Foto de apoio ilustrativo. Autora: Rovena Rosa |
O Ceará registrou aumento dos casos de hepatites virais dos tipos B e C em 2022. Indicador foi apontado no Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), divulgado há uma semana, e traz um alerta no mês onde se realiza a campanha de prevenção contra a patologia.
A hepatite viral é uma doença que causa a inflamação do fígado e que pode ser provocada por cinco tipos de vírus, classificados como A, B, C, D e E. Cada uma dessas classificações podem ter diferenças em suas especificações e nas formas como são contraídas pelo organismo humano (veja quadro abaixo).
Boletim analisou dados da doença no Ceará entre janeiro de 2014 a maio de 2023. Foram 3.958 casos de hepatite viral registrados em quase uma década, sendo: 255 referentes a hepatite A, 1.621 a hepatite B, 2.068 a hepatite C, 11 a hepatite D e 3 a hepatite E.
Conforme pasta, os tipos B e C da patologia apresentaram queda da incidência nos "chamados anos pandêmicos" (2020-2021), em parte devido a subnotificação de casos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), causado pela "mobilização local dos profissionais de saúde".
Esse cenário, contudo, mudou em 2022. A hepatite B, por exemplo, que estava com taxa de detecção de 1,5 casos por 100.000 habitantes, passou para 2,4 casos por 100 mil habitantes naquele ano.
Em todo o Ceará, houve 220 diagnósticos desse porte no período. Fortaleza é o município do Estado que obteve o maior número de registros (125).
Já a taxa de detecção da hepatite C foi de 1,6/100mil em 2021 para 3,0 casos por 100.000 habitantes em 2022. Foram 280 diagnósticos na Unidade Federativa, sendo 149 desses registrados na Capital cearense.
Tipos de hepatite e transmissões
Hepatite A: ocorrem com mais frequência e são transmitidas principalmente por meio do uso de água ou alimento contaminado. Crianças e adolescentes são os públicos mais comum de contrair o vírus.
Hepatite B: principal meio de contaminação é por via sexual ou pelo contato com sangue e derivados. Mulheres grávidas que têm o vírus também podem passá-lo para o bebê durante a gestação.
Hepatite C: transmissão ocorre com mais frequência por meio do uso de material que tenha sangue (seringas, drogas injetáveis) e, com menos frequência, por meio de relação sexual ou de transmissão da gestante para o feto.
Hepatite D: ocorre mais na região Norte, principalmente na região amazônica, e está associada com a presença do vírus B da hepatite (HBV) para causar a infecção e inflamação das células do fígado.
Hepatite E: é transmitida principalmente por meio do uso de água ou de alimento contaminado. Sua incidência não é alta no Brasil.
Cláudia Ivantes, médica hepatologista, explica que a hepatite viral pode apresentar sintomas como coloração amarela nos olhos, urina escura e mal-estar. No entanto, quando o vírus já está no organismo há mais de seis meses (condição considerada como crônica), a patologia tende a ser silenciosa.
"Por isso é muito importante que o indivíduo esteja atento a essa doença, pois ele pode ser portador do vírus da hepatite B e C na sua forma crônica e não conhecer o seu estado (de saúde). É importantíssimo que ele faça pelo menos uma vez na vida o exame (para identificar a doença)", diz a profissional.
Ceará não atinge meta de vacinação da pentavalente
No mesmo ano em que o Ceará apresentou elevação no índice de detecção das hepatite B e C, o Estado não atingiu a meta de vacinação definida pelo Ministério da Saúde (MS) para a pentavalente, imunizante que fornece proteção contra o tipo B da doença e é administrado no público infantil.
De acordo com Boletim Epidemiológico divulgado pela Sesa, em relação a essa vacina o Estado atingiu Cobertura Vacinal (CV) de 86,6% em 2022. Meta recomendada pela entidade nacional é de 95%.
Antônio Lima Neto (Tanta), secretário Executivo de Vigilância da pasta de saúde, considera o índice atingido pelo Ceará como "razoável". Segundo representante, 43% dos municípios já estão atingindo a meta atribuída pelo Ministério atualmente, o que indica um bom índice de homogeneidade.
"(Estamos) saindo de quatro anos de negacionismo, em que houve uma propaganda importante de desinformação, de tentativa de descredibilizar a segurança, a eficácia das vacinas, então a gente tá em um momento de recuperação (...) Você teve impacto em praticamente todas as vacinas", analisa Tanta.
Embora considere que esse movimento teve influência negativa em grande parte das imunizações, o secretário avalia que há outros fatores que de fato têm impactado a vacinação. No caso da vacina da hepatite B, por exemplo, que é voltada para o público acima de sete anos, Tanta pontua que muitas pessoas não completam o esquema vacinal de três doses, necessário para fornecer a imunidade.
"Os indivíduos precisam tomar (a vacina contra a hepatite B), mas muitas pessoas pensam que só profissionais da saúde precisam tomar", diz o representante.
O secretário reforça que o Estado realiza estratégias para conscientizar a população cearense sobre a importância da vacinação, aproximando ações dos públicos alvos. Tanta ainda pontua que a trajetória para todas as vacinas no Ceará atualmente é de aumento.
Julho amarelo: Estado intensifica ações de vacinação
Neste mês, a Secretária de Saúde do Ceará (Sesa) está realizando uma campanha em alusão ao Julho Amarelo, voltado para a orientação, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais. Diversas ações devem ser realizadas pela pasta estadual buscando intensificar esses objetivos.
"É muito importante principalmente e sobretudo realizar e manter atualizada a caderneta de vacinação devidamente atualizada. Lembrando que também não somente as crianças, adolescentes, idosos, precisam também manter a vacinação em dia", diz Ana Karine Borges, Coordenadora de Imunizações do Estado.
"Nesse momento onde estamos no período de férias escolares, aproveitem a oportunidade, levem suas crianças, levem seus responsáveis a unidade de saúde mais próxima da sua residência, portando a carteirinha de vacinação com um uma identificação com foto e aproveitem esse momento para atualizar contra todas as outras doenças preveníveis com a vacina", orienta ainda a representante da Sesa.
Como se prevenir contra as hepatites virais:
Lavar sempre as mãos;
Consumir água tratada;
Evitar contato com esgoto aberto;
Cozinhar devidamente os alimentos;
Usar preservativo nas relações sexuais;
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear, alicates de unhas e escovas de dente;
Não compartilhar objetos que tenham tido contato com sangue, como seringa e agulha.
Fonte: O Povo
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