Estudante do curso de Medicina, Mariana Monteiro, 23 anos, não imaginava que daria entrada como paciente no Hospital Regional do Cariri (HRC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), onde estava estagiando. Ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico no último 13 de outubro, quando se arrumava em casa antes de seguir para a unidade hospitalar. A jovem ainda procurou atendimento em outro equipamento de saúde, em Barbalha, onde reside, cidade vizinha a Juazeiro do Norte. Quando a equipe suspeitou de que se tratava de um AVC, no entanto, Mariana foi encaminhada imediatamente para o HRC, referência no tratamento da doença para os 45 municípios da Região de Saúde do Cariri.
A estudante conta que tinha acordado e que foi ao banheiro. Em seguida, estava a caminho da cozinha para fazer o café da manhã, quando sentiu uma “fraqueza” do lado esquerdo e caiu. “Meus sintomas foram esses: eu não conseguia mexer a mão e a perna esquerda, e com disartria (dificuldade de articular as palavras), mas em nenhum momento eu fiquei inconsciente”, lembra.
O atendimento no HRC ocorreu de forma rápida, ela ressalta. “O ‘Regional’ tem um fluxo bem definido, então perceberam que era suspeita de AVC por causa dos sintomas. Eu fui direto para a máquina de tomografia, depois já fui direto fazer a ressonância. O médico estava lá o tempo todo e ele me explicou que era um AVC isquêmico e estava dentro da janela, aí eu já saí da ressonância com a equipe tentando pegar o acesso e, quando pegou, ali mesmo já começou a trombólise. Com menos de meia hora dentro do hospital, já tinha sido identificado que se tratava de um AVC e eu já estava fazendo o tratamento”, afirma a jovem.
Mariana Monteiro é apenas uma dos 735 pacientes que deram entrada na unidade de AVC do Hospital Regional do Cariri somente este ano. O número já se aproxima da quantidade de casos do ano passado (quando houve queda por causa da pandemia da Covid-19), que foi de 844. Em 2019, foram mais de mil atendimentos.
Apesar de o AVC atingir, em sua maioria, pessoas com mais de 70 anos, o caso da estudante acende alerta para toda a população: ela não fuma, não tem doenças como diabetes ou pressão alta, faz exercícios físicos e tem apenas 23 anos. Não possui nenhuma condição que potencialize o risco de ter a doença e, mesmo assim, foi atingida. “Que sirva de lição. Qualquer pessoa pode passar pelo que eu passei. A gente tem que ficar atento, e a conscientização é muito importante porque a gente precisa primeiro entender o que é o AVC, pra poder identificar e ‘correr’ para o lugar certo”.
Referência no tratamento
O HRC possui Emergência que funciona 24 horas todos os dias da semana, com atendimento específico voltado para os pacientes com AVC com acesso à medicação específica – o trombolítico, que diminuiu a mortalidade e a morbidade de pacientes que têm AVC na fase adulta. “A gente também tem uma unidade de AVC onde é possível que o paciente tenha acesso a especialistas na doença, e temos um serviço de reabilitação multidisciplinar”, explica Gustavo Vieira Rafael, neurologista e coordenador do serviço.
Além do atendimento na Emergência, após a alta, caso haja indicação, o paciente é acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com neurologista, profissional de Enfermagem, fisioterapeuta, nutricionista e assistente social. “Isso possibilita a adesão do paciente ao tratamento; ele se sente mais acolhido”, pontua Vieira.
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