Três homens resgatados de um centro de reabilitação ilegal para dependentes químicos no Crato, foram encaminhados para outras instituições que apresentam condições de abrigá-los. Ao todo, 25 internos eram mantidos — alguns em cárcere privado — na casa que funcionava sem estrutura adequada e nem autorização no bairro Muriti.
Os outros 22 homens, também recolhidos pela Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social de Fortaleza (SDHDS), foram acolhidos por familiares.
Uma vistoria foi feita no local, na manhã desta quinta-feira (30 de setembro), e os internos estavam vivendo em ambiente insalubre. Foi constatada ainda a existência de uma espécie de cela chamada de "quarto do pensamento" onde eram colocados trancados os internos considerados mais "agitados".
Quarto instalado nos fundos do sítio |
"Infelizmente foi essa a estrutura que encontramos aqui, ou melhor, a ausência de estrutura. É uma situação precária. Já fizemos uma reunião de emergência para recolher documentos que atestam que não existe alvará para funcionamento do local. O primeiro ato é pedir a interdição do centro", disse o procurador do município do Crato, Renan Xenofonte.
Medicamentos vencidos
Além da falta de estrutura adequada para abrigar os internos, como camas danificadas e colchões sem cobertura, no centro de reabilitação foram encontrados medicamentos com prazo de validade vencidos e ausência de profissionais de saúde habilitados para administrá-los.
"A Vigilância Sanitária fez uma inspeção no local e identificou esses medicamentos vencidos. Prontamente recolhemos toda a documentação e fomos à Polícia Civil registrar o caso e mostrar as condições precárias que estas pessoas estão vivendo", acrescentou Renan Xenofonte.
'Quarto do pensamento'
Isolado nos fundos do sítio onde funcionava o centro de reabilitação, foi encontrado um quarto pequeno, sem ventilação e grades semelhantes à cela de uma cadeia. Segundo um dos internos, quando um deles apresenta comportamento considerado agitado, são levados para o quarto onde ficam trancados para "refletir" sobre os erros cometidos.
Um dos internos que já vive no local há cerca de cinco anos afirmou que chegou a passar três dias trancado no quarto. O homem de 50 anos que sofre de epilepsia disse ainda que está com a segunda dose da vacina contra a Covid-19 atrasada e denuncia que teve o seu auxílio emergencial tomado, mas não disse por quem.
Fonte: G1 CE
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