quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Com 44 casos suspeitos e um óbito, Amazonas vive surto da doença da "urina preta"

A doença é causa por uma toxina liberada pelo mal armazenado de alguns tipos de peixes e crustáceos (Foto: Reprodução/Pexels)

A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas - Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) recebeu 11 notificações de casos da síndrome de Haff, nessa segunda-feira, 30 de agosto. Com isso, o estado soma 44 casos suspeitos da "doença da urina preta''. O estado também registrou um óbito em decorrência da síndrome, no município de Itacoatiara, a 176 km de Manaus.


Dos casos suspeitos, 34 são investigados em Itacoatiara, os demais são nos municípios de Silves, Manaus, Parintins, Caapiranga e Autazes. Das 11 novas notificações registradas, cinco são de Itacoatiara, quatro de Silves e duas de Parintins. Ainda nessa segunda-feira, 30, de acordo com a FVS-RCP 10, adultos seguem internados, todos de Itacoatiara. Os demais pacientes receberam alta hospitalar.


No Ceará, dois casos suspeitos da doença foram investigados neste mês de agosto. Um idoso e uma mulher, ambos de Fortaleza, foram internados em hospitais privados depois do consumo do peixe da espécie arabaiana. Os pacientes não são da mesma família e já tiveram alta hospitalar.


A doença tem casos pontuais no Ceará. Em 2018, um casal de cearenses foi infectado após consumir um peixe comprado em Fortaleza. Em fevereiro de 2017, o Estado ficou em alerta com pelo menos dez casos da doença. De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), há um monitoramento por meio de comunicação ativa e sistemática da Célula de Resposta às Emergências em Saúde Pública (CIEVS) junto às unidades de saúde.


Segundo a pasta, esse contato é feito por meio de link de monitoramento diário que é compartilhado com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e com os núcleos de vigilância epidemiológica hospitalar.


Outro estado do Nordeste registrou casos suspeitos da doença neste mês. Conforme informações da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), seis casos da síndrome seguem em investigação.


Neste ano, a Sesab recebeu, ao todo, oito casos notificados da doença de Haff, nos municípios de Alagoinhas, Simões Filho, Maraú, Mata de São João e Salvador. Até a última segunda-feira, 23, segundo a pasta, apenas dois casos foram descartados.


O que é a doença da urina preta

O nome foi dado em razão da descoberta da doença em um lago chamado Frisches Haff, na região de Koningsberg, em 1924. O território, à beira do Mar Báltico, pertencia à Alemanha, mas foi incorporado à Rússia posteriormente. As informações são do Ministério da Saúde.


A doença é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes como o tambaqui, o badejo e a arabaiana ou crustáceos (lagosta, lagostim, camarão). A contaminação acontece quando o peixe não foi guardado e acondicionado de maneira adequada. Com isso, ele cria uma toxina sem cheiro e sem sabor.


Mesmo com a carne sendo cozida, a toxina provoca a destruição das fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro dessas fibras na corrente sanguínea. Isso provoca danos no sistema muscular e em órgãos como os rins.


Sintomas da doença da urina preta

Os sintomas costumam aparecer entre duas e 24 horas após o consumo dos peixes ou crustáceos, de acordo com informações da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.


Ocorre extrema rigidez muscular de forma repentina, além de dores musculares, dor torácica, dificuldade para respirar, dormência, perda de força em todo o corpo. Um dos principais sintomas, que dão o apelido da doença, é a urina cor de café. Isso acontece porque o rim tenta limpar as impurezas, causadas pelas lesões musculares. Febre não é muito comum.


O tratamento consiste muito na hidratação, logo com o aparecimento dos sintomas. A intenção é diminuir a concentração da toxina no sangue, para favorecer a eliminação através da urina. Segundo o Ministério da Saúde, a recomendação é que, ao sentir dores musculares e apresentar urina escura após o consumo de peixes ou crustáceos, uma unidade de saúde deve ser procurada.


A principal prevenção para a síndrome é não consumir pescados ou crustáceos de origem, transporte ou armazenamento desconhecidos.


Fonte: O Povo

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