quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Ceará criará comissão para acompanhar os impactos do “Super El Niño”

Semiárido nordestino deve ficar ainda mais seco com a permanência do fenômeno. Foto: Cid Barbosa

O Governo do Ceará vai criar uma comissão para acompanhar os impactos que está sendo tratado como “Super El Niño”. O grupo será gerido pela Secretaria de Recursos Hídricos e pela Casa Civil. Segundo o governador Elmano de Freitas (PT), o Estado está com uma boa reserva hídrica, mas há preocupação para os próximos anos. “Tranquilizo a população de forma imediata, pois com o inverno bom de 2023, o Estado está com reserva hídrica boa. Mas tem preocupação para os próximos anos, se tiver sequência de seca de novo nos próximos anos. Tomara que não aconteça”, disse.


Nesta terça-feira, 20, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastre (Cenad) divulgaram na  um boletim com o objetivo de apresentar o monitoramento, previsões e os possíveis impactos do El Niño no Brasil em 2023. Conforme o documento, desde junho deste ano as condições observadas de temperatura da superfície do mar mostram um padrão típico do fenômeno. Conforme a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), as chances do El Niño se tornar um evento forte em seu pico é de 56%.


No último 13 de junho, o Ceará e demais estados do Nordeste criaram a Sala de Crise da Região Nordeste, por meio de uma reunião virtual. O objetivo é compartilhar a melhor informação técnica disponível sobre a evolução do El Niño, previsões climáticas, situação dos recursos hídricos e impactos observados, assim como discutir e encaminhar as medidas e ações necessárias para mitigar seus efeitos. A sala de crise será um ambiente de articulação entre as diversas instituições envolvidas na gestão de recursos hídricos do Nordeste durante o período de atividade do fenômeno climático.


SECA NO CEARÁ


No Ceará o último período de estiagem mais intenso foi entre os anos de 2012 e 2017. No primeiro ano do período, foi observado volume de chuva de 363.8 mm no acumulado do ano, cerca de 54,6% inferior à média, de 800.6 mm. Segundo a Funceme, apenas em 2018 o volume de chuva anual ficou “em torno da média”. Mesmo com as chuvas de 2023 – nos oito primeiros meses já foram registrados 795.8 mm de precipitação -, a situação para 2024 requer atenção. Antes do último período de seca, 2011 apresentou precipitação observada acima da média, em 997.6 mm. No outro ano, as precipitações ficou mais de 50% abaixo da normal.


Confira as precipitações dos últimos 13 anos:


2023: 795.8 mm (0.6% abaixo) *até setembro

2022: 1008.4 mm (26% acima)

2021: 690.5 mm (13.8% abaixo)

2020: 958.9 mm (19.8% acima)

2019: 829.6 mm (3.6% acima)

2018: 715.3 mm (10.7% abaixo)

2017: 668.3 mm (16.5% abaixo)

2016: 549.8 mm (31.3% abaixo)

2015: 523.3 mm (34.6% abaixo)

2014: 546.5 mm (31.7% abaixo)

2013: 548.7 mm (31.5% abaixo)

2012: 363.8 mm (54.6% abaixo)

2011: 997.6 mm (24.6% acima)

2010: 537.6 mm (32.9% abaixo)

2019: 1218.4 mm (52.2% acima)

2018: 925.5 mm (15.6% acima)

2017: 670.8 mm (16.2% abaixo)

2016: 760.8 mm (5% abaixo)

2015: 588.1 mm (26.5% abaixo)

2014: 1041.8 mm (30.1% abaixo)

2013: 837.9 mm (4.7% acima)

MÉDIA: 800.6 mm


FENÔMENO


No El Niño, as águas do oceano Pacífico sofrem aumento de temperatura, provocando alterações no clima, especialmente na faixa tropical do globo. No Brasil, o fenômeno climático costuma causar secas na Região Nordeste. O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Agricultura Familiar, Pecuária e Pesca, o deputado estadual De Assis Diniz (PT), destacou a preocupação na última terça, 19. “As previsões climáticas, infelizmente, são preocupantes, por conta dos efeitos que o fenômeno El Niño pode trazer para o Nordeste”, disse. “Nosso Ceará, que tem 92% do território no semiárido, pode vir a sofrer bastante com a seca”, explicou.


Por conta disso, o parlamentar reforça a necessidade de os agricultores familiares cearenses realizarem inscrições para o Garantia Safra 2023/2024 até o fim deste ano. O processo é feito nas comunidades e pode ser realizado pelos técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) e pelos representantes do sindicatos de trabalhadores rurais. O Garantia Safra contempla agricultores com renda mensal de até um salário mínimo e meio, quando tiverem perdas de produção em seus municípios igual ou superior a 50%, por seca ou enchentes.


Fonte: Opinião CE

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