Léo Lins, conhecido por uma série de polêmicas em shows de comédia, foi demitido do SBT após falar de uma criança cearense com hidrocefalia no palco durante uma apresentação. De acordo com o site Splash, do Uol, o humorista já não faz mais parte do quadro de funcionários. A demissão teria sido confirmada com a assessoria do canal.
"Leo Lins não faz mais parte do quadro de elenco do SBT. Ele não tem mais contrato conosco", teria dito o SBT em nota ao site.
Mais cedo, o portal Em Off notificou que ele foi notificado pelo setor de recursos humanos (RH) da emissora na tarde desta segunda-feira (4 de julho de 2022).
VÍDEO:
Na declaração que viralizou nas redes socais, ele chegou a debochar do programa Teleton, que atende crianças com deficiência física no Brasil. A iniciativa é, inclusive, um dos grandes investimentos e esforços do SBT e de Silvio Santos. O apresentador e a alta cúpula da emissora teriam ficado furiosos com Lins. A decisão seria irreversível, segundo o portal.
"Eu acho muito legal o Teleton porque eles ajudam crianças com vários tipos de problemas. Eu vi um vídeo de um garoto no interior do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que é o único lugar da cidade onde tem água", diz ele nas imagens, que acabaram se espalhando no último fim de semana.
Essa, inclusive, não é a primeira vez em que Léo usa condições físicas ou doenças para fazer "piadas" no show. Recentemente, ele também compartilhou imagens de uma "brincadeira" feita com pessoas portadoras da doença de Parkinson.
Segundo o Em Off, a apresentadora Silvia Abravanel foi uma das que mais ficou chateada com a atitude de Léo Lins. Ela é mãe de Luana, 23, jovem que nasceu com síndrome de galactosemia, condição que a impediu de absorver o açúcar do leite materno. Luana também possui um déficit neurológico por conta de problemas na hora do parto.
Após as críticas pela "piada" em questão, Léo recebeu uma série de comentários negativos nas redes sociais. O vídeo comentando sobre a criança com hidrocefalia chegou a ser excluído rapidamente logo após ter sido publicado.
Atualmente, o humorista também é alvo de vários processos na Justiça. Não é incomum que ele faça "piadas" baseadas em pessoas negras, gordas, com deficiência, mulheres e membros da comunidade LGBTQIA+.
RESPOSTA DA AACD
Contatada nessa segunda-feira (4) pela equipe do Diário do Nordeste, a assessoria da AACD se pronunciou sobre o caso. Em nota, a associação lembrou que a atitude de Léo Lins configura crime e repudiou qualquer tipo de "piada" que brinque com pessoas com deficiência.
"A AACD repudia veementemente a “piada” feita por Leo Lins em vídeo divulgado recentemente nas redes sociais do comediante. Em uma fala extremamente infeliz e bastante capacitista, ele ataca pessoas com hidrocefalia, chama as pessoas com deficiência de “crianças com vários tipos de problemas” e mostra desrespeito aos moradores do Ceará", inicia o comunicado.
No mesmo comunicado, a AACD citou o artigo 88 da lei 13.146/2015, que fala sobre "praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência". A pena, nesses casos, é de um a três anos de prisão e pagamento de multa.
O DN entrou em contato com a assessoria de imprensa que consta no site do humorista, mas não obteve nenhuma resposta, até a publicação desta reportagem.
Lins também não se pronunciou nas redes sociais. Entretanto, na tarde desta segunda ele publicou um print do que aparentam ser ataques contra ele após a polêmica.
CONFIRA A NOTA COMPLETA:
A AACD repudia veementemente a “piada” feita por Leo Lins em vídeo divulgado recentemente nas redes sociais do comediante. Em uma fala extremamente infeliz e bastante capacitista, ele ataca pessoas com hidrocefalia, chama as pessoas com deficiência de “crianças com vários tipos de problemas” e mostra desrespeito aos moradores do Ceará.
Ele cita diretamente o Teleton, marca que no Brasil pertence à AACD, e há 25 anos tem contribuído para transformar vidas de milhares de pessoas com deficiência física de todas as partes do Brasil.
A atitude de Leo Lins também configura crime, conforme prevê o artigo 88 da lei 13.146/2015 - "Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa".
Esse tipo de “piada” é de extremo mau gosto, capacitista e incabível na sociedade em que vivemos hoje, pois vai na contramão de um mundo mais inclusivo pelo qual lutamos todos os dias. A AACD aguarda um posicionamento público com pedido de desculpas de Leo Lins.
Combater o capacitismo, o preconceito a pessoas com deficiência, é missão de todos nós.
Fonte: Diário do Nordeste
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