Quando começou a sentir fortes dores de cabeça e no estômago, o agricultor Wellington Ferreira, 30, não imaginava, mas havia contraído uma doença grave e de tratamento urgente: a meningite. No Ceará, até maio, pelo menos 124 pessoas receberam esse diagnóstico. É uma média de quase 25 pessoas infectadas por mês.
Além disso, de janeiro a abril, 2 pessoas morreram por doença meningocócica e outras 5 por outras meningites. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
O caso de Wellington, que já teve alta, veio após uma bateria de exames realizada no Hospital São José (HSJ), em Fortaleza, para onde foi transferido do Hospital Municipal de Acarape, a 62 km da capital.
“O diagnóstico veio depois da punção lombar, que detectou meningite viral. No dia que eu me internei, comecei o tratamento. Quando criança, tomei todas as vacinas, o que é muito importante”, lembra o agricultor.
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que recobrem o sistema nervoso central, e pode surgir pela infecção por diversos agentes, como explica o infectologista Ivo Castelo Branco.
“Ela pode ser causada por bactérias, protozoários, fungos e vírus. Eles chegam até nós por meio de pessoas que portam esses agentes, por tosse, espirro e contato com gotículas”, explica.
MENINGITES MAIS GRAVES
Ivo alerta que, independentemente da causa, a doença deve ser diagnosticada e tratada precocemente. “Quanto mais cedo, menos sequelas ela causará. Se não tratar logo, pode haver uma letalidade alta ou sequelas como deficiência visual, auditiva, amputação de membros e morte”, pontua.
A médica Fernanda Remígio, infectologista do Hospital São José, relata que a meningite mais frequente entre os diagnósticos é a bacteriana aguda. “As doenças causadas por bactérias tendem a se desenvolver em poucos dias, com sintomas mais intensos”, frisa.
No Ceará, entre janeiro e maio deste ano, a maior parte dos casos (47) não teve agente causador identificado. Outros 40 pacientes contraíram a forma viral da meningite. A alta de casos no Estado é mais frequente no início do ano, segundo informa Ivo Castelo Branco.
“As meningites ocorrem quando existem mais aglomerados de pessoas. No Nordeste, nosso inverno está terminando, que é quando temos mais casos”, analisa o médico, ao que Fernanda complementa: “os sintomas iniciais da meningite podem se confundir com os gripais, é preciso que os pacientes fiquem atentos”.
QUAIS OS SINTOMAS DA MENINGITE?
A infectologista do HSJ explica que as sequelas da meningite podem ser graves, uma vez que “são sintomas muito intensos dentro de um espaço fechado, que é o crânio”. Os efeitos, caso a enfermidade não seja tratada a tempo, podem levar à morte em poucos dias.
Os principais sintomas da meningite bacteriana são:
Febre alta;
Vômito;
Rigidez de nuca;
Manchas na pele;
Sensibilidade à luz;
Agitação;
Confusão mental.
O Ministério da Saúde descreve os sintomas das meningites por outros agentes causadores, todos basicamente semelhantes:
Sintomas de meningite viral: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vômito, falta de apetite, irritabilidade, sonolência ou dificuldade para acordar, letargia, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz).
Sintomas de meningite por parasitas: dores de cabeça, rigidez de nuca, náuseas, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz) e/ou estado mental alterado (confusão).
Sintomas de meningite por fungos: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz), e status mental alterado.
COMO PREVENIR A MENINGITE
A prevenção da doença, como apontam Ivo e Fernanda, deve ocorrer por meio da vacinação correta e atualizada das crianças. Para adultos infectados, a recomendação é o isolamento, uso de máscara e acompanhamento médico obrigatório.
Fonte: Diário do Nordeste
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