Capitão Wagner. Foto: Fabiane de Paula/SVM |
O candidato ao governo do Ceará Capitão Wagner (UB) foi o entrevistado pela TV Verdes Mares nesta quarta-feira (14). Ele foi recebido no CETV 1ª Edição. Nesta semana, o telejornal realiza rodadas de entrevistas com candidatos ao Palácio da Abolição. Na segunda-feira (12), o candidato Roberto Cláudio (PDT) foi entrevistado; nesta terça-feira (13), foi a vez de Elmano de Freitas (PT).
O candidato do União Brasil declarou que mudou sua visão e atualmente não apoiaria um motim da polícia militar, como fez em 2012. Com os agentes de segurança de braços cruzados, houve aumento no número de homicídios e crimes em todo o Ceará e comerciantes fecharam as portas temendo assaltos. Ele afirmou que, caso venha a ser eleito governador, vai utilizar a lei para coibir eventuais novos motins.
"O Wagner de 2012 é diferente do Wagner de 2022 que amadureceu e compreendeu uma série de questões. Como governador, a gente tem que cumprir o que está na lei. O que tenho que fazer pra evitar que esse movimento aconteça. Do jeito que a gente vai tratar os profissionais, com um fórum de permanente de debate com os servidores públicos, a gente vai evitar esses movimentos. Eu vou trabalhar incansavelmente pra que isso não aconteça. Se isso acontecer, a gente que usar a lei pra que esse movimento não continue."
Ele afirma que mudou de postura em relação ao motim. "Mudei sim. Tanto que no movimento de 2020, eu me posicionei contra, eu participei da negociação, eu me posicionei contra e aquele movimento não gerou bem pra ninguém."
Segurança pública
Questionado sobre investimento em inteligência em segurança pública e o discurso sobre padrão FBI, a polícia estadunidense, o candidato negou a intenção de montar um escritório da corporação no estado.
"O que a gente tá trazendo para cá é uma parceria. Em nenhum momento, a gente tá dizendo que o escritório do FBI vá se instalar aqui no Ceará", disse, incluindo que não há nada na legislação contra isso, desde que haja uma relação com a Polícia Federal (PF) brasileira.
Sobre equipamentos da instituição norte-americana, Wagner disse que existem ferramentas tecnológicas no Brasil usadas no combate ao crime, como o reconhecimento facial, já usada no FBI.
"O que a gente quer trazer pro Ceará é o padrão FBI de fazer polícia. Se a gente quer uma polícia de primeiro mundo, tem de capacitar melhor nossos policiais e ofertar para eles os melhores equipamentos", afirmou, dizendo que se deve evitar o discurso de que "bandido bom é bandido morto". Na nossa cabeça, o bandido bom é o que não existe".
Ele acrescentou que os investimentos na distribuição do efetivo, investigação e em equipamentos farão "inveja a polícias no Brasil todo".
Em relação ao combate ao tráfico de drogas, o candidato disse querer fortalecer forças de segurança e entender que comunidades mais pobres são mais vulneráveis ao crime. Segundo ele, esses grupos "estão sendo utilizadas para que o crime de lá comande o tráfico de drogas".
Contra isso, ele disse querer fortalecer as divisas estaduais e atrair investimentos para o Estado, dizendo estar em conversas com o setor produtivo.
"Para resolver a questão do tráfico de drogas, a gente precisa também resolver essa questão social", pontuou, dizendo que a polícia evitará confronto com os criminosos e atuará com inteligência. "É importante que a gente valorize as nossas polícias e dê aos policiais a condição e a independência para que não haja ingerência política", continuou.
Nesse âmbito, ele citou, como uma das ações, a possibilidade de garantir que um delegado que atue em uma cidade do interior não seja transferido por ingerência política.
Criação de oportunidades
Questionado sobre propostas para o público de jovens cearenses que não trabalham nem estudam, Capitão Wagner disse ter vivido a situação "na pele", tendo, posteriormente, passado no curso de Eletrotécnica no hoje Instituto Federal do Ceará (IFCE), o qual foi ampliado para diversas regiões do estado.
"A gente vai fazer uma parceria com escolas profissionalizantes, IFCE, UFC, Sistema S para capacitar os nossos jovens", disse, falando que o reitor do IFCE afirmou haver 400 mil empregos na área tecnológica e faltar mão de obra qualificada.
Ele usou, como exemplo, a possibilidade de um jovem de Quixeré, no interior do estado, poder se capacitar e auxiliar no comércio local. "A gente tem que capacitar os nossos jovens na área tecnológica", falou, dizendo que o setor agrega valor ao emprego dos jovens.
Na sequência, ele disse que investirá em escolas de tempo integral e profissionalizante, além de que criará 44 colégios militares, uma "ferramenta que tem uma adesão muito bacana no Ceará".
Educação
Capitão Wagner disse que, no fim de 2021, a partir de pesquisas, uma instituição cujo nome não foi citado, mas parceira do Governo do Estado, procurou conversar com ele e o questionou em termos de escolas em tempo integral caso eleito.
O candidato disse ter se comprometido com a entidade a dar continuidade à ampliação do modelo, mas pontuou não firmar um número de unidades novas.
"Eu não sei a capacidade financeira para viabilizar isso, a gente tem de ter responsabilidade com as nossas propostas. Mas eu garanto que iremos ampliar o número de escolas profissionalizantes, em tempo integral e os colégios militares", disse, acrescentando que jamais retroagiria nos avanços educacionais no estado.
Parceria com igrejas
O candidato também foi questionado sobre o projeto de utilizar igrejas para desenvolver projetos para jovens. Capitão Wagner citou templos religiosos que têm estrutura para receber jovens, com que o governo fará acordo, caso ele seja eleito. "A igreja tem sala de aula que pode ser ofertada para o poder público. O poder público vai entrar com o professor, com energia, internet, até porque a igreja não tem obrigação de pagar isso. A igreja vai ofertar o espaço pra que a gente possa capacitar os nossos jovens", disse.
Ainda conforme o candidato a governo do Ceará pelo UB, a parceria deve trazer economia ao estado. "A parceria com o terceiro setor é legal em qualquer lugar do mundo, inclusive aqui em Fortaleza , no estado do Ceará. O que a gente não quer é restringir isso às igrejas. As igrejas com esses espaços serão utilizadas, até pra gente economizar".
Capitão Wagner seguiu voltando a um exemplo de jovens que, segundo ele, saíam da própria cidade para ter capacitação em outras localidades como mote para a proposta. "Toda e qualquer atividade que possa ser desempenhada dentro de uma associação, dentro de um prédio vinculado à igreja, a uma fundação, a um instituto, a gente vai apoiar, porque assim a gente vai economizar".
Apoio a Bolsonaro
Capitão Wagner recusou declarar apoio a Bolsonaro, candidato a presidência que já havia afirmado, em visita ao Ceará, que Wagner é o candidato dele a governador do Ceará.
"A gente tem uma aliança tão ampla. Nossos adversários duvidavam que a gente tivesse uma aliança ampla. No ano passado, um dos líderes do grupo oposicionista disse que a gente não conseguiria o União Brasil; nós conseguimos o União Brasil, conseguimos o PL, conseguimos o Republicamos. Conseguimos sete partidos, temos o maior tempo tempo de TV, dentre esses sete partidos, nós temos cinco candidatos a presidente. Então nós construímos uma aliança ampla com foco no estado do Ceará, não dá pra ir pro debate nacional quando a gente tem cinco milhões de cearenses na pobreza. A própria imprensa está noticiando, quase 700 mil jovens nem estudam e nem trabalham. Eu acho que essa postura tem sido aprovada pelo eleitor do Ceará tanto que, por mais que eu duvide das pesquisas, taí o que aconteceu comigo em 2005, mostrando que a gente está muito bem encaminhado."
Saúde
Após pergunta sobre o fato de a saúde mental ter sido agravada durante a pandemia e o plano para cuidar de pessoas nessa condição, o candidato associou o problema, para além da Covid-19, à guerra de facções e ao desemprego, os quais teriam afetado principalmente a juventude.
Em seguida, ele afirmou que, durante eventual governo, hospitais regionais farão atendimento de urgência e emergência a pessoas com problemas de saúde mental. "Em todos os hospitais regionais a gente vai ter essa estrutura".
Ele estendeu o planejamento ao plano educacional. "Nas nossas escolas, a gente precisa ter profissionais de psicologia, que serão utilizados para acompanhar nossa juventude", afirmou, citando defasagem na educação por causa de dois anos de ensino a distância e necessidade de assistência a profissionais de saúde, educação e segurança.
"A gente tem que ter profissionais que deem assistência a profissionais de saúde, aos professores e também aos nossos policiais, que precisam ser cuidados", pontuando que saúde mental será prioridade num eventual mandato dele.
Impostos
Lembrado sobre ter votado no Congresso Nacional pela redução de impostos sobre combustíveis e energia, Wagner também foi questionado sobre existência de mais espaço para diminuir tributos no estado e quais seriam as áreas que ele mirava para diminuir impostos em prol da população.
Wagner lembrou que a proposta foi feita pelo deputado Danilo Forte e pontuou o percurso dela, passando pela sanção e pela chegada ao Ceará, afirmando que a gestão estadual entrou na Justiça para não redução desses impostos.
Segundo ele, distribuidores de combustível cearenses disseram que a venda do produto aumentou a ponto de compensar a arrecadação do estado, que não teria prejuízo. "Queria tranquilizar o cearense que aquele discurso, que os nossos adversários diziam que teríamos prejuízos na arrecadação por essa medida, é um discurso falacioso", falou.
Em seguida, ele afirmou que, num eventual governo, isentaria o pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) dos motociclistas de até 170 cilindradas. De acordo com o candidato, a ação teria custo de R$ 100 milhões, que beneficiariam 1 milhão de cearenses no começo do ano.
Orçamento e arrecadação
Lembrado de que a gestão estadual afirmou que a medida teria impacto de R$ 3 bilhões no orçamento de 2023 pela queda de arrrecadação, Wagner foi questionado sobre a equipe técnica já ter esmiuçado a possibilidade de queda.
Capitão Wagner disse que poderia até ter um impacto inicial, mas teria uma compensação "ao longo do tempo". Como exemplo, ele cita exemplo do governo de Minas Gerais, o qual, segundo o candidato, em vez de diminuir impostos atraiu centenas de empresas para o território mineiro, movimentando a economia.
"Diminuir impostos é impulsionar a economia do estado, é atrair empresas para cá", disse, pontuando o potencial de energia solar do estado. "A gente vai trazer para o Ceará empresas que geram energia solar, inclusive para baixar a conta de energia do próprio governo".
O candidato disse, ainda, que fará um leilão para compra de energia, o qual faria o estado economizar R$ 140 milhões nesse âmbito.
Políticas para mulheres e minorias
Após pergunta sobre o eleitorado feminino e a proposição de ações para esse público, que enfrenta diversos problemas. Ele citou uma mulher que viveu com um homem que a violentava e teve dificuldades após a separação.
"A gente vai garantir pra todas as mulheres cearenses que, no caso de ela ser agredida, seja por quem for, ela vai ser acolhida", afirmou Wagner, acrescentando que o segmento poderá contar com creche para os filhos e capacitação a partir da ampliação da Casa da Mulher Cearense.
"A gente vai construir mais 14 Casas da Mulher Cearense e espalhar pelo estado para ofertar essa condição de acolhimento, de capacitação dessas mulheres, para inserção delas no mercado de trabalho", disse, lembrando que a região do Cariri passou a ser tradicional em casos de agressão e feminicídio.
"A gente vai mudar essa imagem do Cariri trazendo tranquilidade para todas as mulheres. Não só no Cariri, mas em todo o Ceará".
Em relação a minorias, como população negra, índios e LGBTQIA+, ele citou que os segmentos têm sido alvo da violência, especialmente este último.
"A gente vai garantir pra eles que eles terão capacitação profissional para entrada no mercado de trabalho; em caso de agressão, que esta tenha resposta imediata da estrutura de segurança pública", pontuou, dizendo que fará isso com todas as minorias.
Logo depois, ele lembrou de um caso de uma comunidade indígena em Maracanaú, a qual não vai mais pagar a conta de energia após ação pensada pela gestão do município. "Essas minorias precisam ser inseridas na sociedade e precisam ser respeitadas. A melhor forma de fazer isso é tratando com o mesmo respeito que se trata a maioria".
Fonte: g1 CE
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