de uma cadeia. Segundo um dos internos, quando um deles apresenta comportamento considerado agitado, são levados para o quarto onde ficam trancados e "refletir" sobre os erros cometidos.
Um dos internos que já vive no local há cerca de cinco anos afirmou que chegou a passar três dias trancado no quarto. O homem de 50 anos que sofre de epilepsia disse ainda que está com a segunda dose da vacina contra a Covid-19 atrasada e denuncia que teve o seu auxílio emergencial tomado, mas não disse por quem.
Destino do centro
O procurador Renan Xenofonte afirmou que além da interdição do espaço, e ao fim da vistoria, os familiares dos internos vão ser procurados para levarem os parentes para casa.
"Vamos localizar e conclamar as famílias para que venham resgatar essas pessoas e aquelas cujas famílias não forem encontradas nós vamos dar todo suporte através da Secretaria de Desenvolvimento Social", finalizou.
Fonte: G1 CE
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