Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os Primeiros Resultados do Censo Demográfico 2022 para a População Quilombola. A pesquisa inédita apresenta as primeiras estatísticas oficiais sobre essas comunidades na história do país. No Cariri, o município de Araripe possui 311 pessoas quilombolas (1,57% da população do município); em Salitre, são 1.804 (10,85% da população do município), que o tornam município com maior número de quilombolas no Cariri, sendo o terceiro no ranking no Ceará e o que possui maior proporção de quilombolas em relação ao número de habitantes no estado.
Segundo o IBGE, há 15 territórios quilombolas no Ceará com algum tipo de delimitação. Até o momento, nenhum possui titulação oficial – eles estão no processo, a exemplo do Sítio Arruda, em Araripe/ Salitre, que possui 158 quilombolas. Além dele, existem outras comunidades que não estão em etapa formal do processo de delimitação. Dessa forma, a estimativa é que mais de 80% da população quilombola do Ceará (cerca de 19.360 pessoas) esteja fora de áreas formalmente delimitadas e reconhecidas.
Aurila Quilombola, da comunidade de Nazaré, em Itapipoca, conta que o estudo do IBGE representa mais fortalecimento para as comunidades. Ela é coordenadora nacional das comunidades quilombolas no Ceará, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). “Nós já temos essa luta, essa resistência. A gente não tinha, oficialmente, a contabilização de dados. Então representa mais fortalecimento, mais visibilidade e autoestima elevada dos próprios quilombolas”, afirma, ao destacar que considera que o grupo de quilombolas do Cariri é muito forte e atuante.
Como aponta Fábio Jota, analista censitário de povos e comunidades tradicionais no IBGE Ceará, o estudo demonstra e dá visibilidade à população quilombola, mostrando tanto onde ela está em cada município como seu número. “Isso fortalece muito na criação de políticas públicas e desenvolvimento de projetos em diversas áreas... Da cultura, da educação, da saúde. E também fortalece muito nessa luta pela terra, pela titulação de território, pelo processo, pelo reconhecimento. Isso faz com que essas comunidades não possam mais ser ignoradas pelo poder público em todas suas instâncias e que tenham que ser escutadas e fazer parte das políticas públicas”, finaliza.
Fonte: Jornal do Cariri
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