Em toda extensão, o Cinturão das Águas do Ceará tem 145 km. Foto: Honório Barbosa |
As águas do São Francisco voltarão a ser liberadas em direção ao açude Castanhão a partir de fevereiro de 2022, projeta a Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH). Segundo a pasta, o volume solicitado junto à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), através do chamado “eixo emergencial”, será maior que o transportado entre os meses de março e maio deste ano.
Assim como neste ano, a SRH planeja o transporte durante o período de estação chuvosa, pois as calhas dos rios estarão cheias e isso minimizará a perda de água durante o trajeto. “Sendo conduzida no período chuvoso, reduz significativamente as perdas por infiltração, evaporação e retirada indevida”, justifica o secretário Francisco Teixeira.
A SRH pediu à ANA um volume de 95 milhões de metros cúbicos, valor superior aos 65 milhões enviados neste ano.
“A ideia é que seja transferido a partir do dia 1º de fevereiro e encerrando no primeiro semestre, aproveitando, mais uma vez, a eficiência do período chuvoso, que permite uma condução até mais rápida”, completa o gestor.
BENEFÍCIO DA TRANSFERÊNCIA
Na sua avaliação, a experiência de conduzir no primeiro semestre foi acertada, pois as águas do São Francisco chegaram ao Castanhão em apenas 10 dias,antes do período previsto, que era de 15 dias. Contudo, o recurso hídrico que chegou ao maior reservatório do Estado não foi significativo para aumentar seu volume. Sobre isso, Teixeira explica:
"O maior benefício foi transferir a água para Fortaleza, evitando o transporte da água natural, colhida nas chuvas”
Francisco Teixeira
Secretário de Recursos Hídricos do Ceará
Dos 65 milhões de metros cúbicos, 55 milhões foram enviados para o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, entre abril e maio. O restante, ficou retido no açude. Hoje, o volume do Castanhão é de 10,28%. Já no mesmo período do ano passado, atingia 13,77%, antes da chegada das águas do São Francisco.
“Do ponto de vista do aporte, não é tão significativo, porque o Castanhão é gigantesco, mas nunca se esperou isso do Pisf [Projeto de Integração do Rio São Francisco]. Ele permitiu que a água fosse para Fortaleza e também beneficiasse as cidades por onde passa, sobretudo no Vale do Jaguaribe e Salgado, deixando as águas dos reservatórios locais para suas regiões”.
Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), o consumo humano da RMF é de 8,5 metros cúbicos por segundo; o consumo industrial é de 1,3 metros cúbicos por segundo, o que significa quase 26 milhões de metros cúbicos de água por mês. Ou seja, as águas do São Francisco contribuíram por dois meses.
“A Transposição ajudou a economizar um pouco de água do Castanhão. Em função das chuvas irregulares na bacia Metropolitana, precisou de transferência de água. Ajudou muito na segurança hídrica, sobretudo agora, no período seco que estamos agora”, explica Teixeira. A Bacia Metropolitana, que também abastece a região, está com 49,21%.
ÁGUA NÃO SERÁ CUSTEADA PELO CEARÁ
O custeamento da manutenção e operação do Pisf enquanto as águas seguem liberadas para o Castanhão está em fase de discussão, afirma o titular da SRH. Contudo, segundo ele, o Ceará não deve pagar nada em 2022. Isso só deve acontecer em 2023. “Há um pré-acordo assinado, possivelmente, estaremos iniciando o processo de pagamento. O valor e a data exata ainda está em fase de discussão”, antecipa.
O Ceará se baseia no mesmo acordo que a Paraíba teve, quando recebeu cerca de 160 milhões de metros cúbicos, através do Eixo Leste, evitando o colapso hídrico na cidade de Campina Grande. “Assim como eles receberam 160 em fase de testes, sem efetuar pagamento, o Ceará também terá esse direito, por ainda estamos em fase de pré-operação”, justifica Teixeira.
EXPECTATIVA
No futuro, o plano da SRH é que, a partir do Ramal Apodi/Salgado, que terá ligação com o Eixo Norte, as águas do São Francisco sejam entregues ao Rio Salgado em Lavras da Mangabeira, encurtando a distância até o Castanhão. Se, hoje, pelo ‘eixo emergencial’, a água tem que percorrer 300 quilômetros, neste caso, seriam 168 quilômetros. “Aumentaria a eficiência da água e chegaria de forma mais rápida”. O Ramal do Apodi teve suas obras iniciadas em julho e a expectativa é de que a conclusão ocorra em 2024.
Já com a conclusão do Trecho 1 do Cinturão das Águas do Ceará (CAC) em todos os seus 145 quilômetros, as águas do São Francisco poderão chegar ao Rio Cariús, em Nova Olinda, e abastecer o açude Orós, a partir de 2024. “No futuro teremos dois caminhos. Os dois maiores reservatórios poderiam receber água do Pisf para ajudar no atendimento de suas demandas”, conclui o secretário.
Fonte: Diário do Nordeste
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