Enquanto as bolsas federais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação (MEC), e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), sofreram reajustes no dia 16 de fevereiro, as bolsas estaduais ainda não foram reajustadas, e o primeiro posicionamento do Estado veio apenas na última quinta-feira, 2, quase duas semanas após o reajuste federal.
Por meio de nota oficial, a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece) informou que o reajuste está em estudo. De acordo com a pasta, o momento é de austeridade, sendo este o motivo para a demora do posicionamento do Governo do Estado acerca do tema. “O momento é de austeridade para equilíbrio das contas públicas, de forma que medidas de impacto orçamentário ainda estão sob prudente análise”, diz a nota. Ainda segundo a Secitece, no ano de 2022 foi realizado um reajuste de 10,74% nos valores das bolsas estaduais.
DIFICULDADES
Uma estudante de graduação de licenciatura em geografia na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) que não pediu a reportagem para não ser identificada, afirmou que o valor da bolsa, mesmo após o último reajuste, é insuficiente, tendo em vista a realidade econômica em que o país se encontra. “A bolsa subiu para 450, ou seja, 50 reais a mais. Mais uma vez, 50 reais! Em 2022 o valor foi ‘reajustado’, mas ainda continua sendo insuficiente e não condiz com a realidade econômica do País, o que quero dizer é que o reajuste não foi suficiente e está defasado”, disse a estudante.
Sobre a nota divulgada durante a semana, a bolsista contou que esperava uma resposta mais conclusiva sobre o reajuste das bolsas. “Estamos há alguns dias fazendo barulho nas redes sociais, indo em reuniões e assembleias, mas não estamos sendo ouvidos ou não querem nos ouvir”, opinou. “Acredito que a nota de alguma forma foi uma tentativa de nos acalmar, mas chegamos na gota d’água e queremos nossos direitos, queremos reajuste e vamos lutar por isso. Não somos menos ou mais pesquisadores porque somos bolsistas estaduais, somos pesquisadores tão quanto os que estão nas federais”, completou.
DIÁLOGO
No dia 24 de fevereiro, a secretária da Secitece, Sandra Monteiro, recebeu as representantes da União Estadual dos Estudantes (UEE), Yara Larissa Pacheco Cruz, e da União Nacional dos Estudantes (UNE), Amanda Bernardo Maciel de Lima, para uma reunião visando dialogar sobre o possível reajuste. Sobre o acontecimento, Yara, estudante de Biologia na Universidade Estasual Vale do Acaraú (UVA) e presidenta da UEE, falou da conquista das uniões estudantis.
“Conseguimos pôr a pauta no radar da gestão do Elmano. A pressão agora existe aqui na nossa frente mobilizada, organizada e também Institucional para o reajuste ocorrer o mais rápido possível”, disse.
A representante discorreu, ainda, acerca da nota divulgada pela secretaria na quinta-feira. Segundo a estudante, a reunião com Sandra e a nota oficial passam a impressão de que o reajuste virá, mas não se sabe quando. “Pelo que percebo da nota e da conversa que ocorreu na Secitece é que irá ocorrer o reajuste, mas tão passando um sentimento de que não será agora, de imediato”, contou a presidenta.
Yara explicou a importância do reajuste para os estudantes e para a universidade. “Sabemos do orçamento pequeno para demanda que é gerenciar o ensino superior, educação é um investimento, mas um investimento que precisa de dinheiro para funcionar. Mesmo com as dificuldades, a UECE, por exemplo, consegue dar um imenso retorno à sociedade, e isso é o nosso maior trunfo para o reajuste ocorrer”, afirmou.
Fonte: Jornal Opinião CE
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