segunda-feira, 4 de julho de 2022

Festival Mi chega ao Crato; entre terça (5) e domingo (9), programação conta com grupos tradicionais e músicos da região


A 17ª edição do Mi – Festival Música da Ibiapaba –, após passar pelas cidades de Viçosa e Quixadá, chega ao Crato nesta terça-feira (5 de julho de 2022). A agenda, que vai até o próximo domingo (9), inclui oficinas e atividades em diferentes linguagens artísticas, com destaque para as apresentações musicais na Vila da Música Monsenhor Ágio Augusto Moreira. A programação inteira é gratuita e aberta ao público, exceto as atividades que exigem inscrição prévia pelo site www.festivalmi.com.br.

 

Terreiro Vila da Música em festa

 

No Crato, o Mi aterrissa de 05 a 09 de julho, e adapta espaços da Vila da Música para receber uma série de atividades culturais. Um deles é o estacionamento, que se esvazia de carros para se transformar no Terreiro Vila da Música, dedicado a apresentações com artistas e mestres da cultura popular cearense, sempre a partir das 17h. Quem abre os trabalhos na terça-feira (5) é o Reisado Reis de Congo do Mestre Aldenir. ​​Em atuação há mais de 50 anos, é um dos grupos mais tradicionais da região e inaugura o terreiro com toda sua memória e realeza.


No dia 6 (quarta-feira) é a vez de outro antigo conhecido do público encantar a plateia: a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto promete colocar todos para dançar ao som de seus pifes e percussão. Embora seja uma tradição antiga, que remonta aos índios Kariri, no Ceará foi com o grupo dos Aniceto que a música e o formato de banda cabaçal – com pifes, tambores e, adicionados depois, os pratos – ganharam maior notoriedade. Sua criação certamente não foi algo individual, mas um nome, descendente desse povo nativo da região, costuma ser apontado como “fundador oficial”: o do agricultor José Lourenço da Silva, conhecido como Aniceto.

 

Com seus antecessores Cariri, ele aprendeu a fabricar os instrumentos de percussão com cabaças e os pifes com a madeira oca chamada taboca, além de dominar os passos da dança que caracterizam a manifestação. Criou, então, o grupo dos Aniceto, e tratou de passar a paixão aos filhos, que formaram a segunda e mais conhecida geração da banda, primeiro sob a liderança dos mais velhos, depois dos mais novos, Antônio José e Raimundo José, ambos reconhecidos como Mestres da Cultura pela Lei Tesouros Vivos do Estado do Ceará.

 

Acompanhados dos sobrinhos, eles fizeram da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto um grande sucesso, com shows pelo Brasil e em outros países, discos gravados e incontáveis prêmios e homenagens. Falecidos, respectivamente, em 2015, aos 82 anos, e 2020, aos 86, Mestre Antônio e Mestre Raimundo não falharam em renovar a banda e garantir sua continuidade, com filhos, netos e sobrinhos, seguindo a tradição da formação familiar dessa que é uma das mais belas expressões culturais do Ceará. Quem já viu, sabe: a musicalidade e a dança são poesia pura, que exala sertão e natureza.

 

No dia 7 (quinta-feira), quem ocupa o Terreiro é Mestre Cirilo, com sua roda de maneiro-pau. Ícone da cultura cearense, nasceu e vive no Crato, onde durante toda a vida brincou em manifestações populares. Mas foi nas danças tradicionais como coco e maneiro-pau onde encontrou paixão e devoção, não apenas como participante, mas como mestre, responsável por ensinar e guardar viva essa prática artística. Além de liderar um grupo adulto de maneiro-pau, que é referência no Estado, Mestre Cirilo também mantém um grupo infantil, em um esforço de transmitir os conhecimentos às novas gerações.

 

O dia 8 (sexta-feira) é dedicado a outro formato, com a Lapinha da Mestra Zulene. De sobrenome Galdino, a mestra, reconhecida com o título em 2006, segue aos 73 anos ensinando crianças a dançar quadrilha, pastoril, coco e maneiro-pau. Aprendeu com o pai, Luiz Galdino, o amor e os engenhos do ofício, e foi como contribuiu para a educação e criação de gerações de meninos e meninas, que considera seus filhos.

 

Natural de Barbalha, foi no Crato onde desenhou a trajetória que a levou a ser chamada de Rainha da Cultura e do Folclore. Nos meses de novembro e dezembro, põe em cena as apresentações de Lapinhas, baseadas na narrativa do nascimento do menino Deus. 

 

O Terreiro encerra sua programação no dia 9 (sábado), com o Reisado dos Discípulos de Mestre Pedro, conhecido como Reisado dos Irmãos, sob a liderança do Mestre Antônio Ferreira Evangelista. Segundo ele mesmo já explicou em entrevistas, o grupo dedica-se ao reisado de Congo, que mescla referências africanas a personagens da ida dos Reis Magos a Jerusalém, enquanto o Reisado de Couro ou Careta aborda a volta do trio para o Oriente.

 

Paralelamente a tudo isso, sempre das 18h às 22h, o estacionamento da Vila da Música também recebe uma feira de arte e cultura.

 

Música para todos

 

A agenda de apresentações musicais também começa na noite do dia 5 (terça-feira), sempre com uma sequência para públicos diversos, mas privilegiando artistas da região, em uma iniciativa de abrir espaços necessários a músicos, cantores, bandas e grupos locais. A cerimônia de abertura ficará a cargo da Orquestra Padre Davi Moreira, trabalho que integra o legado do Monsenhor Ágio.

 

Falecido aos 101 anos, em 2019, o religioso fez história ao fundar a Sociedade Lírica do Belmonte (Solibel), no Crato, dedicada à formação musical, entre outros projetos. A partir dessa experiência e da parceria com a Solibel, foi criado o atual equipamento da Secult no município. Na ocasião, a apresentação, que acontece no Auditório da Vila da Música, contará com a participação da Orquestra de Sopro. Às 20h30 a festa segue com show da Sonora Kariri, composto pelos músicos Jean Alex, Jéssika Cariri e Jucimar Rodrigues.

 

No dia 6 (quarta-feira), o mestre do choro Macaúba chega para ocupar durante três dias seguidos o horário das 18h no Espaço Dona Anunciada. Assim, até quinta-feira (8), um dos maiores instrumentistas do Estado promete entregar sua virtuose no violão com um repertório de clássicos do gênero e também composições próprias. Na quarta-feira, ele será seguido pelos artistas Aécio Diniz, Fábio Eugênio e Natália Guerreiro, com o show Fonte Sonora, às 20h30.

 

No dia 7 (quinta-feira), a música instrumental no Auditório será muito bem representada pela Orquestra Solibel Jovem, seguida pelo show Pife Temperado, dos músicos Luciano Brayner e Francisco Gomide, que anima a noite a partir das 20h30. Já na sexta-feira (8), a noite fica a cargo da Orquestra Mirim e, às 20h30, Dom Marius e banda. Por fim, no dia 9 (sábado), a rapper Negra Lú encerra o Mi 2022 com chave de ouro.

 

Os shows Sonora Kariri, Fonte Sonora e Pife Temperado são fruto do Laboratório de Música Porto Vila Cariri, realizado pela Escola Porto Iracema das Artes, em parceria com a Vila da Música através do projeto aBarca. Somados à programação do Festival Mi, consolida mais uma vez a política de integração de equipamentos da Secretaria da Cultura do Estado.

 

Quem realiza

 

O Mi – 17º Festival Música da Ibiapaba é realizado pelo Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult Ceará), e o Instituto Dragão do Mar (IDM), em parceria com a Secretaria da Educação (Seduc Ceará), a Prefeitura de Viçosa do Ceará e apoio da Prefeitura de Sobral, através da Secretaria da Cultura e Turismo e Instituto Ecoa.

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