Preço do diesel tem queda menor que o da gasolina nas últimas semanas no Ceará. Foto: Gabriel Bastos/A7 Press/Estadão Conteúdo |
Enquanto o preço do litro da gasolina registra queda considerável nas últimas quatro semanas no Ceará, o valor do litro do diesel quase não sofreu alteração nas refinarias no mesmo período. Na primeira semana de julho, o preço médio do litro do diesel foi encontrado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) por R$ 7,85. Três semanas depois, o valor diminuiu para R$ 7,64, com apenas R$ 0,21 de redução.
O preço mínimo do litro do diesel foi encontrado no Ceará por R$ 7,30, enquanto o maior valor foi achado por R$ 7,99.
Já o preço médio do litro da gasolina caiu pela terceira semana seguida no Ceará. Um levantamento da ANP indicou que o valor médio do combustível ficou em R$ 6,01 no estado. A redução do valor do diesel para as refinarias do Brasil desde a semana de 25 de junho foi de apenas 1,9%, o que significa R$ 0,15 o litro em termos nominais. O diesel passou de R$ 7,57 para R$ 7,42 nesse intervalo.
Enquanto isso, a gasolina passou de R$ 7,39 para R$ 5,74, um corte de 22,3%. O etanol enfileira quedas há 13 semanas e foi de R$ 5,53 a R$ 4,21 o litro, também um recuo de 23,8%.
E mais uma surpresa confundiu o consumidor: a Petrobras anunciou duas reduções do preço da gasolina para as refinarias neste mês. Nas duas ocasiões, o diesel ficou de fora dos reajustes.
Petrobras
Inicialmente, o consumidor esperava algum alívio dos preços do diesel no país conforme os valores de mercado gerassem menos pressão na política de preços da Petrobras.
O preço de paridade de importação (PPI) da estatal é a base dos preços da gasolina e diesel nas refinarias. O PPI é orientado pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio.
Mas há o valor do próprio diesel no mercado internacional e que subiu quase 55% desde a invasão russa à Ucrânia, no fim de fevereiro. A gasolina também explodiu de preço, mas voltou a patamares mais próximos ao período anterior ao conflito, com alta de 9%. Os dados são do site Oil Price.
Segundo Pedro Rodrigues, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o fenômeno se dá porque houve uma escassez de diesel no mercado internacional com o acirramento do conflito entre Rússia e Ucrânia.
No episódio mais recente, os russos limitaram ainda mais o fornecimento de gás natural para a Europa, por meio do gasoduto Nord Stream. O gás natural é uma importante fonte de energia para casas e para indústrias europeias e cerca de 40% do gás consumido na União Europeia vem da Rússia. O substituto natural, de curto prazo, é o diesel.
“O receio com a Rússia faz a Europa estocar diesel, o que eleva o preço em todo o mundo. Isso fez a cotação do diesel descolar do barril de petróleo e ter grande volatilidade”, diz Rodrigues.
É essa variação dos preços que faz a Petrobras “jogar parada” com o diesel. O vaivém da cotação no mercado internacional pode fazer uma redução precipitada se transformar em uma alta depois de pouco tempo.
“O volume consumido no Brasil é muito grande, então a empresa não pode correr um risco de desabastecimento”, afirma o especialista, que acredita que a empresa está certa em deixar uma “margem de segurança” para o combustível.
Fonte: g1 CE
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